TOLERÂNCIAS (I): Não me parece que o estatuto de judeus e cristãos - dhimmi - na península ibérica, anterior à reconquista, seja um bom exemplo para ilustrar o aspecto "mítico" da tolerância islâmica da altura, como julgo que o Pedro Picoito ( www.amãoinvisível.blogspot.com) faz. A condição de dhimmi assegurou aos judeus coisas muito importantes, negadas por outros senhores alguns séculos depois: inviolabilidade dos bens, autonomia judiciária e administrativa, liberdade cultural e cultual. O judaísmo do Magrebe, que perdurou até à construção de Essaouira e só se desfez com a colonização francesa, foi amassado no acolhimento aos refugiados da tolerância cristã ( é certo que alguns foram para a Holanda e outros para outras partes). O ponto reside na interpretação, à luz do pensamento ocidental de hoje, do conceito de liberdade. Em Granada ou em Toledo, antes da reconquista, o grau de protecção oferecido a judeus e cristãos era o maior possível. O espectáculo dantesco dos fanáticos islâmicos de hoje não nos deve fazer cair na tentação de reescrever a História. Um outro aspecto interessante, para o qual não disponho do cabedal intelectual necessário, prende-se com a suposta dívida do Ocidente para com o Islão em sede de progresso científico-filosófico. A escola de Edessa, herdeira da linha nestoriana de Zenão de Bizâncio, é bem anterior a Maomé ( séculos IV e V). Também antes dos célebres tradutores de Toledo, são os judeus e árabes da Síria e da Mesopotâmia que traduzem Aristóteles. É porém certo, que o designado "ciclo medieval-oriental" traz para a península muitos textos que virão a reorganizar a filosofia e a cultura cristã. Talvez seja mais correcto falar-se de uma via arábica em vez de uma via islâmica, como sublinha Pinharanda Gomes. Por que motivo é a Europa cristã, e não o Islão, a desenvolver a herança, e se tal está ou não relacionado com a ausência de modernização mafamédica, isso são contas de outro rosário. Para breve, talvez.
posted by FNV on 9:17 da tarde
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LINDO SERVIÇO: Vou no meu carro, descansado da vida, numa rua estreita, quando a viatura que me segue tenta uma ultrapassagem pela direita. As coisas embrulham-se, paramos os carros e discutimos. O condutor insulta-me, eu digo-lhe ( os leitores certamente percebem por que motivo tenho de usar o palavrão) : "A culpa é tua, paneleiro de merda!". Ele não gosta, trocamos uns mimos e ele aleija-se. O tipo põe-me em tribunal, declara-se homossexual e eu sou acusado de "crime de ódio"; para já, apenas pelos amigos do condutor malcriado.
posted by FNV on 7:03 da tarde
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PARA BOM ENTENDEDOR: O Der Spiegel conversou na passada 3ªfeira (edição on-line de 21/02) com o recém-eleito ( Novembro) presidente do Sri Lanka, o Sr. Mahinda Rajapaksa. O Sri Lanka tem um problema crónico com o terrorismo dos guerrilheiros Tamil, decorrendo esta semana negociações em Genebra. Perguntaram ao Sr. Rajapaksa o que ele pensava sobre a coincidência de as negociações serem acolhidas pela Suiça e dirigidas pela Noruega, "dois países que não fazem parte da UE e que são tidos como bastante próximos dos EUA". O Sr. Rajapaksa respondeu que a UE nem sempre se portou bem no passado, embora ultimamente tenha feito um certo esforço, recusando-se a receber as delegações Tamil. Mas disse mais: "Nesta matéria, a UE tem de nos tratar como se ela própria estivesse a ser ameaçada pelo terrorismo".
posted by FNV on 3:57 da tarde
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VERNIZ: Passa-se os olhos pelos media ( "Público" , SIC-N e TSF à cabeça) e constata-se que um torpor estupefacto assola estes construtores do campo: "como foi possível um bando de adoráveis rapazinhos terem apedrejado um mendigo até à morte ?" ( caso as coisas tenham acontecido assim). Não há adoráveis rapazinhos ( nem rapariguinhas), há é uma camada de verniz, mais ou menos espessa, que estala de vez em quando. Como nos campos de futebol ( aí, as coisas são por vezes da autoria de adoráveis avozinhos), como nas aldeias encharcadas de álcool, como, frequentemente, dentro de casas bem recheadas e ventiladas. A pergunta certa é outra: como é possível o verniz não estalar mais vezes?
UM SOBREVIVENTE (?) DE GRODÉK: Uma companhia, um pelotão, não sei, algures na Polónia de 1914. Trakl não os conseguiu salvar nem se conseguiu salvar dos anjos macilentos. Antes da overdose de cocaína, clarividente, escreveu ( tenho de aprender alemão, talvez assim deixe me fascinar pelas traduções do João Barrento) :Und Schnee und Aussatz von seiner Stirne sinken ( ...e neve e lepra caem da sua fronte). Uff...
posted by FNV on 9:14 da tarde
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DESTRUIÇÃO DE MESQUITAS: O Público de hoje noticia a destruição de mesquitas no Iraque, entre templos sunitas e xiitas. Estaremos perante um choque entre as civilizações sunita e xiita? Ou teremos mais uma prova de que a religião, nomeadamente, nos países muçulmanos é mera arma de arremesso política, destinada a branquear e perpetuar no poder regimes corruptos que tiranisam os seus súbditos e os condenam à miséria? No entanto, o "Ocidente como mãe de todos os males" como política de estado em certos países muçulmanos é produto que vende bem. Por outras palavras, uma instrumentalização bem sucedida leva a que o propalado "choque de civilizações" se torne uma realidade, independentemente das sinistras motivações daqueles que, aparentemente com êxito, o tenham criado e alimentado. Assim, talvez seja tarde de mais para encontrar e apoiar os moderados que possam fazer a diferença e mudar o rumo do fundamentalismo nos respectivos países.
posted by Neptuno on 6:08 da tarde
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MAL HABITUADO: Nas últimas três semanas assisti aos jogos do SLB enfiado debaixo da mesa da sala de jantar ( a minha geografia da angústia já passou pelo chão de um canto da cozinha e pela varanda). A minha filha de seis anos habituou-se: quando me vê assim, abraça-me e dá-me um beijo que eu não troco por nada do mundo real. A bem dizer, actualmente tenho abusado e peço-lhe para me trazer uma cerveja.
posted by FNV on 4:30 da tarde
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HOJE É DIA DE S.POLICARPO: Faz hoje cento e oito anos que Zola foi preso, por causa da sua defesa de Dreyfus, e faz hoje duzentos e quinze anos que Keats morreu. E tudo está bem. Ou não?
posted by FNV on 11:44 da manhã
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E PORQUE NÃO UM CHIPEZINHO NA TOLA PARA NOS TRANSFORMAR A TODOS NUNS CORDEIRINHOS? A fúria regulamentadora de certa esquerda provoca-me calafrios. Já não bastava o Bloco de Esquerda pretender criminalizar nem sei bem o quê (acho que era quem dissesse coisas contra os maricas), vem agora o Secretário de Estado do MAI defender a instalação de limitadores de velocidade nos carros de recém-encartados. Eu acho que a primeira preocupação da sociedade actual deveria ser com este tipo de malta que, provavelmente por não ter nada que fazer, se vai lembrando a cada passo de disparates regulamentadores cada vez maiores que, esses sim, limitam barbaramente a nossa liberdade. A solução preconizada por este governo socialista é estúpida por mais razões do que este post comporta mas o mais grave é que qualquer dia eles vão querer limitar toda a nossa vida segundo um qualquer critério delineado em Lisboa, Bruxelas ou Paris, numa valente almoçarada. Lá chegará a altura em que nos colocarão um chip na cabeça para nos obrigarem a ter sempre um comportamento politicamente correcto. Espero não viver até lá mas aflige-me a sociedade que deixo aos meus...
"SALAS DE CHUTO" É tão adequado designar assim as salas de injecção assistida (SIA) como chamar talho à morgue de um hospital. Uma vez mais, como é regra em matéria de toxicomanias, prevalece a ignorância promovida a verdade oficial. Um funcionário do INCB, Hamid Ghodse, disse recentemente que a SIA da Darlinghurst Road, em Sidney, não era mais do que a actualização um qualquer antro ( "den") asiático do século passado. Está enganado: os estaleiros de obras abandonados ou os baldios junto de bairros sociais é que se assemelham ( apenas isso) aos antigos antros. E por uma razão simples, como qualquer pessoa que conheça a história do ópio asiático sabe: nesses estaleiros e baldios, os consumidores estão entregues à sua sorte, o que consomem dependendo apenas das leis do mercado. Seja como for, trata-se apenas de uma semelhança. Os antigos "dens" pertencem a um outro mundo, são irrepetíveis, como o Sr. Ghodse deveria saber. As SIA, ao contrário do que alguns defendem, também não são incompatíveis com as convenções internacionais sobre estupefacientes. A Convenção de Nova Iorque ( 1961), no seu artigo 4º. parágrafo c), estabelecia sobre o título "Obrigações Gerais", o uso e posse de droga para fins exclusivamente médicos. A Conferência de Viena ( 1971) obrigava a uma autorização legal as mesmas duas situações. Nos anos 80, a Convenção Anti-Tráfico, no seu parágrafo nº2 do 3º artigo, imputava às partes a responsabilidade pela autorização da posse e do consumo, consoante "os princípios constitucionais e os conceitos básicos dos sistemas legais de cada país". A linha suiça, que desde 1988 foi cuidadosamente estudada por Hans Schulz, é clara: numa SIA, o drogado traz a sua dose, não sendo permitida a compra nem a troca. Os drogados são assistidos por pessoal médico que asseguram a assepsia do acto, sendo facultados também actos de informação e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. É degradante? Talvez, depende da perspectiva. Se eu for visto ao final da tarde, num café de Marselha, a beber dois copos de vinho branco com amigos, será apenas a normal recompensa de mais um dia de trabalho, como diz Anne Coppel. Mas se eu for visto a beber os mesmíssimos dois copos de vinho branco, às 7h da manhã, sozinho e em pé diante do frígorífico, todos terão pena de mim. As políticas de redução de riscos não têm de exibir o simbolismo perfeito do Camilo Pessanha ou a estética de um golo do Ronaldinho. São geralmente feias, talvez moralmente porcas para alguns, certamente perfectíveis, mas não necessariamente más. A razão pela qual alguns países precisam delas, isso é outra história.
O GOSTO DE EXISTIR: Somos poucos em casa e muitos lá fora, o que diz muito da sabedoria de um povo. Desfazemo-nos em simpatia com os estrangeiros, deles só querendo o dinheiro, sendo certo que um povo assim nunca poderá começar uma guerra. Temos uma capital na qual todos sabem quem dorme com quem, mas que ainda assim suscita a inveja das vilas da província. Sofremos da angústia congénita de não ter dinheiro nos bolsos mas conseguimos fazer crer ao mundo que o nosso fado é outro. Alcandorámos o uso do telemóvel a uma expressão que nenhum publicitário conseguiu imaginar: "não se cale sem dizer nada". Escrevemos esperanto sem o sabermos, eternizando o significado de provisório. Vivemos na única sociedade matriarcal da Europa - são elas que fazem tudo - que bate regularmente nas mulheres. Temos o Benfica.
JUSTIÇA: Tenho-me deliciado com a leitura da "História Geral dos Roubos e Assassínios dos Mais Notáveis Piratas", livro que teve a sua primeira edição em 1724, da autoria de um enigmático Capitão Johnson de quem nada se sabe, suspeitando-se mesmo que o próprio terá sido um pirata. A páginas tantas, o autor descreve um julgamento (pirata) de três piratas acusados do horrendo crime de deserção. O "tribunal" é o próprio navio do Capitão Roberts, o chefe do grupo de piratas a que esta pequena história se refere, a qual nos mostra que a famigerada crise da justiça é intemporal e internacional: "Aqui era praticada uma forma de justiça com os mesmos preceitos de vários outros tribunais cujas acções têm legitimidade legal sancionada pelas autoridades. Aqui não havia indagações do conselho e o suborno de testemunhas não era prática conhecida entre estes homens; não havia escolhas fraudulentas de júris nem se torturava ou retorcia o sentido da lei, e ninguém tentava confundir deliberadamente a causa em julgamento com termos ininteligíveis e inúteis minúcias; nem as sessões eram forçadas a suportar o fardo causado por excessivos funcionários, ministros da depredação e da extorsão, com tantos aspectos negativos e agoirentos capazes de afugentar até Astreia dos tribunais."
posted by Neptuno on 10:32 da tarde
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PESADELO: Mortalmente atingido ao atravessar o pântano de Guimarães, acaba por sucumbir afogado, numa imensa piscina de fígado...
posted by Neptuno on 5:09 da tarde
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DOCTOR MELLIFLUUS: Quando Gregório está de novo hesitante, o abade diz-lhe a certa altura: "Meu filho, meu filho, não é bom para todos saber-se exactamente quem se é.". A história de Gregório, carregada de condenação, retoma a de Édipo. Um escolheu Colono, o outro foi Papa, pela mão de Thomas Mann. Não é bom para todos saber-se exactamente quem se é? Esta fórmula límpida é absolutamente correcta, no entanto suficientemente rara como ar da montanha: somos, secretamente, os pecados dos outros. Mas a história de Gregório será porventura a demonstração de que tudo tem limites, como diz o bom Gregório no reencontro com a irmã.
QUERENÇA: Ao fim de sete anos, vai reabrir o Campo Pequeno. Não percebi ainda se empitonado em multi-funções, mas gosto de fantasiar que albergará corridas com toiros sérios e não com os pastuenos que se passeiam nas praças portuguesas. Seja como for, uma praça de toiros é para toiros, longe que vão os tempos do COPCON.
posted by FNV on 11:20 da tarde
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VELHO ORIENTALISMO: Partindo dos textos ( quatro) com que o Pedro Picoito ( www.amãoinvisível.blogspot.com) pretende desmontar a tolerância islâmica e traçar um esboço do "novo orientalismo", algumas notas:
1) Todo o corpo teórico dos estudos pós-coloniais foi organizado em torno do marxismo. Fanon reclamava-se da dialéctica hegeliana-marxista ( é Bhabha que assim o sintetiza), Said ia por Gramsci, e por aí fora. Nada que nos deva espantar. A "luta dos povos colonizados" foi convenientemente lida à luz da perspectiva marxista: uma enorme massa de gente desqualificada e/ou pré-proletarizada, a quem os detentores dos modos de produção negavam o direito de existência social. Os processos de descolonização africanos foram naturalmente gerando regimes marxistas, noutros lugares - América do Sul e Médio Oriente - a coisa indo por outro caminho: a colonização já não como um processo formal, antes uma evolução imperial, liderada pelos EUA. O importante é reconhecer que a perspectiva marxista actualizada pelos arautos da libertação ( já aqui trouxe em tempos, um exemplo passado na Guiné dos anos 70) odiou sempre a burguesia terceiro-mundista. Samir Amin, autor de Classe et Nation em 1979, exemplo acabado desse ódio, classificava as elites emergentes como "vendidos" e simples "apêndices" das outrora dominates elites coloniais. A Índia foi, e é, um espinho cravado na garganta dos Sami deste mundo; tanto quanto a história colonial da Europa, para muitos que desejam que ela nunca tivesse existido.
2) O indeterminismo cultural, a releitura das narrativas imperiais ( de Jane Austen a Kipling, como fez, elegantemente, diga-se, Edward Said), a palavrosa gaveta da "alteridade" e da "re-construção da identidade cultural", foram instrumentos utilizados com um objectivo que o próprio Bhabha define sem ambiguidades: a linguagem da comunidade cultural necessita de ser pensada a partir de uma perspectiva cultural, de um modo semelhante ao que se fez com a linguagem da sexualidade, do self e da comunidade cultural pelas feministas dos anos 70 e pela comunidade gay nos anos 80 ( Bhabha, The Location of Culture, pp251, tradução minha). Ou seja, e como seria inevitável lendo as referências dos autores pós-coloniais, o alvo foi sempre a sociedade ocidental de dominação burguesa, a preferência por Nietzsche aparecendo assim facilmente explicável na transliteração da fórmula de Cícero, se a memória não me atraiçoa: não deverá o filósofo erguer-se acima da gramática? O ponto é enunciado por Said em Orientalismo: a visão que o ocidente tem do oriente é irmã da auto-representação que o ocidente faz de si próprio. O ataque é ao "reino da ficção ideológica", à "crença da tradição ocidental nos seus propósitos". Claro como água.
3) O que não me parece é que seja possível definir um "novo orientalismo" como afirma o Pedro. Os acontecimentos recentes, espectaculares, talvez, mas pouco inovadores, não trazem nada de novo. Um texto, já antigo, de Jayant Lele - Orientalism and the Social Sciences, in Orientalism and the Postcolonial Predicament: perspectives on South Asia, Ed. C.Breckenridge & P. van der Veer, Univ. of Pennsylvania Press, 1993 -, dizia-o inequivocamente: sob condições de crise, as sociedades ocidentais produzem um pensamento auto-reflexivo que mais não faz do que prolongar a "meta-narrativa" que se arroga o direito de traduzir o célebre "Outro". Se, com "novo orientalismo", o Pedro quer significar uma "revisão da tradição islâmica", apresentando-a como essencialmente tolerante e redentora, não há nada de "novo" ou então não há nada de "orientalista". A perspectiva pós-colonial, pura e dura, nega ao ocidente o direito de classificar as outras culturas a partir dos seus próprios padrões. O tal "problema da gramática", que Nietzsche, em Para além do Bem e do Mal, oferece a esta malta: por que motivo o mundo que nos diz respeito não poderá ser uma ficção? (sendo que se tal ficção tiver um autor, também ele é da ordem da própria ficção, lembra-nos o cabeça de dinamite). Talvez que a tentativa do Pedro seja motivada pelo receio de uma nova roupagem para o "terrível Islão". Mas também nós, na boa e velha Europa, temos actualizado e reescrito a nosa "tradição", que engloba coisas tão boas como a liberdade de expressão e coisas tão más como os lager de Primo Levi.
Para breve, algumas notas (embora em desvantagem diante do rigor dos textos do Pedro) sobre a crítica que o Pedro Picoito faz "à suposta" tolerância muçulmana na Península por volta do século X. Não me parece que tenha sido tão "suposta" assim.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.