Claro que todos podemos acreditar em coincidências, mas a verdade é que em todo o país apenas num estádio se obrigam os adeptos adversários a entrar passando por baixo de um viaduto, devidamente pejado de adeptos da casa guarnecidos com iguais calhaus para atirar, só nesse estádio um adepto fervoroso salta para o relvado para agredir o juiz de linha sem que nada aconteça, só nesse estádio se provoca deliberadamente um apagão da energia eléctrica que poderia ter causado o pânico em dezenas de milhares de adeptos e provocado uma catástrofe, só aí se pretende esconder a frustrante derrota ligando o sistema de rega sobre os jogadores vencedores, apenas aí se incendeiam os autocarros das equipas adversárias, é o único estádio que constrói verdadeiras jaulas para os adeptos adversários, que as inaugura num jogo de risco, que obriga os adeptos dos concorrentes a atrasar a sua entrada e só verem (mal e apertados) a segunda parte dos jogos, é o único que proíbe as idas às casas de banho, o único que albergava um paiol de soqueiras, bastões, armas diversas e estupefacientes a gosto, só aqui os stewards são incitados a ir onde não podem para espicaçar e agredir os jogadores adversários e só aqui se sovam barbaramente indefesos jogadores de hóquei.
Perante tudo isto, não me causa espanto que umas dezenas de cadeiras desse estádio entrem em combustão.
O que me espanta é a reduzida eficácia no combate ao fogo: seria tão difícil apagá-lo? Seria necessário o fogo atingir aquela dimensão? Não há câmaras de vigilância? Os seguranças estariam todos nos túneis armados com varapaus? Não se atacou de imediato o fogo porquê? — isso sim, deveria ser objecto de uma cuidadosa investigação.
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