1) Miguel Sousa Tavares , no Expresso, sobre Nunes Correia. 2) O trabalho da revista Visão sobre o fabuloso ( no sentido literal) mundo dos deputados-advogados. O caso de Guilherme Silva é muito interessante, mas suspeito que ninguém se vai interessar muito : nem por esse nem pelos outros.
posted by FNV on 8:03 da tarde
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UM CONTRIBUTO:
É uma pena que as Cassandras a gasóleo não tenham avisado o dr. Cavaco sobre o que aí vinha quando ocorreu o bloqueio da Ponte 25 de Abril:
"(...) as forças políticas da oposição procuravam aproveitar-se do descontentamento resultante do aumento das portagens, apostando na instabilidade e confronto social, por forma a desgastar o governo e o PSD. Houve mesmo políticos que chegarm a pensar que o governo tinha perdido o controlo da situação e que o poder estava na rua." ( Cavaco Silva, Autobiografia Política, vol.2 pp461)
Depois das dulcíssimas entrevistas a Sócrates e a Pinto da Costa, a SIC vai entrevistar Fidel Castro. Eis o guião:
1) Então parece que há sol em Cuba? 2) Os charutos continuam bons? 3) Essa saúde como vai? 4) O embargo americano é responsável pela prisão de poetas, não é? 5) Os que dizem mal de si são despeitados, não são?
posted by FNV on 12:00 da tarde
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O BORDEL CONDICIONADO:
Vasco Pulido Valente, o incensado, explica hoje aos pavlovianos de serviço ( para os quais uma crítica ao documento da SEDES é necessariamente uma loa ao governo) que "as meninas não reformam o bordel". Pode ser que aprendam.
Uma psicóloga diz na Visão que qualquer palmada dada a uma criança é sempre uma violência que é um sinal de escalada torcionária. Dei sempre palmadas ( no rabo e nas mãos ) aos meus filhos quando eles eram pequenos e nunca dei conta que isso me tivesse transformado num nadziratel ou tornado a minha casa num kontslager. Uma irmã minha que não seguiu a linha familiar ( é química) costuma dizer que as crianças pequenas devem ser tratadas como os cachorrinhos: muito carinho, regras simples e umas palmadas nas alturas certas. Não é, portanto, uma relação de poder que está em causa ( apesar de já haver psicólogos para cães). Desde que os meus filhos cresceram nunca foi preciso dar-lhes uma estalada. Sabem comportar-se à mesa, sabem viajar de automóvel, sabem estar numa sala de aula. Aprenderam, na altura certa, o essencial sobre as boas maneiras. Tudo isto levou muito tempo, muitas horas juntos, muita algazarra, muitas beijocas pelo meio. Eles fazem - e farão - asneiras como todos os miúdos, mas são livres: conhecem os limites que ultrapassarão quando quiserem e suportando as consequências dos seus actos. Não foram criados num mundo imaginário.
Fui promovido a "alto comissário". Isto é tudo muito bonito, mas já estou como os Mamonas Assassinas: "Me passaram a mão a bunda/ pum pum pum / e ainda não comi ninguém/pum pum pum ". Não deixa no entanto de ser espantoso - e revelador do clima actual - que o simples facto de eu criticar um documento me garanta uma sinecura tão ilustre.
Adenda: só agora reparei ( levo estas coisas descontraidamente) que o João diz aos seus leitores que "pelos vistos eu acredito piamente em planos tecnológicos, simplex e novas oportunidades". Apesar de ser um anónimo leopardo da província, ainda escolho em que é que acredito ou deixo de acreditar, e nunca escreviuma linha laudatória sobre esses assuntos. Refreie lá o "pathos", meu caro João.
Este documento é uma antologia de banalidades e bem fez o sr. Pinto, na televisão, ao justificar a sua génese: "A partir da opinião publicada, dos líderes de opinião e da conversa de rua". É, de facto, um sinal de "crise social": a importância dada ao "documento".
posted by FNV on 4:14 da tarde
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ODI ET AMO (LXXII):
A gratidão é um sentimento caído em desgraça. Muitas vezes olhada com suspeição, frequentemente com desprezo ou, pior, com espanto. Os mais novos acham que o mundo é deles, os mais velhos entendem que o mundo lhes deve uma vida de dedicação. Uns e outros tratam a gratidão como as hienas tratam um moribundo. O Directório do Culto de Westminster ( século XVII) avisava os fiéis que era preciso cantar com a Graça no coração. De facto, a gratidão não é cerebral. A Graça que recebemos não é nossa - pelo menos no sentido em que um carro ou um presunto é nosso -, é um elemento que só faz sentido se partilhado. O hoshiana hebraico, mais do que aclamar Cristo ( hossana) , significa um pedido ( a Deus) de salvação. Para todos. O desuso da gratidão poderá significar a descrença na salvação; mas também poderá valer pela fé racional na nossa omnipotência. O que é muito pior.
A "sólida" e "anti-demagógica" srª Clinton está a prometer que se for eleita começa a retirar do Iraque em 6o dias, porque "encontrou na rua uma chorosa mulher que lhe pediu para trazer o marido de volta".
posted by FNV on 2:27 da manhã
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O NOVO PARTIDO BENFIQUISTA:
Deixo aqui uma sugestão a Manuel Alegre e a Medeiros Ferreira : retomem a gesta gloriosa do Partido dos Melhoramentos Materiais. Como sabem, este partido, nascido de uma coligação entre regeneradores e progressistas, esteve na origem do governo ( 1865) de Joaquim António de Aguiar ( com Casal Ribeiro, Fontes Pereira de Melo e outros ilustres benfiquistas). É o que o SLB necessita. O Benfica precisa tanto de vós como o PS.
O problema nem é o sr. Vieira, porque depois dele virá outro bertoldinho com a mania que sabe de futebol ( o sr. Jaime Antunes já espreita): a Luz tem sido, e continua a ser, um útero de azarotados. O Luís Filipe, a sua simples permanência, também não é o verdadeiro problema. Há anos que vejo desfilar laterais de igual têmpera: Hadrioui, Scott Minto, Rojas, Dudic, etc. O problema também não é o sr. Camacho, que joga com o que tem e apenas difere do eng.º Santos na garra que incute aquele bando de adamados. O problema é a vaidade arrivista que se respira nos camarotes da Luz. Essa vaidade tem impedido o aparecimento de uma direcção sóbria, desintoxicada, e desprendida.
CAMACHO VOLTA A ACERTAR: No emocionante embate de hoje contra o antepenúltimo classificado da Bundesliga, o génio espanhol da Luz mostrou que não é por acaso que treina o Benfica. Esperou que as coisas começassem a correr definitivamente mal para fazer saltar do banco os dois homens que haveriam de marcar os golos (o primeiro saiu dos pés do "tractor a pedal"), deixando embasbacados seis milhões de benfiquistas. Quem sabe, sabe.
Os velhos do campo não lamentam as rugas, as estrias, a barriga. Tão pouco choram os bons tempos da verga obediente ou a solidão. Lembro-me de um beirão da Sertã, alto e branco ( parecia o Cunhal), que vivia num lugarejo deserto. Só tinha dois desgostos: a filha ter-se divorciado e o olival estar abandonado. O divórcio da filha foi para ele uma vergonha, mas o olival abandonado era mortal. Sentava-se horas a fio, numa cadeira à porta da casa, sem forças para erguer uma enxada. Mirava o olival arruinado. Toda a sua vida, sem sentido, estendia-se diante dos seus olhos enraivecidos.
1) Na entrevista a Sócrates os jornalistas foram timoratos e macios. Alguns, como o João, vergastam, e bem, essa macieza e aludem a mais. Amais? Mas os jornalistas não são uns bravos e intrépidos defensores da verdade? Estou confuso.
2) Como costuma dizer o Nuno Mota Pinto, somos um país muito pequeno onde toda a gente se conhece. Sem dúvida, mas não é necessário estar sempre a sublinhar essa fatalidade. Do cimo da sua árvore, o leopardo da parvónia, sempre com carne suficiente, observa divertido a luta entre os blogo-assessores e os seus inimigos figadais.
posted by FNV on 8:32 da tarde
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BETTENCOURT, SEMPRE:
Mistérios a pouco e pouco vão morrendo, e extenuados de vigília os anjos são afinal as sussurrantes sibilinas vozes que desvendam adivinham segredos atrás de sentinelas cuja ferocidade é uma ironia da ternura...
Na palidez da luz, cercando uma velha cabeça, a quem um sono de embrião já tolda os olhos, sorriem enigmáticos os sonhos.
"Daqui Raquel Alexandra em directo da sede do PCP" ( a repórter da SIC-N depois de recolher a opinião de Zita Seabra sobre a entrevista do PM).
posted by FNV on 10:06 da tarde
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THE CHEIAS AFTERMATH:
Se bem entendi, Sócrates acaba de despedir o ministro do Ambiente: " Era o que faltava andarmos agora a atribuir culpas. O governo vai trabalhar com as autarquias".
posted by FNV on 10:00 da tarde
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O MIDAS DE GAIA:
"Desmantelo o Estado em seis meses "e "não fecho nenhum serviço público na próxima legislatura" ( Luís F. Menezes).
posted by FNV on 1:00 da tarde
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A POEIRA LIMPA:
Agora que o assunto - o escândalo das assinaturas de Sócrates - está a morrer, talvez seja bom recordar algumas coisitas:
1) De tudo quanto foi dito pela opinião séria, registo que neste país de "corruptos/serventuários/incompetentes" existe uma classe intocável e geneticamente superior: a dos jornalistas. Toda a gente mete as mãos no fogo por eles. Fico descansado.
2) Temos um PM que se licenciou a um Domingo, que assina projectos de colegas encobrindo ilegalidades e que recebeu subsídios indevidos. Ninguém exige a sua destituição. Estou esclarecido.
posted by FNV on 11:13 da manhã
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BETTENCOURT, SEMPRE:
Tubarão anda no mar como anda o mar no universo. Grande bicho, que mais não quer ao mar do que o mar o quer a ele. Trata apenas de si, devora tudo quanto encontra no caminho das águas. Come os irmãos e há-de um dia devorar o mar. Assim lhe dita todo o instinto da sua mastigação, que o mar deve estar nele inteiramente, e não ele no mar...
Um bom professor do ensino secundário passa o dia na escola e muitas noites a preparar as aulas: agora vai ter de se dedicar a uma burocracia ingente. Mas a ministra, talvez porque passe a imagem de rigorosa - ou severa - , e porque tem a benção de Cavaco, só conta com os protestos dos professores. Os valentes cronistas e bloggers que passam a a vida a desancar na piolheira estão mais preocupados com os currais de vacas que o PM assinou nos anos 80. É uma opção.
A falta de organização do futebol do Benfica começa a ser lendária. Mítica, até. Uma jogada normal ( sem o Maestro) começa num chutão do Luisão, passa por um ressalto no cérebro do Binya ( é assim que se fazem os mitos), segue com uma correria desenfreada do Cebola e acaba com o Cardozo a estorvar o Makukula que se estorva a si próprio. Não pensem que isto se consegue do pé para a mão.
Algo vai muito mal no Benfica quando o Nuno Assis, o Luis Filipe e o Luisão são os melhores em campo. Imaginem que Mendes Bota era o mâitre à penser do PSD e Nunes Correia o melhor ministro: também não gostavam, pois não? Tenho andado a pensar em quem Vieira vai queimar para o ano. Talvez o Wanderlei Luxemburgo.
posted by FNV on 10:07 da tarde
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BETTENCOURT, SEMPRE:
O que desejo causa-me desgosto. O que desejo não amo. - É um relâmpago o que desejo, breve passando no meu gosto
E o meu amor anda bem longe do meu desejo.
( O Momento e a Legenda, 1917-1930)
posted by FNV on 3:27 da tarde
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COISAS BOAS DO PORTO:
1) A reedição de Temas Clássicos na Poesia Portuguesa ( Verbo 2008), dessa Senhora que é Maria Helena Rocha Pereira. Horácio e Correia Garção ( cuja inspiração estóica já aqui em tempos discuti), António Ferreira ( uma descoberta para mim) e o seu Virgílio e, surpresa muito agradável para o historiador das drogas, um pequeno capítulo dedicado aos Colóquios de Garcia da Orta.
2) Noutro plano, de Maria do Carmo Carvalho, Culturas juvenis e novos usos de drogas em meio festivo (Campo das Letras 2007). Este trabalho insere-se na escola portuense de Luis Fernandes e das sua equipas que estão sempre a mexer. Colaborei recentemente com esta gente e pude confirmar, embora os ache ainda muito presos a uma ideia antiquada e politizada da toxicodependência ( contestação/anarquia e etc), que são a melhor escola nacional de investigação na área.
posted by FNV on 11:41 da manhã
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PICANDO OS BRAÇOS:
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.