Eu, se fosse diferente do que sou ( concessão à liberdade positiva de I. Berlin), também gostaria de saber se o dr. Rangel vai ficar no PE. Se bem me lembro, perguntaram isso a Mário Soares.
posted by FNV on 10:31 da tarde
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OS TERRAMOTOS SÃO CONTRA-REVOLUCIONÁRIOS:
Leiam isto *. Este homem - que manda intimidar os escritores que chegam ao aeroporto de Caracas - é a esperança de grande parte da esquerda europeia e americana. E por que não haveria de ser? Essa mesma esquerda não esperou imenso de Pol Pot, Mao, Hoxha, Béria, Castro, etc? Chavez não mata nem criou campos de reeducação. Até é um upgrade.
E está todo contente. E recordo outros tempos, mais duros e directos. Claro que não há comparação: nas ditaduras as rádios censuravam por medo, hoje é pelo prazer de lubrificar.
posted by FNV on 5:33 da tarde
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STASIS BENFIQUISTA:
1)Este meu caro amigo ainda há pouco tempo, coitado, acreditava na "estabilidade". Eu bem lhe disse que palavras compostas não fazem parte do léxico do sr. Vieira, que, se bem se recordam, despediu o engenheiro Santos na 1ª jornada. Agora amanha-te
2) Estão sempre a dizer que um clube tem de ser gerido como uma empresa. Qual a empresa que, depois de ter entregue 24 milhõe de euros a um director, permitiria que esse mesmo director ficasse no cargo depois de
a) ter contratado à pressa ( o sr. Vieira estava em Angola e fazia lá muito calor) um treinador pela internet ( Eriksson, Fatih Terim e uma mão cheia de italianos disseram "não")? b) ter conseguido preparar uma época sem um lateral direito ( por acaso lembro-me que isso aconteceu ao Brasfesmes em 87/88)? c) ter ido buscar um suplente da equipa de reservas do Real Madrid por 4 milhões de euros ( em Madrid há hoje um novo significado para a expressão "cortar el bacalao")?
3) Amanhã pode ser dia de festa para o sócio do FCP n.º 17.599.
Dizem-me que existem centenas de pedidos ao Provedor de Justiça para que este peça ao Tribunal Constitucional a apreciação da constitucionalidade de dois dos principais artigos da nova Lei de Vínculos e Carreiras da Função Pública. Desta lei resulta a conversão da figura de funcionário público em trabalhador contratado por contrato individual de trabalho. Não havendo Provedor, e há muito tempo, a Lei está alegremente em vigor sem ser incomodada.
Até porque recorda que MMG , no caso do "bufo", se limitou a utilizar o mesmo critério - e a mesma palavra - que MP utilizou para descrever os magistrados que se queixaram de Lopes da Mota. Na altura também recordei isso na caixa de comentários do 5 Dias. Não nos tomem por parvos. Ainda mais.
posted by FNV on 12:01 da tarde
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UMA BOA REGRA:
Os magistrados judiciais, no exercício das suas funções, comunicam por despachos, sentenças e acórdãos. E aí se justificam e fundamentam devidamente as suas decisões, boas ou más, certas ou erradas. Parecia-me uma boa regra.
posted by VLX on 11:50 da manhã
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ISTO VAI CORRER MAL...:
O candidato do PS já deveria saber que quem cospe para o ar se arrisca muito a levar com a bisga de volta. Imagine-se que o PSD resolve começar a associar o PM e o PS à bandalheira total que é o caso Freeport e todas as suas obscuras ramificações e a exigir que o PS «se pronuncie sobre essa vergonha»?
posted by VLX on 11:46 da manhã
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TORPOR ANIMI (VIII):
Era o João dos Santos que dizia que não suportamos a tristeza numa criança. A tristeza verdadeira, não a da birra. O João dos Santos enredava-se numas complicadas explicações psicanalíticas sobre a autonomia dos miúdos. Talvez sim, mas prefiro outras. Uma criança pequena que está apenas triste e que olha pela a janela sem vontade de fazer nada. Incomoda-nos? Claro. Crescemos convencidos de que a nossa infância foi um tempo de rigolade e despreocupação. Tiram-nos isso e tiram-nos tudo.
Aquele que muitos consideravam facínora, merecedor da prisão preventiva que lhe foi aplicada, passou a ser tido por pessoa da maior credibilidade a partir do momento em que disse o que queriam ouvir.
Não deixa de ser caricato verificar que os socialistas aplaudem tão entusiasticamente o abandono, por parte de Dias Loureiro, das funções que exercia — aparentemente apenas na sequência (ou mera coincidência) das declarações de Oliveira e Costa, arguido no caso e em prisão preventiva —, e mantêm no cargo Lopes da Mota, cuja notícia de actuação suspeita tem origem no próprio Ministério Público.
Até ver, Dias Loureiro só é acusado por Oliveira e Costa; Lopes da Mota é acusado (ou, pelo menos, investigado) pelo próprio Ministério Público.
Os socialistas aplaudem as atitudes de ambos. Um sai, outro fica. Em que ficamos?
posted by VLX on 1:02 da tarde
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RENÉ CHAR, SEMPRE:
Devant les responsabilités du poème, sans hilarité, j'aime a croire le poète capable de proclamer la loi martiale pour alimenter son inspiration.
( Moulin premier, 1935-1936)
posted by FNV on 12:31 da tarde
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O QUE TEMOS DE ATURAR:
No CM de hoje, Solange F., " ex-apresentadora da SIC Radical que no ano passado assumiu a sua homossexualidade":" Sabem porque é que 86% das mulheres portuguesas se masturbam? Porque eu não posso estar em todo o lado". Se um macho latino dissesse uma coisa destas, lerpava logo com uma dezena de processos ( de índole vária) porque estaria a menorizar as mulheres. Não vejo a hora de estas minorias oprimidas poderem casar e ter filhos. Talvez ganhem tino.
Toda a gente interessada em desfiar o novelo BPN? Todos, não. A SIC continua a abrir telejornais com a "menina Alexandra". Se - e quando - Dias Loureiro começar a cantarde memória, que menina vai valer ao dr. Balsemão? Nessa altura haverá muita coisa para analisar e o até o Freeport parecerá uma brincadeira de crianças.
Lá como cá, mas que passa por ser cosmopolita, informada, aberta e modernaça. A parte da perícia psiquiátrica é uma herança de outros tempos.
posted by FNV on 12:12 da manhã
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COMISSÃO DE SERVIÇO (II):
O ar galhofeiro, os risinhos, as piadinhas, as boquinhas cheias de sandezinhas. O clima da comissão parlamentar de inquérito é um bom retrato da nossa cultura: temos vergonha de ter vergonha. Longa vida a estas comissões, uma vez mais.
"Não está muito longe da doença aquele em que apenas se louva o estar bom" ( Tácito, Diálogo dos Oradores). Pois não, mas o que nos morde é esse "apenas estar bom". Quando é que estamos apenas bons? Na lucidez, evidentemente. A nossa condição , sempre precária, é um sinal. Sabendo-a, namorando-a, estamos perto.
Vasco Pulido Valente, um homem do sistema, desdenhava, no outro dia, das comissões parlamentares de inquérito. Antes desdém que porém.
Adenda: a SIC, curiosamente, abriu o telejornal com a gimnospérmica problemática da menina russa. E continuou.E já lá vão cinco minutos e continua. "Inspiração resistida", parafraseando o José Pacheco Pereira, a um certo PSD?
posted by FNV on 7:11 da tarde
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TORPOR ANIMI (VI):
Não há nada que não seja triste. Quando fechas o livro e adormeces, aguarda-te um carrossel de pesadelos; uma manhã ensolarada promete um calor de ananazes. Os beijos da pequenita quando chegas a casa? Falta pouco para eles serem apenas uma recordação piegas.
Fui lá ver ao Youtube, mas adormeci na introdução. Ainda assim fiquei com vontade de ouvir uma cena de sax islandês cantada em kiswahili a enquadrar um rancho de Trajouce.
posted by FNV on 11:52 da tarde
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OS MORTOS DE BOTICAS:
PSD em campanha. Como o vinho. As mesmas caras, as mesmas carreiras, a mesma cantilena. Fico na árvore e faço muito bem.
posted by FNV on 1:15 da tarde
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PORTUGAL ROYALE (III):
Um território pequeno - que parece por vezes enorme quando Lisboa decide quantas vinhas são arrancadas em Valpaços -, muito conservador e pouco patriótico. O patriotismo é o oposto do conservadorismo, pois exige mudança, é a ponte entre o passado e o futuro ( Orwell). A nossa anomia e a nossa resignação exibem um conservadorismo radicado no medo da mudança. A pobreza, por estranho que possa parecer, ajuda a esta disposição. Herculano ( em 1841) dizia que a nossa circunstância especial era a de sermos excessivamente pobres, e assim vivermos abraçados à pobreza e à esperança vã do que fomos, não havendo voz que valha a persuadir-nos. Herculano sublinha a saudade de uma época brilhante, o arrasamento industrial e a miséria pública. E remata: "Cumpre-nos aceitar com ombridade, isto é, resignados e resolvidos a recuperar com o trabalho o que perdemos com o ócio." Herculano define a confusão da matriz: resignados com a perda, mas resignados a recuperar dela. Caminho pedregoso. O elemento depressivo e a neurastenia egótica entregam ao primeiro chefe de banda que aparece a condução da coisa pública. Esta delicadeza não parte da vontade de mudar, antes da de seguir e obedecer.
Não me parece, caro Manuel. Não conheço nenhum felino que se albarde como vulgar besta de carga nem que salte - para trincheiras ou para a piscina - à ordem. Decerto falta-lhes o sentido do dever. E, talvez, o da oportunidade.
Ana Gomes dizia no outro dia que viaja muito, férias faz em casa. O link prova que se de uma pessoa com mundo pode fazer-se um viajante, o contrário, estranhamente, nem sempre é verdade.
Se o homem fosse conhecido na extrema-esquerda portuguesa como, por exemplo, o Dzerzhinsky da Brandoa, estaria apenas a tentar financiar a revolução que há-de libertar os oprimidos.
No tempo do comunismo, a tese era parecida: eles vivem melhor assim, se houvesse eleições eles acabariam por escolher a foice e o martelo, etc. A tese ressurgiu agora e adaptada ao Islão: não tentemos pôr os muçulmanos a viver como nós, respeitemos as diferenças, não tentemos exportar a democracia, etc. Acontece que "eles" já querem a democracia. Só que não podem.
posted by FNV on 3:19 da tarde
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PORTUGAL ROYALE (II):
Estamos assim, pobres. Somos uma sociedade constituída por uma maioria de pessoas que não possui nada. O carro não é nosso, a casa não é nossa, até as férias são a crédito. Somos donos do cão, das galinhas, das calças que vestimos. Somos inquilinos de uma minoria de proprietários. Estávamos na crença e na anomia, passemos à depressão.O bacalhau é um bom exemplo da nossa condição psico-geográfica. Fizemos de um recurso longínquo o prato nacional, porque não tínhamos meios para explorar a costa nem indústria para ocupar a população do litoral. Tal como aconteceu com os bascos - nosso companheiros na aventura - , os navios bacalhoeiros eram destinos ambulantes de emigração ( chegou a haver*, entre 1520 e 1525, uma colónia de pescadores de Viana instalada na Terra Nova). Salazar, depois da PIDE ter tentado amaciar os grevistas, decretou uma requisão civil em 1937: todos para o mar e em força. A aceitação, deprimida, da pobreza é irmã da anomia e só sobrevive pela crença. Em que acreditamos? Hoje, pelos vistos, nas novas tecnologias e na assinatura de protocolos. Estamos por isso bem preparados para a crise: não nos trará nada de novo.
Dizia La Rochefoucauld que se nunca encontraram o ridículo num homem é porque não procuraram bem. Alguns homens poupam-nos o esforço.
posted by FNV on 1:07 da manhã
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HERBERTO HÉLDER, SEMPRE:
Era uma vez toda a força com a boca nos jornais: e vinham os mortos com sapatos leves, roendo maçãs. Caminhavam balouçando entre as linhas secas dos necrológios, como se a lua lhes tocasse nos cabelos vivos ainda para números de semanas.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.