Quando se discute na praça pública é preciso frisar bem aquilo que está em causa. Aqui é a abjecta violação continuada por seres miseráveis de diversas crianças que foram entregues ao Estado. O mesmo Estado que estranhamente se permite ponderar tirar os gordinhos dos filhos aos pais menos atentos à sua dieta. Para quê? Para os entregar graciosamente aos que têm por estranha dieta violar os mais anafadínhos?
Aquilo que aquelas e muitas outras crianças sofreram é inimaginável para a maioria dos portugueses mas a maioria dos portugueses sabe bem que se tamanha canalhice fosse feita sobre os seus filhos a justiça seria feita pelas suas próprias mãos. E era provavelmente muito mais rápida.
Nós não sabemos se aqueles condenados são culpados,imaginamos até que há muitos mais responsáveis, mas sabemos bem que existem inúmeras vítimas, inúmeras crianças indefesas que, entregues ao Estado, entregues a nós, foram miseravelmente violadas durante décadas.
Dizem uns quantos que mentiram. Mas que interesse teriam essas crianças em mentir? Não há dúvida de que foram molestadas, violadas, massacradas, que razão existiria para denunciarem – não os verdadeiros violadores mas – outras pessoas?
Essas crianças não têm cara, não as conhecemos, não sabemos quem são porque não aparecem na televisão, não conhecem gente importante, mas sabemos que são crianças, que eram crianças, que foram crianças até serem abusadas pela canalha. Imaginemos então que eram as nossas. (cont.)
posted by VLX on 11:20 da tarde
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NA PRAÇA PÚBLICA:
Geralmente prefiro não comentar processos judiciais em curso ou colegas no exercício da sua actividade mas o que tenho assistido de há 24 horas para cá tem-me deixado baralhado.
Seis arguidos foram condenados (a única absolvida irá seguramente votar Sócrates até ao fim da vida, em agradecimento pela alteração das normas) em Tribunal por um colectivo de juízes na sequência de um demorado julgamento através do qual puderam apresentar toda a defesa que queriam, centenas de testemunhas de defesa, milhares de documentos, repetindo perícias às vítimas, com toda a liberdade e garantias que o Processo Penal Português confere aos arguidos em desfavor das vítimas. Enfim, segundo as regras.
Das decisões de que não se gosta ou com as quais se não concorda recorre-se. Contudo, no momento imediatamente a seguir à leitura da sentença, vi alguns dos meus colegas a proferirem afirmações que, no mínimo, não são muito respeitosas para o colectivo dos juízes. Embora discorde da atitude sou capaz de perceber a sua irritação e postura mas já compreendo menos bem que advogados que não tenham tido intervenção no processo e não o conheçam venham dizer que as penas aplicadas são exageradas. Advogados que respeito e de quem gosto muito.
Vi, depois, com igual espanto, os arguidos a calcorrearem as televisões, a desfazerem-se em entrevistas, conferências de imprensa, a opinarem em todo o lado, alguns até criando sites e divulgando na net as partes do processo que lhes interessam (espero que sem revelar os nomes das vítimas, o que seria uma atitude miserável).
Ouvi coisas extraordinárias, como ameças incompreensíveis e uma alusão discreta de que a Casa Pia tinha muitos imóveis (que interessa isso?), ou de que a culpa de tudo isto adviria do facto de nesses colégios se juntarem alunos de classes altas e baixas, fomentando nos últimos vontade de possuirem os mesmos bens dos primeiros (e quê? Obtê-los pela prostituição? Pagos pelos ‘utilizadores’?)
Perante esta rebaldaria, fico com a impressão de que os próprios querem discutir a coisa na praça pública e que isso é perfeitamente legítimo. Então seja.
Uma ressalva. Não conheço o processo nem nenhum dos intervenientes. Não conheço as peças (processuais, entenda-se), o acórdão, ou sequer os fundamentos. Não sei se a decisão é boa ou má, exagerada ou leve, e muito menos se os arguidos são culpados ou não.
Nada mais sei do que aquilo que vem na comunicação social e que agora os arguidos pretendem discutir na praça pública.
posted by VLX on 10:54 da tarde
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PRESIDENCIAIS:
Vejo no Correio da Manhã (pág. 41) que, no dia 4 de Setembro de 1980, Ramalho Eanes confirmava a sua recandidatura à Presidência da República. Se bem me recordo, essas eleições realizaram-se a 6 de Dezembro, muito antes do dia em que agora se realizarão. Se assim é, porque razão tanta gente se incomoda por o actual Presidente ainda não ter dito nada?
posted by FNV on 3:52 da tarde
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TAMBÉM É JORNALISMO:
Essa coisa que tem muitas caras. Pode ser a da louvaminhice. A descaradada a um presidente angolano ou a encoberta um candidato a primeiro-ministro português. Depende.
posted by FNV on 3:02 da tarde
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LE CIRQUE DU ENGENHEIRO:
Como domesticar um urso e um ouriço? Esperando que o ouriço lance o urso na corrida a Belém e depois apoiando o urso.
posted by FNV on 11:40 da manhã
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O DIÁRIO DE BAZAINE (IX):
Tal como um navio não deve usar apenas uma pequena âncora, a vida não deve assentar numa única esperança. Têm tentado adoçar Epicteto, mas ele não gosta de Dom Rodrigos. Uma única esperança, um único propósito de vida. A professora de liceu gorducha e divorciada que vive para o filhinho, a economista jovem e agressiva que não se casa enquanto o pai não a amar, o pedreiro que só descansará quando estiver dentro da sua casa com as dívidas lá fora. Tudo bom, tudo perigoso. Uma única esperança assemelha-se demasiado a uma ordem aos deuses.
Diz-me um rouxinol que não falta muito para um conhecido género de notícias começarem a sair e para certas pessoas começarem a exigir investigações a determinado tipo de instituições.
posted by FNV on 7:49 da tarde
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JUÍZES DO PROCESSO CASA PIA CONDENADOS PELOS ARGUIDOS!
posted by FNV on 11:22 da tarde
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Figos frescos que desconhecia e que agora partilho convosco. Ora reparem na primeira escuta: Valentim Loureiro ameaça um observador. Como é que o presidente da Câmara de Gondomar pode banir um observador? Só mesmo o dr.Ricardo Costa, essa procelária assassina, para achar isto nauseabundo. O resto é a música de sempre.
posted by FNV on 11:01 da tarde
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E QUEM FALA ASSIM NÃO É GAGO:
posted by FNV on 7:09 da tarde
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RECÉM-MAMÃ ACUSADA DE CRIAR AMBIENTE HOSTIL AOS MÉDICOS DA MATERNIDADE!
Uma parturiente foi acusada pela equipa de médicos de uma maternidade portuguesa do interior de ter criado um ambiente hostil durante o parto e com isso ter perturbado o trabalho dos "profissionais" do ramo. Alegadamente, a senhora gritava muito, "em voz alta, com postura agressiva e em estado de grande exaltação", não só durante o parto mas também quando era para o quarto encaminhada pelo pessoal de enfermagem.
Segundo as nossas fontes, "a linguagem utilizada — inteiramente inaceitável —, o estado de grande exaltação e o facto de se ter dirigido aos médicos em alta voz concorreu para um ambiente hostil em volta da operação do parto, numa palavra, perturbou as condições de normalidade em que o mesmo devia decorrer".
Os médicos terão declarado que, em consequência do comportamento da parturiente, se sentiram perturbados, tensos, nervosos, e que só queriam terminar as suas obrigações e sair dali, qualificando o ambiente criado como susceptível de ser causador de erros na operação de recolha da criança. Diz-se que um deles já nem sabia bem o que estava ali a fazer, tendo ficado completamente desnorteado.
Tendo sido contactada a família, foi por esta confirmado que a parturiente estava com imensas dores por causa da criança e que realmente terá gritado bastante e utilizado alguma linguagem menos elegante, que geralmente nem usa. Mas mamã e bebé estão bem de saúde, nada tendo ocorrido de grave.
Correm rumores de que instituto dependente da administração central pretende sancionar a mamã sem a ouvir e sem lhe conceder o direito de discutir a decisão nos tribunais portugueses.
O Mar Salgado não conseguiu confirmar nenhuma destas aberrações.
posted by VLX on 5:05 da tarde
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A BOLA É QUADRADA...:
Começa o desespero. Logo à terceira jornada. Isto promete.
posted by VLX on 4:39 da tarde
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ÉPOCA 2010/2011:
Com o desnorte repetido, constante e metálico, mas , a bem da inteligência , parece-me que ANL tem razão: não se começa uma negociação cedendo no essencial. Esse é, aliás, um factor recorrente na percepção que o cidadão comum, como este vosso blogger, tem do relacionamento PSD-PS. O que sabemos é que o projecto de poder ainda não acertou no registo de negociação com a maioria. Isto suscita insegurança ( ver aqui, também via CC) nas pessoas e afecta o processo de vinculação às ideias da minoria.
O difícil é ser justo e tolerante com um miúdo quando estamos cansados e aborrecidos e não o mimarmos qundo estamos eufóricos. Quando eles crescem ( a partir dos 8-9 anos) já é outro campeonato, mas até lá, do ponto de vista da disciplina, é como com os cachorros: carinho e regras independentes dos nosso humores.
posted by FNV on 1:00 da tarde
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O DIÁRIO DE BAZAINE (VIII):
A morte repentina de crianças pequenas é de uma doçura rara. Não a temeram, não falaram dela, não deixaram escritos. Num dia corriam, gargalhavam e incomodavam os pais, no outro estão dentro de uma pequena caixa branca. A inocência, essa asa enorme, só pode ser pressentida. Sim, é uma morte regimental. Tudo o que fizermos depois será apesar de.
With a variable key you unlock the house in which drifts the snow of that left unspoken. Always what key you choose depends on the blood that spurts from your eye or your mouth or your ear.
( in Von Schwelle zu Schwelle, 1955, trad. de Michael Hamburger)
posted by FNV on 3:10 da tarde
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Note-se que algumas das alegações finais não estão correctas. Não são "os muçulmanos" que não fizeram o corte com o projecto daquela época. Indonésios, marroquinos e moçambicanos não têm nada a ver com isso. É uma imbecilidade que dá argumentos aos idiotas e aos admiradores do homem de bigode.
Seguiam Henrique Galvão e Teodósio Cabral no rasto de outra caça quando o pisteiro olha para o chão e diz de olhos arregalados: Quimanda !( rionoceronte). O cozinheiro que nesse dia acompanhava os caçadores solta uma gargalhada abafada: "Quimanda é o patrão!".
posted by FNV on 11:07 da manhã
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O DIÁRIO DE BAZAINE (VII):
Pequenita como um periquito, desempregada como uma portuguesa, licenciada como uma mulher moderna. Casou há um par de anos. Acordou no outro dia a meio da noite e constatou que tinha sonhado outra vez com ele. Já faz tempo que dançamos o fandango: amor ou obsessão? Já vi de tudo, nunca me decido. Suponho que as cinco da manhã nos levam para Górdio. O nó resiste.
Qual é o clube que empresta mais jogadores aos outros participantes na Liga? Quais foram, afinal, as súbitas e estrondosas razões que levaram Moutinho, numa manhã de nevoeiro, a declarar ser impossível continuar a jogar pela lagartagem? Qual é o clube cujos adversários "não têm a certeza" se converteriam os penalties que o árbitro se esqueceu de marcar? Qual é o clube que em todos os jogos tem beneficiado , suave e discretamente, de erros de arbitragem apagados pelo efeito Roberto? Qual é a SAD que tem na Liga um seu ex-administrador como presidente , um sócio com camarote cativo como presidente da Comissão de Disciplina e uma adepta fervorosa como directora-geral ?
Os benfiquistas estão a dormir, os seus representantes nos media pastam como bois mansos e a direcção anda entretida a enriquecer o Atlético de Madrid.
Hulk tem vindo a demonstrar que o último nunca poderá ser recordado de outra forma que não como "o campeonato do túnel". Que falta ele fez. A propósito, já agradeceram ao Sr. Costa?
Ainda em tempo: com tantos frangos no papo, acham mesmo que já podem cantar de galo só por causa de uma defesa? Típico de águia prontinha para ser depenada. Este ano vai valer a pena.
Provavelmente o melhor gelado do mundo, seguramente o melhor na classe dos de pauzinho. Uma pequena injecção de vodka torná-lo-ia perfeito.
Por qualquer estúpida razão foi retirado do mercado. Por qualquer compreensível razão retornou. Por qualquer estupidez incompreensível, regressou apenas de forma limitada. Muito limitada.
Pelo que muito rapidamente se esgotou e se tornou difícil de encontrar. Para grandes males, grandes remédios. Comprou-se uma mala térmica, reuniram-se os rapazes e triangulou-se entre Arraiolos, Montemor e Évora. Calcorrearam-se todos os cafés, esplanadas, tabacarias, tascos, mercados e vendedores de mota: em dois dias conseguiu-se reunir 73 exemplares (já descontando os que se foram comendo), para o que contribuiu em muito uma pouco prometedora banca de jornais à saída de Évora que tinha lá 26 guardadinhos. O resto das férias estava assegurado.
posted by VLX on 3:50 da tarde
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O DIÁRIO DE BAZAINE (VI):
Não sabem o que é (só) ambicionar coisas que não dependem de humanos? E tão simples. Ainda ontem um conhecido historiador terminava a sua crónica ( textos de despedida?) explicando que somos todos produtos do acaso. É apenas um começo. Ao longo de anos a ouvir histórias de pessoas, e a cuidar da minha, constatei que ambicionar ferozmente o que depende dos outros, e de nós, é um javali mágico.Como os velhos vikings, comemos e nunca nos saciamos. Pode ser um deus, podem ser mil, pode ser uma força distante que nos vigia através das borboletas. O importante é que não a controlemos e nos sintamos pequenos e irrelevantes - só assim a ambição perde o seu efeito tóxico.
Gide escreve a Valery ( 28 de Abril de 1918) sobre os tempos difíceis: (...)mais ne somme-nous pas comme les roses; nous n'avons jamais vu mourir de jardiniers. Il y a toujours un jardinier. Uma boa imagem esta, a de um jardineiro que vai lentamente compondo o jardim. Cortando e regando, regando e cortando. Ernst Thalmann ( num discurso proferido na sessão plenária do Comité Central do Partido Comunista da Alemanha, a 19 de Fevereiro de 1932) apoiava-se em Estaline para caracterizar o SPD e os nazis como gémeos. Thalmann acusava a pequena burguesia de esquerda de ser a principal base de apoio , e factor transformador, do fascismo hitleriano( sim, este termo exacto). Trago esta leitura porque parece disparatada nos dias de hoje, mas reflecte um elemento tradicional na análise do percurso dos projectos inovadores. Em tempos de perturbação, os quadros ideológicos esbatem-se em favor de valores primários. A segurança, a direcção, o cortar a direito. Trabalho de jardineiro, pois então.
É Wassyla Tamzali, que certamente apoiará a iniciativa, mas faz mais. Advogada argelina, ex-directora da ONU ( direitos das mulheres), feminista, escritora. Muçulmana. O título do post é o título do seu livro ( Gallimard 2009). E é um livro zangado. Wassyla não vai em futebóis. Foulard, niqab, lapidações, proibições de tomar banho de mar em biquini: tudo é , simplesmente, um quadro de subjugação da mulher. Wassyla irrita-se ( e muito) com a extrema-esquerda europeia (e com alguma esquerda dita moderada) que usa o pretexto da estigmatização do Islão para aceitar o aviltamento feminino. Recusa o argumento do racismo, do apoio de pró-israelitas e da islamofobia e pergunta se as mulheres muçulmanas terão de esperar pelo nascimento do estado palestiniano para poder começar a viver . Quanto aos adeptos do multiculturalismo* e aos soldados do laicismo ( em França, sobretudo), Wassyla considera-os cúmplices do estado de coisas. Diz que o foulard e o hijab não são escolhas nem adereços, são instrumentos de dominação masculina inseridos numa lógica mais vasta e implacável. Diz que não há comparação entre um crucifixo ao pescoço e um foulard. Pois é, mas vemos frequentemente pretensas confusões como esta, que tanto irritam Wassyla. É que a nossa argelina, ao contrário da doutora branca europeia, sabe a diferença entre cobrir os ombros para entrar num templo ( e poder criticar isso) e ter um templo dentro da cabeça. Irritada, muito irritada, a Wassyla. Quando este vosso escriba , ao longo dos anos, utilizou argumentos iguais aos de Wassyla, foi , não raras vezes, apelidado de islamófobo. Tenho pena de não poder ter a Wassyla aqui em directo e ao vivo. Gostava de ver o filme.
* Vão ver o "multiculturalismo" às vossas banlieues, diz Wassyla.
posted by FNV on 12:01 da tarde
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STASIS BENFIQUISTA:
1) Estou a escrever a minha crónica da Ler, que será sobre o grande Roth ( o Joseph) cuja escrita obedecia a um princípio essencial: o que é pequeno foi feito para parecer enorme. Esta é a definição de Pablito Aimar. Veste-se normalmente, é pai de família e recusa a ostentação. No campo, como ontem, foi uma equipa inteira. Pena é que tenha a resistência e a força de um bebé. Não faz mal, os bebés também crescem.
2) O presidente do Fóculporto , numa entrevista ao Expresso, disse não saber quanto ganha. Isto apesar de só ter um emprego e, portanto, um só ordenado. Com gente assim, escutas não servem: são necessários polígrafos.
3) Pessoas que confundem o futebol com o chinquilho ( ver última página do Record de hoje) ganem pelo regresso ao 4x4x2. Não compreendem, coitadas, que esse sistema só resulta com bons laterais no apoio aos alas. Quando não jogam Maxi e Coentrão, de nada serve termos os melhores extremos do mundo. Que não temos.
4) Já falhámos mais passes no meio campo este ano do que em toda a época anterior. O Roberto e os alas não jogam no miolo, pois não?
5) Também no Record, de hoje, Costinha diz procurar soluções para o grupo. Um indivíduo altruísta.
6) A Briosa acaba de perder em Aveiro por causa de "uma atitude sobranceira," diz a insuspeita RUC. Ah sim? Deixaram o espírito guerreiro e a agressividade na Luz, foi?
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.