LOUÇÃ ACUSA II: Há coisas que não consigo compreender. Passo os olhos pela imprensa e quase ninguém se manifesta contra o facto de um líder partidário, deputado à Assembleia da República, afirmar claramente que o Presidente da República cedeu a interesses e tomou uma decisão irresponsável. Que diabo! Eu também não gosto muito deste Presidente da República mas é o que temos, é nosso, representa o nosso país e sobre ele não podem ser ditas coisas destas impunemente. É preciso que alguém chame à perna o Dr. Louçã e o faça pedir desculpa pelo que disse, retirar essas afirmações ou, em alternativa, o faça responder por elas. O que não pode acontecer é que o Dr. Louçã diga coisas destas sobre o Presidente da República sem que ninguém se ofenda. A não ser que passemos a considerar o Dr. Louçã como um inimputável.
posted by VLX on 11:57 da tarde
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OS PEIXES DO MAR SALGADO: Nº 2: O PEIXE PALHAÇO: Tal como havíamos previsto na ficha anterior, hoje é dia de vos falar do peixe mais alegrete do oceano: o Peixe Palhaço (Balistoides Conspicillum, Bloch & Schneider, 1801), também conhecido por Porco Palhaço.
Este peixe exibe uma escamagem de coloração única, uma espécie de cruzamento entre os balões dos Santos Populares e os bâtons Dior. É um solitário e gosta de adejar vaidosamente por entre os recifes onde habita. A sua aparição em público causa grande comoção, especialmente junto das fêmeas, mesmo que de famílias ou ordens diferentes, pelo que é, desde sempre, um dos peixes mais procurados para fins de entretenimento. À semelhança da generalidade dos peixes, come sobretudo durante a noite e encandeia-se facilmente com focos de luz intensa.
É um peixe de águas superficialíssimas (1-75 metros), sendo muito interessante notar como o seu aspecto pujante e espalhafatoso se vai esbatendo progressivamente à medida que desce em profundidade (conferir aqui, deslocando o cursor à direita da imagem). Ao contrário do que se possa pensar, este facto nada tem que ver com o peso do cérebro, que oscila entre os 814 e os 1020 miligramas.
A associação da Rémora com o Peixe Palhaço é muito difícil e, a prazo, está condenada a desfazer-se, porque a primeira tende a crescer mais do que o segundo (tamanhos máximos, respectivamente, de 150 e 50 cms.).
A próxima ficha tratará do simpático e inofensivo peixe cego das grutas.
posted by PC on 7:30 da tarde
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O JUIZ DECIDIU. Esta decidido. Adiante.
posted by NMP on 5:23 da manhã
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NOTICIAS DO VIETCONG: Tudo tranquilo em terras de Ho Chi Minh. Voltarei dentro de dias.
MANUEL MONTEIRO DIXIT, NA SIC, sic: "Eu não votei em Jorge Sampaio, votei em Ferro Rodrigues". Qué pasa, pá?
Actualização: o homem acaba de esclarecer: foi em Ferreira do Amaral que votou. Antes assim.
posted by VLX on 11:51 da tarde
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CHEERS: Começou a dar e está muito mais interessante do que os diversos debates políticos. Faço uma pausa.
posted by VLX on 11:36 da tarde
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O FUTURO: Tendo em conta o que se tem ouvido nesta noite, convém que a coligação se consciencialize de que os próximos tempos não serão fáceis e se una como nunca. A esquerda, já se está a ver, vai manifestar-se nas ruas como se estivesse no prec, vai pressionar e chantagear o PR até mais não, vai xingar como só ela sabe, vai boicotar o que puder, armadilhar o que lhe aparecer pela frente mas, quanto a isto tudo e mais aquilo que não imagino, a coligação precisa de estar serena, atenta, una, forte e, acima de tudo, conviria que começasse a responder à letra.
posted by VLX on 11:30 da tarde
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ANA GOMES IRADA: Acabo de ver (de sentir!...) pela tv a ira nos olhos da líder partidária e nossa colega de blogues, Ana Gomes (Causa Nossa, link aí à direita). Está profundamente arrependida de ter votado no PR por este não lhe ter feito as vontades, acha que o PR se passou para a direita, considera que o PR perdeu a coragem, enfim, está completamente transtornada. A boa notícia é que o Causa Nossa vai certamente ficar mais animado nos próximos dias. Ana Gomes é uma das pessoas que certamente terá dito que respeitaria a decisão do Senhor Presidente da República.
posted by VLX on 11:10 da tarde
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RESPEITO: Ao longo da semana, muita gente tem dito que respeitaria sempre a decisão do PR. Hoje viu-se quem tem respeito e quem não tem.
posted by VLX on 10:43 da tarde
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FERRO RODRIGUES AMUA: Ferro Rodrigues é amigo do seu amigo, como se viu com Paulo Pedroso, mesmo com graves efeitos negativos na sua pessoa. Julga no entanto que um país se pode gerir com base nas amizades pessoais e não com fundamento no interesse público. Daí que tenha erradamente considerado a decisão presidencial como uma ofensa pessoal. Ora a decisão do PR só pode ser entendida como uma ofensa pessoal por quem, nas mesmas condições, viesse a assumir posição em função - não do interesse público mas - das amizades pessoais. Vistas assim as coisas, é bom que Ferro Rodrigues saia do panorama político nacional.
posted by VLX on 10:39 da tarde
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CARVALHAS BARAFUSTA: O próximo governo não tem legitimidade.
Engana-se. O próximo governo tem uma dupla legitimidade: a que lhe foi dada pelas últimas eleições legislativas e a que lhe é dada pelo PR.
posted by VLX on 10:26 da tarde
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LOUÇÃ ACUSA: "O PR cedeu a interesses", "é uma irresponsabilidade não convocar eleições".
Deviam existir alguns limites. Eu nem gosto da pessoa que exerce o cargo de Chefe de Estado mas quando um líder partidário afirma que o Presidente da República é irresponsável e que cede a interesses, conviria que o injustamente visado se socorresse dos meios judiciais próprios para meter na ordem o arruaceiro, com os naturais objectivos de prevenção e repressão, ambos absolutamente necessários no caso concreto.
posted by VLX on 10:11 da tarde
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NÃO HÁ BELA SEM SENÃO: Ferro Rodrigues demitiu-se.
posted by VLX on 10:00 da tarde
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AMANHÃ, N´"O PÚBLICO ERROU": Nesta notícia do Público, onde se lê "O Tribunal Penal Internacional (TPI) deve prununciar-se hoje contra o muro de separação que está a ser construído por Israel ao longo da fronteira com a Cisjordânia", deve ler-se "O Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) deve prununciar-se hoje contra o muro de separação que está a ser construído por Israel ao longo da fronteira com a Cisjordânia".
Um caso de wishful thinking?
(Quem estiver interessado em ler a notícia correcta, pode fazê-lo aqui).
posted by PC on 2:34 da tarde
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ADRIANA PARTIMPIM: Para esquecer a má política (e outras porcarias do género, dá também para enxaquecas e unhas encravadas, por exemplo), sugere-se a audição cuidadosa, em boa aparelhagem e sem vizinhos de Fico Assim Sem Você, de Abdullah e Cacá Moraes, interpretada por Adriana Calcanhotto. É das melhores coisinhas que têm saído do grande Brasil.
PRESSÕES: O PS e os seus aliados de esquerda, entre uma ou outra manifestação a clamar por eleições legislativas a meio da legislatura, têm-se insurgido contra os argumentos do PSD e do CDS a favor da estabilidade, dizendo que eles (os argumentos) constituem uma pressão inadmissível sobre o PR (isto mesmo quando os argumentos vêm do próprio PR).
Poderíamos discorrer aqui sobre o entendimento do PS sobre a facilidade com que considera que o seu PR pode ser pressionado, mas isso ficará para outro dia. O que hoje gostaria aqui de sublinhar é o facto de muitos dos socialistas se referirem ao PR como "o Jorge Sampaio", quando mesmo não é apenas "o Jorge", alardeando uma intimidade quase insultuosa para o PR num momento destes.
Destaco Manuel Alegre, pessoa que admiro desde criança mas com quem estive sempre em desacordo. Dizia o poeta à TSF qualquer coisa como isto: "ficarei pessoalmente muito triste se o PR não convocar eleições antecipadas". É evidente que isto não se trata de qualquer pressão sobre o PR. São apenas arrufos entre amigos.
posted by VLX on 11:44 da tarde
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REFLEXÕES IV: Realizando-se eleições, imaginemos agora os resultados. Primeira hipótese: a coligação actualmente no governo ganha, que é o mais provável.
Com efeito, é preciso não subestimar Santana Lopes e Paulo Portas em campanha, principalmente se for contra Ferro Rodrigues (que não é sequer capaz de fazer o mais simples dos discursos sem ser a ler o papel e ainda não sabe o que fazer às mãos quando lê os papeis).
Uma campanha eleitoral de Santana Lopes e Paulo Portas contra Ferro Rodrigues é o equivalente a um Brasil na sua melhor forma contra a Grécia, com o país inteiro a assistir ao enxovalho. E com a grande probabilidade da Grécia levar uma abada valente. Claro que isto não me incomoda. Mas as eleições vão atrasar o ritmo do país e o crescimento da economia e isso incomoda-me.
REFLEXÕES V: A segunda hipótese, realizando-se eleições, é ganhar o PS. Só que este nunca ganhou as legislativas com maioria absoluta e não será certamente agora, com Ferro Rodrigues e em condições muito piores do que Guterres teve anteriormente, que irá alcançar a maioria absoluta. Um governo PS minoritário nesta fase do campeonato é quase o pior que podemos imaginar: a economia pára e a bolsa entra em negativos.
Resta a muleta do PCP e/ou do BE, para amparar o PS (isto sim, o pior que se pode imaginar). E aqui os cenários já dão mais que falar. Irão o PCP e o BE para o governo, por via do PS? Ou ficarão de fora a chantagear? E como? A perspectiva deixa-me apavorado e isso incomoda-me.
REFLEXÕES VI: Atento o cenário assustador, seria conveniente que os portugueses se começassem a interrogar seriamente: se o PCP e o BE forem para o governo, ou mesmo se ficarem nas bancadas do parlamento a pressionar o PS minoritário, quais serão as posições do governo PS sobre mercado de capitais, segurança social, legislação laboral, Europa, aumentos salariais, reforma administrativa, economia e finanças públicas, sistema fiscal, saúde, ensino e por aí adiante. As respostas a estas perguntas talvez fizessem abrir os olhos a muita gente. Talvez até a quem decide e isso o fizesse decidir bem. E, se decidir bem, é certo que sempre se gastaram quinze dias mas, face às possibilidades em cima da mesa, isso não me incomoda.
posted by VLX on 11:27 da tarde
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REFLEXÕES: O EURO acabou, o PR nunca mais se decide e a bolsa vem por aí abaixo.
O EURO ter acabado era uma inevitabilidade, o PR andar a ouvir meio mundo e estar há quinze dias a analisar uma situação quando no parlamento há uma maioria que sustenta um governo, é coisa que não se compreende. Nós devíamos ter um PR para tomar decisões, das poucas vezes que isso lhe é solicitado. Ora, sendo natural que o PR oiça quem entender e que pondere demoradamente sobre o assunto que lhe é colocado, percebe-se mal que perante uma maioria parlamentar clara o país esteja quinze dias parado à espera do fumo branco (e não se venha dizer que o PM só se demitiu agora, pois a sua decisão conhece-se faz amanhã duas semanas). E se o país estivesse apenas parado ainda era o menos; o problema é que a bolsa tem estado a descer a semana toda, à conta deste impasse, e isso incomoda-me.
REFLEXÕES II: Sem EURO, com a bolsa a descer e o PR calado, para nos distrairmos só nos restam algumas reflexões e cogitar sobre o futuro do país.
Primeira hipótese, a mais provável jurídica e sensatamente falando: o PR convida o partido mais votado a formar governo, apoiado pela coligação de maioria no parlamento. A bolsa sobe, as políticas serão as mesmas (agora que, estranhamente, até para a oposição se transformaram em boas), a economia seguirá o seu ritmo, o povo volta ao normal e acaba uma crise política fictícia. Não há muito a dizer sobre o futuro pois a política da coligação será praticamente a mesma. Mas perderam-se 15 dias e deixou-se a bolsa cair com o fantasma de uma crise inexistente, e isso incomoda-me.
REFLEXÕES III: Segunda hipótese: o PR convoca eleições legislativas. A bolsa cai abruptamente, há gente a atirar-se das pontes, parte do país trabalha e poupa enquanto os políticos e o resto da malta se divertem no folclore das campanhas. Há bifanas para os mais esfomeados e, muito possivelmente, haverá também couratos. As empresas de camionagem lucram, levando velhinhos de uns comícios para os outros, mas a economia arrasta-se, o orçamento atrasa-se, as autarquias afundam-se, o país estrebucha e o BE sorri. E isso incomoda-me.
posted by VLX on 11:14 da tarde
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IMPRESSÕES: O PS já clama por maioria absoluta no antecipado cenário de eleições antecipadas. Do lado da coligação, continuam as pressões inaceitáveis sobre o PR, ao manifestarem que estão preparados para levar o mandato até ao fim.
REITORES, COVEIROS E BAILARINOS: Um grupo de reitores, um grupo de coveiros e um grupo de bailarinos pediram ao PR que convoque eleições antecipadas. O grupo de coveiros, embora ciente de ser um grupo mais numeroso que o dos reitores, teve o cuidado de sublinhar que não representam a totalidade ou sequer a maioria dos coveiros e muitos menos os mortos que estão ao seu cuidado. O grupo de bailarinos reconheceu que a sua iniciativa não teve a adesão esperada. Talvez porque já estejam fartos de passar a vida em bicos dos pés...
posted by Neptuno on 12:46 da tarde
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O SISTEMA: Já por diversas vezes escrevi sobre a urgente necessidade de se reformular o sistema eleitoral vigente, por ser desajustado da realidade e, por via disso mesmo, promover o alheamento dos cidadãos da política. Por um lado, prevê-se a votação em partidos quando toda a gente sabe que se vota no líder de determinado partido. Por outro lado, à boleia do líder e de meia dúzia de nomes mais sonantes, são eleitos dezenas de deputados que ninguém conhece e que nunca serão sufragados (nem responsabilizados pela sua actuação) senão, eventualmente, pelo próprio partido em que se inserem. Penso que o sistema deveria evoluir para uma solução mista, que combinasse o sufrágio dos projectos apresentados pelos partidos com o escrutínio de pessoas de "carne e osso", que não apenas o líder.
No entanto, goste-se ou não, o sistema existe tal como está e prevê a votação em partidos políticos, e não em líderes. Se é preciso mudá-lo pois seja. Mas, ao contrário do inacreditável depoimento de Freitas do Amaral, parece-me que um dos sustentáculos da democracia é que se respeitem as regras do jogo democrático. O sistema que existe pode ser mau é o que existe e aquele que deve ser respeitado enquanto vigente. O argumento de que o PR deve convocar eleições antecipadas pelo facto das pessoas terem votado num líder que se demitiu, é um argumento que serve para fundamentar alterações ao sistema. Mas nunca para subverter as regras vigentes e que, enquanto vigentes, devem enquadrar a decisão do PR. Para que não restem dúvidas sobre o acima exposto, o PR pode convocar eleições antecipadas desde que decida dentro do enquadramento vigente. E não com base num enquadramento desejável.
posted by Neptuno on 11:52 da manhã
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DECIFRAR A IMPRENSA: Qual é a diferença entre as declarações de apoio à viabilização de um governo liderado por Santana Lopes e as declarações e manifestações por eleições antecipadas promovidas pela esquerda? É que as primeiras são pressões inaceitáveis sobre o Presidente da República.
posted by Neptuno on 11:44 da manhã
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OS PEIXES DO MAR SALGADO - Nº 1: A RÉMORA: Era, até hoje, uma falha imperdoável não se encontrar aqui informação sobre os nossos amigos de guelras, que, como se sabe, nos rodeiam por todos os lados.
Assim, o Mar Salgado tem o orgulho de anunciar, em primeira mão, que passará a conter uma secção dedicada aos peixes, aberta a todos quantos queiram contribuir para um melhor conhecimento da etiologia desses seres maravilhosos.
O peixe de hoje é a Rémora (Echeneis Naucrates - Lin. 1758), também conhecida por Pegador (assim se lhe refere, p. ex. o Pe. António Vieira), Agarrador, Peixe Piolho, Live Sharksucker ou Slender Suckerfish. Sem embargo, na Malásia, insistem em chamar-lhe Gemi-Gemi, por razões só deles conhecidas (nomes comuns noutras línguas aqui).
O seu habitat natural é bastante extenso; no que ao nosso País diz respeito, encontram-se com facilidade nas águas açorianas e, mais raramente, é possível avistar alguns exemplares a subir o Cais das Colunas, a coberto da noite, em direcção ao Terreiro do Paço.
Como podem verificar pela foto que graciosamente linkamos aqui, a rémora, ao invés dos outros peixes, tem um aspecto luzidio e as riscas longitudinais dão-lhe o ar distinto de quem está sempre vestido para um cocktail ou recepção.
O que talvez já não saibam é que o nome Rémora vem do latim remoramen, remoraminis, que significa atraso, impedimento, porquanto se acreditava que estes simpáticos peixes atrasavam o andamento dos barcos ao colarem-se ao respectivo casco. Com efeito, a particularidade da Rémora, que nos traz aqui hoje, é a sua famigerada ventosa dorsal, que lhe permite aderir aos navios, mas também a cetáceos e peixes de grande porte, entre os quais se contam o tubarão e o mero. Quando ainda é jovem, adere com facilidade a peixes de tamanho mais modesto, como a corvina e o cherne.
Uma vez colada ao hospedeiro, não mais o larga até encontrar alimento ou outro hospedeiro mais conveniente. De nada serve ao "senhorio" procurar libertar-se dela, pois não consegue chegar-lhe com a boca nem sacudi-la com a velocidade, dada a prodigiosa tenacidade da ventosa. Daí o velho ditado chinês "a rémora, não o cherne que a leva, diz quando acaba a viagem".
E pronto. Assim termina o primeiro post da série "Os peixes do Mar Salgado", que, muito provavelmente, continuará em breve com um post sobre o peixe-palhaço.
posted by PC on 2:34 da manhã
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DA IMPORTÂNCIA DO CHEFE & PARABÉNS: Como os frequentadores mais regulares do Mar Salgado terão percebido, há já alguns dias que não beneficiamos da prosa refrescante e do pensamento incisivo do nosso Comandante. As consequências, aqui no convés, estão a ser devastadoras: a análise económica retrai-se, as novas da campanha para as presidenciais americanas eclipsam-se, o comentário à política nacional desorienta-se, o humor entra em recessão; numa palavra, a Cultura Universal depaupera-se.
Um dos efeitos mais nefastos da ausência do NMP é a quase inoperacionalidade do nosso radar, que nos tem impedido de saudar adequadamente toda uma constelação de blogues aniversariantes.
Assim, correndo ainda o risco de esquecer alguém, o Mar Salgado não quer deixar de disparar a tradicional salva de canhão em homenagem a três navegantes, nada errantes, que muito preza: oAdufe, a Ânimo e o Bloguítica. Aos três, calorosas felicitações.
OLÉ HELLAS,OLÉ: Não consigo deixar de pensar que ontem fui presenteado com uma tragédia grega. Antes e durante o jogo, o coro grego anunciou a tragédia, em uníssono e em impressionante crescendo até ao climax, anestesiando adeptos e jogadores portugueses, que não se conseguiram libertar da anunciada fatalidade. Os Hesíodos da bola, com o seu jogo burocrático, cumpriram o guião da tragédia à risca, mas nunca "à rasca". Nunca chegarão ao Olimpo da memória, mas a Taça é deles. A tragédia é nossa.
posted by Neptuno on 6:45 da tarde
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PARABÉNS SELECÇÃO, PARABÉNS SCOLARI: Muito brevemente, uma mensagem de sincero apreço para a seleccção nacional e para Scolari. Em geral, acho que a selecção jogou ao seu melhor nível. Perdemos na final - um jogo é um jogo -, sem nos podermos queixar de lesões, roubalheiras, & etc. A táctica asfixiante da Grécia não é sorte, é saber, e só resta dizer que não fomos capazes de encontrar o antídoto. Ponto final.
Quanto a Scolari, deixarei de lado a dispensa de Vítor Baía (só compreensível, na melhor das hipóteses, para não ter problemas de balneário) e a obstinação da escolha do primeiro onze contra a Grécia. No mais, Scolari foi exemplar, inteligente (vd. as substituições contra a Inglaterra) e cativante. Talvez agora, que já conhece os seus jogadores, possa fazer um trabalho sério de preparação para o Mundial.
A última e dolorosa palavra vai para Luis Figo. É seguramente o melhor jogador europeu de sempre que vi jogar ao vivo, e só não é o melhor do mundo porque tive a sorte de ver jogar Diego Maradona. Foi um bom capitão da selecção (esqueci já a fita da substituição) e lamento que o Europeu não tenha correspondido, no plano individual e no plano colectivo, ao que ele indiscutivelmente merecia. Possa ele resgatar-se no Mundial. Contamos com ele. E com Rui Costa, se quiser repensar a sua decisão e dar-nos essa graça.
AGRADECIMENTOS III: Mas ainda e também ao mesmo Paulo Ferreira e aos meus queridos Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha, Maniche e Deco, pela magnificência da sua arte, pela humildade que (os já campeões europeus) demonstraram no início, pelo amor à camisola, pela sua força perante a pressão, pela vontade férrea de ganhar, por não saberem perder, pelo seu empenho e esforço, pelo jogo em equipa e pela mágica magnífica do seu futebol entusiástico e fabuloso.
E a Scolari: raramente estive de acordo com ele mas parece que tem mantido alguma força na equipa portuguesa, que está a começar a conhecer (e já não era sem tempo!). Não sei se mudou por instinto de sobrevivência na selecção, se por ter sido obrigado a desistir de um alegado acordo com um clube nacional, se por ter sido iluminado, se por apenas ter aberto os olhos, a verdade é que mudou a equipa por ele inicialmente escolhida para a equipa escolhida pela evidência dos factos e isso permitiu-nos chegar aqui, hoje.
Força Portugal! Vamos a eles e toca a ganhar a final à Grécia, em elegante vingança do que se passou para trás. De tudo o que se passou para trás.
posted by VLX on 4:09 da tarde
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AGRADECIMENTOS II: Agradecer aos mais experientes: primeiro a Vítor Baía, que exemplarmente aceitou com enorme nobreza fazer parte de uma birra que não era dele nem ele a merecia. Para o ano, com o FCP, ultrapassará seguramente o Pelé em títulos, tornando-se assim o jogador de futebol mais vitorioso de todos os tempos no mundo inteiro e isso ninguém lhe poderá retirar tão cedo.
A Fernando Couto, que rapidamente percebeu que, mesmo sendo excelente, tinha a substituí-lo um rapaz exemplar e maravilhoso.
A Rui Costa, que demorou um pouco mais a perceber a sua exacta e brilhante função, mas que depois se fez um seleccionado genial e nos ofereceu excelentes golos e exibições.
A Luís Figo, que demorou muito, muito mais, que muito amuou, mas que continua a ser o expoente máximo do futebol português, e ainda porque percebeu finalmente que jogar com Deco era uma mais-valia substancial.
Depois, agradecer a Cristiano Ronaldo, pela beleza e exuberância do seu futebol, o que tem de ser individualizado.
A Ricardo, Simão, Pauleta, Miguel, Nuno Gomes, Petit, Postiga, Jorge Andrade, pelo seu esforço e dedicação indiscutíveis.
A Quim, Moreira, Beto, Rui Jorge, Tiago, por estarem sempre a apoiar com entusiasmo a equipa portuguesa.
A Paulo Ferreira, pela injustiça que lhe foi feita.
(cont.)
posted by VLX on 4:07 da tarde
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AGRADECIMENTOS: Isto a gente tem de fazer e portanto faz-se já. Não interessa o que se irá passar daqui a pouco, se ganhamos, se perdemos; desta vez todos nós temos a certeza absoluta do esforço e dedicação dos nossos jogadores da selecção: se alguma coisa correr mal, e isso pode sempre acontecer numa final, a culpa não é deles.
Em primeiro lugar, agradecer a Deus por ter posto juízo no homem. Eu sei que depois do jogo da Grécia era fácil, mas temos de agradecer a clarividência de, anteriormente (e ao último da hora), ele ter incluído Maniche na selecção, bem como Ricardo Carvalho, Deco e Nuno Valente. Imaginem se ele não os tinha convocado! Foi Deus, seguramente, quem nos ajudou porque certos, treinados e testados na selecção estes jogadores não estavam.
Agradecer ainda a Jorge Nuno Pinto da Costa, que nos ofereceu a sua equipa campeã da Europa, e a Mourinho, que a treinou, evitando assim que o seleccionador perdesse tempo com ela e pudesse brincar às experiências com os jogadores durante ano e meio, até ao aludido jogo da Grécia (inclusive).
(cont.)
posted by VLX on 4:05 da tarde
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ELEIÇÕES OU NÃO, EIS A QUESTÃO III: Prosseguindo o raciocínio, imagine-se o que poderá suceder numa situação de eleições antecipadas.
Acaso a coligação ganhe as eleições, Sampaio ficará com o odioso de ter interrompido uma legislatura legítima e travado a recuperação económica, com efeitos desastrosos para o país e para nada.
Se ganhar o PS, corre-se o sério risco de não alcançar a maioria absoluta (recorde-se que nunca o conseguiu, mesmo em condições muito mais propícias do que as actuais e com líderes muito mais fortes e incontestados). Sem maioria parlamentar, o país torna-se ingovernável e Jorge Sampaio também não quer ficar recordado por esse facto.
Dir-se-á que o PS poderá talvez alcançar a maioria absoluta em coligação com o Bloco de Esquerda ou com o PCP, mas também ninguém acredita que Sampaio queira ver o seu nome ligado à pavorosa possibilidade de ter aberto à extrema-esquerda as portas do poder.
Um governo socialista apoiado pelos comunistas ou pelos bloquistas (ou ambos) será necessariamente a ruína económica do país e o descrédito total.
Uma coisa é ter-se coligado com o PCP na Câmara de Lisboa; outra, bem diferente, é Sampaio provocar a aflitiva hipótese de termos Carlos Carvalhas no Ministério do Trabalho e Francisco Louçã no da Economia. Jorge Sampaio nunca correria o risco de ficar associado a semelhante desastre e pesadelo, cujas terríveis e nefastas consequências para o país não consigo sequer imaginar.
posted by VLX on 1:59 da manhã
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ELEIÇÕES OU NÃO, EIS A QUESTÃO II: O debate mantém-se. Certa comunicação social aventa agora alguma irritação do PR face a alegadas inconfidências para sustentar a realização de eleições antecipadas. Trata-se de um absurdo. Mesmo de entre aqueles que são abertamente críticos de Jorge Sampaio (grupo onde me incluo), ninguém acredita que o PR tome uma decisão deste tipo e gravidade em função dos seus estados de alma ou por impulsos de momento.
Além do mais, Jorge Sampaio está certamente atento aos sinais de perigo.
E quanto a estes repare-se que até a vitória do PS nas eleições europeias joga contra o próprio PS: a população ainda tem bem na memória os resultados desastrosos da governação PS e não vai arriscar vir a tê-lo tão cedo de novo à frente dos destinos do país. O eleitorado, face aos resultados eleitorais recentes, irá, cheio de pavor, votar contra o PS.
Isto porque o eleitorado mostrou já ao governo a sua irritação com a situação económica; mas fê-lo nas eleições europeias, num jogo a feijões e satisfez-se com isso. Sendo o jogo a sério, com dinheiro vivo, muito seguramente todo o eleitorado do PSD e do CDS irá em força votar contra um governo PS. E grande parte do eleitorado flutuante também.
Se a isto acrescentarmos um PS em crise, com lutas intestinas gravíssimas e ensurdecedoras, com um líder fraco e acossado por diversos e influentes críticos, e ainda Santana Lopes e Paulo Portas em campanha eleitoral (dois nomes que são invariavelmente dados como defuntos pela comunicação social e pelas sondagens mas que sempre se têm saído vitoriosos e cheios de vida), teremos umas eleições bastante aguerridas e de resultado imprevisível.
(cont.)
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.