Sim, sim, conhecido pela assinatura nos libretos de Strauss ( seis se não estou em erro) , mas muito mais do que isso. Programador cultural ( Festival de Salzburgo), militar, político e, dizem as más-línguas, até agente secreto. Morre, em 1929, com um AVC hemorrágico , dois dias depois do suicídio do seu filho mais velho. A seu tempo, noutra série, a correspondência com Rilke. Para já: a abertura do poema dedicado a Josephine von Wertheimstein ( tradução de Jean-Yves Masson). Um poema do derrube:
Devons-nous venir les mains vides Comment le vent du soir, vide, étranger, De même les mains vides, vers ceux Qui nous sont plus chers quiconque?
O Expresso dá conta da existência de um "gueto" cigano em Beja. Aplicando as teorias sobre os guetos judeus que li na blogosfera portuguesa (iguais às dos marxistas Badiou style) , os ciganos estão em guetos porque querem, porque não sabem conviver em paz com outras culturas e ainda beneficiam com isso. Faz sentido: judeus e ciganos não foram poupados por nazis e soviéticos. Não têm lealdade orgânica.
Para a candidatura de Alegre, o pessoal de 90 anos está na meia idade e ainda consegue deslocar-se à secção de voto. Assim talvez chegue ao tal milhão de votos.
posted by FNV on 1:21 p.m.
#O SOCIALISMO NA PONTA DOS DEDOS:
Isto não é assim tão preocupante e até pode vir a ser divertido. Os bem pensantes dizem que os miúdos com bons resultados escolares são os filhos das famílias ricas. Ora, neste campo - o ensino da masturbação - a coisa abre possibilidades curiosas. Se tudo correr bem, no futuro, as meninas e os meninos ricos serão os que melhor se acariciam, desprezando a pequeno-burguesa prática coital. Isto talvez leve à extinção das famílias ricas e, por conseguinte, ao verdadeiro socialismo.
posted by FNV on 9:41 p.m.
#Dr. K. A. MORE (VIII):
" Agora que me livrei do meu marido, que o meu filho está encarreirado e que tenho a casa que sempre quis, sinto-me mal : ansisosa, por vezes triste. O que se passa?".
Muitas coisas. Quando finalmente temos o que sempre quisemos, já não somos os mesmos. Ou seja, os nossos desejos têm prazo de validade. Lembra-se do misto de alívio de irritação que sente quando a sua companhia chega finalmente, mas atrasada? Há mais. Tendemos a afixar nos outros partes da nossa incompetência. Depois, quando os pretextos se afogam, ficamos surpreendidos porque a praia permanece suja. Casas, carreiras, amores? É tudo menos denso do que a noite. Adormecer sem medo é a receita , mas é muito difícil: é necessário estar disposto a perder tudo.
posted by FNV on 8:51 p.m.
#PODIA SER SOBRE O ROCK:
A praxis dos canalhas. O que aconteceria por cá se os revolucionários, muito francos, libertários e cultos, largassem os seus empregos de publicitários e professores e fizessem a revolução.
posted by FNV on 12:29 p.m.
#A ÚLTIMA SÉRIE (XVII):
Benjamin recorda a infância em Ibiza. Conheceu uma pessoa que viveu o período mais ordenado da sua vida quando era mais infeliz. Rio-me como os chacais quando leio por aí os ( e as) idiotas que arrumam Benjamin na simples prateleira dos intelectuais marxistas. Uma ajuda a Benjamin. A infelicidade mineral, a de lei, ordena a nossa vida? Claro. Os super-arquivos, os cemitérios ( a infelicidade comprovada) e os álbuns de fotografias ( a infelicidade disfarçada), são a prova irrefutável.
posted by FNV on 11:10 p.m.
#A LER ( link não disponível):
O Pedro Lomba e a sua " A arte de crescer", hoje, no Público. A primeira parte exige conhecimentos específicos e institucionais que não me são completamente familiares, mas a segunda está impecável.
posted by FNV on 1:33 p.m.
#COZINHA CONTRAMOLECULAR (II):
O bacalhau para os bolos tem de ser apenas escaldado e, crucial, esfregado violentamente num pano grosso. Só assim o gadídeo fica seco e esfiapado. A minha proporção: uma parte de batata para duas de bacalhau. Nos restaurantes fazem ao contrário, ou pior, excepto no Varandas do Cávado, em Esposende. Num próximo número, a epistemologia do bacalhau à Brás.
posted by FNV on 12:14 p.m.
#COZINHA CONTRAMOLECULAR (I):
O arjamolho faz-se com pão duro em pedaços, orégãos, tomate, sal natural, alho, azeite e vinagre. Não leva água e deve ser entretido com azeitonas do sr.Paixão . Se, na varanda, ou no jardim, houver poejo, o céu fica a um metro.
posted by FNV on 12:05 p.m.
#ESPERO QUE NÃO TENHAM GOSTADO:
posted by FNV on 11:13 a.m.
#Dr. K. A. MORE (VII):
" Estou com 71 anos, sozinha, o meu marido morreu no ano passado, o meu filho está no Canadá. Mal me consigo mexer, já quase não vejo ( cataratas nas vistas), uso fralda e tenho dores em todo o corpo. Querem enfiar-me num lar. Só quero morrer, só me resta morrer".
É verdade. Sofre. O que está para vir é ainda pior. Prolongámos a vida dos humanos, mas retirámos a humanidade à vida. Você podia ser hoje a matriarca de uma grande família, com filhos e netos à sua volta; podia morrer com açúcar, na sua casa, na sua terra, com os seus cheiros e as suas cores. Sobrevivendo, você demonstra como as coisas poderiam ser.
posted by FNV on 10:43 a.m.
#COM TODA A CERTEZA, E A CRISE VAI AJUDAR:
posted by VLX on 12:46 a.m.
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(6) comments
A VERDADEIRA CORNETA DO DIABO:
Até simpatizo com a bola e as diversas competições, não só aquelas em que o FCP entra mas também com as outras. Só que por uma vez estou farto disto e isso deve-se apenas a uma corneta inacreditável que seguramente ser hediondo criou e a que criaturinhas hediondas aderiram. Oiço na televisão, na rádio, na vizinhança, no silêncio das serras dos passeios de mota um ensurdecedor barulho de trompa que não imaginaria ao Falópio. Disseram-me que em reportagem da SIC até os jogadores se queixavam da imbecilidade. Inteiramente de acordo. Raio de coisa.
Admito que àquele que se tenha limitado às aulas de Português Técnico lhe falte o mais vulgar vocabulário, mas dizer-se que não encerrar escolas com menos de 20 alunos “seria criminoso” é coisa que deveria fazer reprovar o maior cábula do canto mais recôndito do país. Fazê-lo com auxílio do argumento da economia, então, isso sim, é verdadeiramente criminoso.
Quando no Estado Novo se andou a construir escolas pelo país inteiro, essa medida não foi seguramente economicamente sustentada, mas era devida às populações que existiam no interior. Hoje, retiramos-lhes as possibilidades de aí viverem. Que interessa o município xis andar a pagar pelos nascimentos, se o Estado não dá aos pais escolas para os filhos serem ensinados? Se o país prefere reunir as crianças numa camioneta e fazê-las passear horas até as reunir numa imensa escola longe de casa? Se prefere deixar morrer o interior?
Sabugueiro e Santana são duas localidades simpáticas entre Montemor e Arraiolos, duas terras onde se diz que irão encerrar escolas, duas terriolas onde me desloco variadas vezes e onde compro, no comércio local e para o ajudar, tudo o que tenham para me vender e me faça falta nas temporadas em que lá estou. Faço-o, por vezes pagando conscienciosamente mais do que noutros estabelecimentos maiores existentes relativamente perto (em Montemor e Arraiolos), para ajudar a população local e manter o comércio, as gentes, a população, a vida. O meu contributo é reduzido, seguramente, mas o Governo socialista não quer fazer nenhum. Isso é que é criminoso.
Num país em que qualquer par de jarras numa cerimónia qualquer inventada consegue reunir televisões, rádios e jornais de todo o tipo, surpreende que a procissão das velas realizada por 40 a 50.000 crentes na baixa do Porto, a 31 de Maio, não tenha sido noticiada no Público.
É público que sou defensor, adepto, leitor diário do Público, mas fiquei, durante toda a semana, estupefacto com a omissão noticiosa: 50.000 pessoas realizam uma procissão no centro da segunda cidade do país, e isso não merece uma nota de rodapé no jornal que leio?
Um leitor, Miguel Alvim, foi mais expedito do que eu e queixou-se ao Provedor do Leitor do Público, José Queirós, que achou naturais as explicações do jornal, uma coisa mais ou menos assim à Sócrates: não tinham sido informados nem oficial nem particularmente. Não teria sido uma omissão deliberada mas pura "ignorância", que se manteve a semana toda. O Público diz ainda que não noticia procissões (não vão confundi-lo com um jornal de bairro...), mas... 50.000 pessoas no centro do Porto?!? Não é notícia?!?...
Confesso, a favor do Público, que preferia que o jornal tivesse admitido não achar importante que cinquenta mil pessoas católicas tivessem ‘desfilado’ no centro do Porto a admitir a ignorância e desconhecimento. Era até mais credível o registo tendencioso, pelo menos para quem acompanhou as reportagens da vinda de Bento XVI a Portugal.
Mas o Público preferiu dizer que não sabia, que não o avisaram. Mas só publica as notícias que lhe mandam previamente? As que recolhe na Lusa? Isto é explicação que se dê? Fulano despista-se na A1 mas não avisa antecipadamente o jornal, Beltrano faz-se explodir em escola secundária e não avisa previamente o jornal – isto não é noticiado? E quando o Publico leu a notícia nos jornais, nos outros jornais, nos que estiveram atentos, também não achou relevante contar a coisa aos seus leitores? E nem repreendeu os seus repórteres pela omissão? Juntam-se 50.000 pessoas no Porto e nenhum soube? Estava tudo a dormir? Que raio de gente trabalha ali?
O Provedor do Leitor (do Público, Domingo, 6 de Junho), supostamente condescendente, acha que houve “apenas ignorância”. “Não se sabia, não se podia adivinhar” (critério que deita por terra toda a informação noticiosa sobre o 11 de Setembro, só para evidenciar o ridículo...). Considera também que a Igreja Católica não divulgou bem a procissão e acha que deve rever os seus “métodos de divulgação noticiosa”.
O Provedor do Leitor do Público não está a ver bem a coisa: a Igreja Católica reuniu, sem divulgação, 50.000 pessoas no centro do Porto, segunda cidade do país. O Público, cuja tirada média diária de Abril é de 50.456 exemplares, não disse nada sobre o assunto aos seus leitores.
Dever-se-á concluir que se todos os leitores do Público saíssem à rua, sem avisar, isso não seria notícia?
O Público é muito mais do que isto e o público do Público merecia e está habituado a muito mais. Jornal e Provedor deveriam estar mais atentos.
E no Dragão Caixa, uma espécie de vala fétida com cestos e redes. E parece que os golfistas, os Tiger Woods da Cedofeita, só berravam o nome do SLB. Fizeram bem, sempre lavam a imunda gorja. Só falta um.
*conforme o prometido ( não incluía basquete)
posted by FNV on 10:59 p.m.
#A ÚLTIMA SÉRIE (XVI):
A 14 de Fevereiro de 1949, Ezra Pound foi galardoado com o Bollinger Prize de poesia por um júri que incluia Auden, Lowell, Eliot entre outros. Por causa do papel desempenhado por Pound no regime de Mussolini, foi pedida a opinião de alguns escritores - Orwell não se fez rogado e deu-a na Partisan Review de Maio desse ano. Orwell começa por aceitar que a Fundação Bollinger goste da poesia de Pound. Depois recorda uma emissão radiofónica na qual Pound aprovou o massacre de judeus na Polónia (e noutros países de Leste) e avisou os judeus americanos "que podiam esperar pelo mesmo." Orwell não comprou a tese de um Pound "louco", tese essa que valeu ao galardoado saltar da prisão para o St. Elizabeth's Hospital em Washington: aquelas palavras, bem como muitas outras, não eram as de um lunático. A opinião de Orwell foi, portanto, clara: que a Fundação distinguisse a integridade estética e a decência comum, mas que não desculpasse a carreira política de Pound com base na sua carreira literária. É um bom princípio que se pode aplicar, invertendo os termos, a Manuel Alegre: que uma eventual carreira política de sucesso não desculpe uma poesia indigente.
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