ÀS ESCÂNCARAS: Uma coisa não podemos negar: o eng.º Fernando Santos, com o seu ar sizudo de pastel de gergelim, diz logo ao que vem. Não falo do precalço, digerível, nem da razia disciplinar, obrigatória. Refiro-me à leitura dos acontecimentos, feita naquele tom de polícia de giro, digna de um amblíope ensonado. Eu, como os meus amigos se recordam, já estava avisado.
posted by FNV on 11:29 da tarde
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MILAGRES: Uma das grandes vantagens da política é a facilidade com que faz aparecer qualidades insuspeitas nas pessoas. Mas, facto curioso, a atribuição dessas qualidades depende da zona ideológica. Se está à esquerda deve ser inteligente, se está no CDS gosta de velejar. É claro que há quem escape à taxonomia de algibeira - Garcia Pereira gosta de velejar e Cavaco queria "afundar as gravuras" - tanto quanto existem os que se esforçam por confirmá-la: "Beltrana e a paixão da leitura" ou " Sicrano na sua livraria favorita" são falcatruas que legendam, não raras vezes, nas revistas cuspinhentas, imagens de seres que ainda ontem usavam os calhamaços para equilibrar sofás.
MORAL DE OPORTUNIDADE: Por vezes, há circunstâncias mais ou menos aleatórias que nos incitam ao cumprimento dos nossos deveres. De há um ano para cá, persegue-me a ideia fixa de devolver todos os livros que não me pertencem.
O PACTO E OS PATOS: O recém anunciado pacto entre o PS e o PSD para a reforma da justiça, embora, objectivamente, possa vir a ser uma medida positiva, esconde a verdadeira reforma que prodigalizaria todas as outras: a reforma do sistema político. Hoje em dia, vivemos numa partidocracia podre em que, à custa de décadas de clientelismo, PS e PSD se vêm perpetuando no poder, com os resultados que todos conhecemos. Para além dos óbvios desastres na justiça, nas finanças, na educação e na saúde (falta alguma coisa?), esta tenebrosa partidocracia minou quaisquer laivos de cidadania que pudessem tentar o comum dos cidadãos. A quase total ausência de representatividade dos eleitos relativamente aos eleitores leva à quase total ausência de responsabilidade, et pour cause à impunidade. Tudo isto levou a que essa mesma realidade - que todos os que sabem ler e escrever percebem diariamente através da imprensa - provoque a total ausência de expectativas, total falta de confiança nas instituições - as quais, salvo raras excepções, não funcionam mesmo - e nas pessoas, levando ao refúgio num individualismo selvagem tipo "cada um por si", ou "salve-se quem puder". Em cada eleição, o eleitor vê-se confrontado com a extrema esquerda - cujos projectos passam pela eliminação da democracia - com uma direita confusa e com... os dois partidos do costume. E o voto em branco ou o não-voto são "não aquecem nem arrefecem" quem ganha. No fundo, o verdadeiro pacto existe há décadas: o "quintal" é deles e os patos somos nós. Para que não restem dúvidas, nada tenho contra vitórias eleitorais de PS ou PSD, desde que as eleições se traduzam em verdadeira representatividade/responsabilidade. Em que o voto "conte" e em que seja possível pedir responsabilidades aos eleitos. Acredito que um tal cenário potencie as reformas - como a da lastimável justiça - necessárias, evitando que estes pomposos pactos sejam apresentados como uma dádiva ou um favor ao país. No entanto, se tivermos de nos conformar com o facto da reforma do sistema político ser uma espécie de utopia, então... venham esses pactos! (Quac! Tenho dito!)
posted by Neptuno on 4:03 da tarde
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UMA CUNHA : É o que se deve meter ao PCP - quando este tiver arrumado o dossiê do terrorismo de estado dos voos da CIA - para pedir às FARC a libertação de Ingrid Betancourt. Devemos sempre aproveitar os conhecimentos dos especialistas em liberdade e direitos humanos.
posted by FNV on 10:55 da manhã
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PARABÉNS AO FCP: Não, não comi Amanita Pantherina recentemente. O FCP contratou o técnico de futebol Luís Castro para o sector de formação. Em cheio: o Luis Castro foi o único treinador que até hoje eu ouvi dizer ( e cumprir) isto: " Só culparei um árbitro por ter perdido um jogo no dia a seguir a ter reconhecido todas as situações em que beneficiei dos erros de outros árbitros ". Resta saber se o Luís vai ensinar ou aprender...
posted by FNV on 10:47 da manhã
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JORNALISMO DE REFERÊNCIA: A capa do Público de hoje traz em destaque a escuta de uma conversa na qual o presidente do Benfica negoceia com o presidente da Liga o nome do árbitro para um obscuro desafio organizado pela...FPF. O país pede desculpa por ( mais) esta interrupção.
QUANDO PASSAR A TORMENTA: Em geral, leio o João Gonçalves com gosto e proveito. Porém, toda a gente tem maus momentos, e este post destoa no Portugal dos Pequeninos. Não pelo título, evidentemente: às vezes é bom falar assim. Mas porque, ao contrário do habitual, as emoções levam o JG pelo caminho mais fácil. Mistura um caso concreto com a lei aplicável, fazendo do todo um bolo que leva à generalização do título: "vão-se foder" os magistrados que investigaram e decidiram, os técnicos da segurança social e quem fez uma lei que permite estas decisões. Creio que é este o sentido do desabafo. Eu não conheço os pormenores do caso e, por isso, não posso falar sobre a decisão. Mas, nunca tendo pertencido a um "gabinete", faço parte da "gente cinzenta e sem mundo" que projectou, durante dois anos, o tal regime "insano". E não estou preparado para "me ir foder" assim sem mais. Ao contrário do que o JG escreve, a lei vigente não trata os autores do homicídio em causa como "crianças em perigo". Esse era, de facto, o regime que vigorava até à entrada em vigor da Lei Tutelar Educativa (LTE - 1999), no domínio da chamada Organização Tutelar de Menores (1962 e 1978), que seguia um modelo de protecção absoluta (sobre isto, e sobre todo o problema da justiça de menores em Portugal e sua evolução, pode ver-se António Carlos Duarte-Fonseca, Internamento de Menores Delinquentes. A Lei Portuguesa e os seus Modelos, 2005). Aí, sim, era verdade que o sistema tratava os menores de 16 anos autores de "crimes", inimputáveis por força da lei penal, da mesma exacta forma que tratava os menores vítimas de crimes - nomeadamente, internando-os nas mesmas instituições. O que a Lei Tutelar Educativa pretendeu foi, precisamente, acabar com essa indistinção, separando, por via de princípio, os casos dos menores em perigo (vítimas de violências, abusos, abandono, etc.) dos menores de 16 anos responsáveis pela prática de "crimes", por se entender que o sentido das duas intervenções do Estado haveria de ser, em regra, diverso. Na altura da apresentação do Projecto, a LTE foi duramente criticada por vários sectores da justiça, nomeadamente pelas magistraturas, por - dizia-se - querer instituir um "código penal dos pequeninos". Valha a verdade, algumas dessas críticas vinham de quem nem sequer tinha lido o Projecto com o mínimo de atenção exigível. Claro que se pode discutir o modelo em que assenta a LTE, semelhante ao de muitas outras leis europeias contemporâneas (p. ex., a espanhola). Há, seguramente, quem pretenda regressar ao modelo de protecção e à sua justiça opaca e não procedimentalizada, e ao poder arbitrário dos agentes do Estado sobre a vida das pessoas. Haverá outros para quem se deveria acabar, pura e simplesmente, com o limite etário da inimputabilidade, para assim se poder aplicar penas criminais aos menores, seguindo o modelo inglês - quem não se lembra da condenação, num tribunal criminal comum, de Jon Venables e Robert Thompson, de 10 anos de idade, a penas de prisão perpétua por terem morto James Bulger, de 2 anos? Tendo sido libertados aos 18 anos, ambos estão sujeitos a uma life licence (uma espécie de liberdade condicional perpétua). Tudo se pode discutir - quando cessarem os estados de alma e, sobretudo, sem que alguém tenha, necessariamente, que "se foder".
posted by PC on 2:36 da manhã
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TOP MAIS: A guarda de corpo, talvez devido à ausência de abotoaduras de ceroulas, anda aflita com um top de blogs que por aí deu à costa. Pois bem, aqui na nau - e julgo falar em nome de todos os marinheiros -, o único top que nos tira o sono é dos figos: do Algarve ou roxos de Alcanhões? Pingo-de-mel ou reboludos de S. João da Pesqueira? Quem souber que nos avie.
FUROR ARDUUS: O bom do Lucrécio não temia as feras, mas receava a as ingenuei fontes que renovam os mares e alimentam os rios. De onde vêm elas? Pergunta bem, o aluno de Cícero, talvez excessivamente corrigido. Estes velhos sabiam-na toda. De onde vêm as fontes? Da pura maldade e da pura bondade, arrisca este vosso copista distraído. Fonte poderosas, que tanto espirram uma mesa inesperada em noite de chuva como introduzem um tubo de ferro no rabo de um puto de seis anos. Depois, muito depois, escrevemos sebentas infectas e explicativas, nas quais o tubo é a mesa e o garoto faz chover.
posted by FNV on 8:45 da tarde
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QED: Como se pode verificar no post do meu caro CAA sobre o jogo de ontem, no www.blasfemias.blogspot.com, a anti-scolarite aguda não estava relacionada com o calor de Évora ou com as ausências de Quaresma e Baía. Têm a fase de qualificação para destilar: depois é um bocadito mais difícil...
1) O terrorismo é uma área de classificação subjectiva, e reversível consoante os cínicos interesses das sociedades capitalistas. 2) O terrorismo não se combate com balas, pois tal tornar-nos-ia iguais aos terroristas. 3) O terrorismo não se combate com políticas securitárias que têm como único resultado a diminuição da liberdade dos cidadãos. 4) O terrorismo tem a sua origem na miséria provocada pelas ricas sociedades ocidentais. 5) O terrorismo é uma invenção da América e dos seus lacaios. 6) O verdadeiro terrorismo é o do Estado. 7) O terrorista combate pela liberdade. Dele.
posted by FNV on 12:19 da tarde
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CABEÇA FRACA: Uma "especialista em igualdade de género" ( é assim que é identificada) escreve hoje no Público "que nunca percebeu por que motivo o esforço de transportar coisas difíceis" - à cabeça, por exemplo - fosse "tarefa do que se chamava sexo fraco". À especialista não ocorre que nesse tempo e nesses lugares não existia "sexo fraco"; que essa classificação é absolutamente urbana, política e intelectual; que a gramática da igualdade de género colide, por vezes estrondosamente, com a simples realidade.
FINLÂNDIA vs. PORTUGAL: Há jogadores na nossa selecção (um em particular) que são tão incomparavelmente inferiores aos seus colegas que se torna muito difícil compreender como é que foram ali parar.
posted by Neptuno on 7:21 da tarde
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CIVILIZAÇÃO: O que separa Portugal dos países civilizados não é a corrupção (aparentemente) reinante mas sim a forma como se lida com ela. Também há corrupção na Alemanha, na Inglaterra, na França ou nos Estados Unidos. Mas, naqueles países, quando se descobrem situações passíveis de acção criminal em regra geral as instituições funcionam e os responsáveis são castigados. Em Portugal é o que se sabe. E, se olharmos especificamente para o futebol, as transcrições das escutas telefónicas que são publicadas nos jornais são tão elucidativas que até dói. Mas, "normalmente", correspondem a processos... arquivados! Acrescendo a esta justiça de fantasia, a censura social também parece não existir o que me leva a pensar tratar-se de um fenómeno socialmente aceite e não susceptível de reprovação. Se olharmos novamente para o futebol, basta ver que os actuais protagonistas já por inúmeras vezes nos últimos vinte anos viram ser publicadas as suas conversas (supostamente) comprometedoras com árbitros. E daí?
BOA "CAUSA NOSSA": Dois posts no Causa Nossa. O de Ana Gomes sobre a eleições no Congo, sem bushite aguda, 100% de acordo; o de Vital Moreira, sobre a negociação de Israel com os terroristas do Hezbolah: obviamente que sim, que se negoceia, VM tem toda a razão. Já há tempos deixei - não sei onde - em jeito de comentário que Israel não tem feito outra coisa. Negociar com o inimigo é a segunda profissão mais velha do mundo ( a primeira é tentar acabar com ele).
posted by FNV on 8:31 da tarde
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"MANDA QUEM PODE, OBEDECE QUEM TEM JUIZO" : Na página 26 do DN de hoje. Uma boa máxima.
posted by FNV on 3:39 da tarde
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FOGO QUE ARDE SEM SE VER: Agora, cada "ignição" no Gerês tem de ter pela RTP cobertura televisiva extensa. Mesmo que o fogo seja curto e a pressão imensa.
posted by FNV on 12:45 da tarde
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VERTIGINOSO: O tempo. É um susto tremendo. Passa à nossa frente mas não há forma de o agarrar. Com sorte, ainda vamos ter de explicar quem era o Agassi - e não o Amadejinad!
posted by Neptuno on 1:01 da manhã
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PEARL JAM: É curioso que uma banda norte americana que passa uma imagem alternativa seja o melhor exemplo da hedionda globalização. O povão canta as músicas do princípio ao fim e, abstraindo-me de uma bullshit analítica, a letra não é fácil. Sempre achei constrangedor assistir a espectáculos de figuras mainstream em Portugal em que o público só conhece duas músicas e pouco mais (exceptuando os da moda a dado momento), deixando os artistas a falarem sozinhos. Os Pearl Jam, graças a Deus, têm aqui uma legião de fãs que torna memorável qualquer espectáculo desta banda. Foi quase tão bom como há seis anos no Restelo. Bem hajam!
CANTANDO & RINDO (III): Na Jordânia, esse alfobre de imperialistas agressores do Iraque, um turista morreu e outros cinco ficaram feridos. Parece que um intrépido iraquiano disparou sobre os vulturinos estrangeiros, cuidando, num acesso de epilepsia geográfica, estar a defender o solo pátrio.
posted by FNV on 12:04 da tarde
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A PESADA MÃO: O selo automóvel - este ano, electrónico - que tardou, mas cujo atraso acabou por ser pago pelo incauto automobilista; a regularização do IRS que resultou em multa porque os correios se engasgaram; as matas do Estado que arderam enquanto este dedicava coimas aos particulares que não limparam as suas; este país em que ser rico é quase tão difícil como ser honrado, já dizia o grande Fialho.
posted by FNV on 11:41 da manhã
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COMO EL MISMISIMO DIÓS: Blasco Ibañez desenha a cena no seu romance Touros de Morte ( tradução portuguesa provavelmente dos anos 30, curiosa pela mescla de termos taurinos). Juan Gallardo está a vestir-se no hotel, perto da praça. Coloca a faixa de seda e a montera, perfumando-se com tal fragor "que chegavam a caluniar-lhe a integridade do sexo". A certa altura, entra o dr. Roiz, o médico de muitas cornadas. Personagem envolvida no anarco-republicanismo, colunista no Nacional e crente "na revolução vaga e tremenda que havia de vir". Gallardo pergunta-lhe, zombeteiro, por ambos ( a revolução e o Nacional). Roiz não se fica: - E a ti que te importa, mariola? Deixa em paz o pobre Nacional ! A ti, o que te deve interessar é continuar matando touros como el mismisimo Diós.
O GALO DE BARCELOS vs. O RATO DE TEERÃO: O verdadeiro "galo" de Barcelos é o facto da FIFA ser talvez a única organização mundial que, do ponto de vista do "enforcement" das suas decisões, realmente funciona - do ponto de vista da corrupção, parece ser igual a qualquer outra. Entretanto, em Teerão e já em fase pós-ultimatum, a ONU bem se esforça por convencer a rapaziada a abandonar o programa nuclear mas, o melhor que ouviu foi um apoio ao cessar fogo no Líbano. Em termos comparativos, seria o mesmo que o Sr. Blatter vir falar com o Sr. Fiúza (tarefa complicada...) e voltasse para casa cheio de perdigotos, com manifestações de simpatia para com a despromoção de Plutão e com a promessa de que o clube não voltaria a contratar contínuos de outros clubes.
posted by Neptuno on 11:49 da tarde
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CANTANDO & RINDO (II): O dr. Naik, citado no post anterior, está no caminho certo. Leio no www.albawa.com que um americano, Adam Yehiye Gadahn, apareceu ontem - com Al-Zawari a fazer a introdução - num video da al -Qaeda ( essa coisa inexistente produto da imaginação de belicistas impediosos) apelando à conversão dos seus compatriotas: " Time is running out so make the right choice before it's too late " .
posted by FNV on 9:24 da tarde
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CANTANDO & RINDO: No passado mês de Agosto, o dr. Zakir Naik, presidente da Islamic Foundation Research com sede em Bombaim, esteve em digressão pela Inglaterra. O dr. Naik propõe a execução de muçulmanos que rejeitem o Corão e retrata os americanos como " pessoas que vivem e se comportam como porcos". O dr. Naik fez seis conferências, uma delas em Cardiff, no âmbito da digressão profeticamente intitulada Educating The Educators. Uma elitista escola privada ( daquelas que tanto incomoda o "Bloco" em Portugal) , a Al Khair ( www.alkahair.org.uk) , que prega a tolerância mas não admite as turmas mistas - imagine-se em Portugal o que não diria o "Bloco" - , patrocinou a vinda do sinistro personagem. Um autarca galês defendeu-se da crítica dizendo que "é necessário manter as melhores relações com a comunidade muçulmana de Cardiff". Não duvido; desde que a cabeça continue em cima dos ombros
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.