BRINCANDO BRINCANDO...: Eu por acaso gosto da ideia de co-incinerar. Não sei porquê mas gosto. Gosto de imaginar o lixo perigoso a queimar em Souselas, o fumo a sair das chaminés e a chegar a Coimbra; esta, envolta num fumo denso que cobre a porcaria acumulada em séculos de desastre, revela-se finalmente digna. E a população, perguntam vocês, seus imbecis? Viverá como vivem outras populações, noutros locais onde ( nem) existe a tal co-incineração. Nem melhor nem pior do que outras populações que vivem em sítios do chamado Terceiro Mundo, que comem a merda toda que nós no hemisfério norte produzimos. Não gostam? Preferiam mandar os resíduos perigosos para a Holanda e daí num cargueiro manhoso para o Cambodja, não era? Ecologia é boa para nós, não é? Imperialistas neo-colonialistas é o que vocês são.
PS: Espero que tenham apreciado esta minha deriva "à Freitas do Amaral".
UM VOTO QUE NÃO LHE INTERESSA: Com pena, mas sem surpresa, vejo o Eng.º Sócrates na TV, em caravana pelas ruas de Coimbra, a explicar aos jornalistas que não abordará aqui o tema da co-incineração porque "não reduz os problemas de Coimbra" a esse assunto. Deve julgar que somos parvos. O meu voto cada vez mais branco, branco gelado.
PRÉMIO "MELHOR INDIGNAÇÃO": O Mar Salgado orgulha-se de anunciar a instituição do Prémio Melhor Indignação Mar Salgado. O concurso, lançado embora com algum atraso, admite todas as indignações expressas desde o dia 1 até ao dia 21 de Fevereiro por políticos e outras personalidades públicas. O Mar Salgado, através do júri isento que sou, tentará seleccionar uma indignação por dia, recorrendo a critérios objectivos que permanecerão secretos. Todavia, atendendo à grande quantidade da oferta, podem enviar as vossas propostas para o porão (lobosdomar@hotmail.com), às quais será dada a consideração que merecerem. A votação final terá lugar no dia 22 de Fevereiro, depois do rescaldo das eleições, em cerimónia pública a realizar cá em casa. São admitidos a votar todos os marujos do Mar Salgado cujo último nome comece pela letra "C". Os restantes poderão votar apenas na condição de concordarem comigo. O vencedor será anunciado aqui na noite desse dia.
posted by PC on 7:30 da tarde
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SORTE SOCIALISTA: Não nos esquecemos da forma vil como os socialistas cavalgaram situações de lana caprina incomparáveis com coisas muito mais sérias que mais tarde se vieram a abater e se vêm abatendo sobre os próprios socialistas. A sorte deles é que os outros partidos são sérios, respeitam a separação dos poderes e não comentam os casos, por mais coincidências infelizes que neles existam. A sorte deles é que os portugueses estão perfeitamente habituados a que os seus problemas burocráticos sejam decididos todos, miraculosamente, coincidentemente, no mesmo dia. A sorte deles é que os deixamos andar por aí aos berros a apregoar cabalas e intenções ao Ministério Público. A sorte deles... pode ser que um dia se lhes acabe.
A BARRA E O HÍFEN: Há uns dias atrás, num momento entediante sem tema de discussão, trocaram-se aqui no porão da nau (lobosdomar@hotmail.com) umas mensagens sobre o facto de o PSD ser oficialmente designado por PPD/PSD, enquanto o PP adopta a sigla CDS-PP. A persistência do tédio, acoplada a uma gripe com febre, provocaram-me as reflexões que agora se descrevem. Como se sabe, nenhum dos dois é nome de baptismo. Em comum, têm a característica de fazer figurar a sigla mais recente em último lugar (respectivamente, PSD e PP). Curiosamente, a "ressurreição" do P do PPD foi operada por Pedro e a criação do PP deve-se a Paulo Portas. Mas as semelhanças acabam aí. A história do nome PPD/PSD é, digamos, mais errática, vagueando entre o popular e o social-democrático. Indecisão que se reflecte no uso simultâneo da sigla completa (com insistência, pelo Líder*), do simples PSD pelo povo em geral (a página web é disso testemunha) e do pejorativo "os PPDs" por parte de alguns adversários políticos. Ora PPD, ora PSD, ora PPD/PSD, sempre em busca do verdadeiro (nas palavras do Líder*) catch-all party. Já o CDS-PP é totalmente diferente. Fruto do voluntarismo de um homem, a adição do PP indica, desde logo, nas letras iguais, uniformidade. Não há cá Cs, Ss ou Ds - há P e P. Depois, significa uma ruptura forte, transmitida por duas vias. No plano fonético, pela repetição agressiva da oclusiva bilabial surda: onde o CDS soa macio e lembra queijo da serra, o PP soa duro e lembra dois pistacios. No plano gráfico, pela novidade das letras relativamente à sigla CDS, que torna também o conjunto mais pronunciável, distinguindo-se do gago e maçador PPD/PSD (quem não sentiu já uma súbita impaciência e um desejo ardente de que acabe depressa quando Santana pronuncia o primeiro P?). Mas a diferença mais importante está no signo que separa as siglas. A barra vertical oblíqua do PPD/PSD remete-nos para uma reunião de grupos, ou, no máximo, para dois grupos alternativos que têm o mesmo valor funcional, tipo "NS/NR": não saber não é igual a não responder, mas desempenham uma função idêntica nas sondagens. Como quem diz: se és popular e democrata ou social-democrata, ou qualquer coisa de oblíquo entre ambos, anda cá. Já o hífen do CDS-PP desempenha uma função claramente determinativa e, nesse sentido, fracturante, tipo "marxista-leninista". Não se apela a todo o democrata com preocupações sociais: só àquele que for PP. Por fim, ao invés da estática barra, o hífen, na sua horizontalidade, instila uma noção de movimento, quiçá de transformação. Este ano a gripe é assim. *Copyright www.psd.pt
posted by PC on 3:30 da manhã
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POLITICAMENTE CORRECTO: De tempos a tempos discute-se muito a coligação que forma a CDU e os motivos que a sustentam. Hoje, num comício, apoiantes de Jerónimo de Sousa gritavam PCP ao invés de CDU. O líder partidário sublinhou que era devido a razões históricas que não apelavam ao "politicamente correcto CDU". Ficámos assim a saber também as razões da existência da CDU. Fantástica, a forma como a verdade vem à tona.
DUPLO ZERO À ESQUERDA: Conferindo os registos da TSF, ficamos afinal a saber também que se Sócrates for Primeiro-Ministro não haverá mais militares (deve estar a referir-se aos elementos da GNR...) no Iraque. "Portugal (...) deve estar apenas em tudo o que seja definido pela Europa". Europa?!?... Então e nós não temos nada a dizer? Vamos como cordeirinhos atrás do que a Europa disser? E que Europa? A dos Ingleses? A dos Franceses? A dos Espanhóis? E se os nossos interesses nacionais forem outros? Os outros é que mandarão em nós? É tamanha a nulidade e vacuidade do discurso de Sócrates que faz aflição que leve alguém atrás.
posted by VLX on 11:16 da tarde
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ZERO À ESQUERDA: O estilo da campanha socialista deve andar a enervar pessoas como Mário Soares ou Manuel Alegre, sempre tão prontas a dividir águas e a assumir posições, concordemos ou não com elas. O discurso vago, redondo, enrolado, encapotado, escondido dos socialistas actuais nada diz aos portugueses sobre o que pretendem fazer se forem governo. Só sabemos, pela TSF, que Sócrates "não amuará e respeitará a vontade dos portugueses", o que é pouco. Amuar? Era o que mais faltava! Já não devia ter idade para isso. Respeitar a vontade dos portugueses? É óbvio que tem de respeitar! Fazer o quê? Uma revolução? Uma declaração de "desrespeito pela vontade dos portugueses demonstrada nas urnas"? Convinha um mínimo de juízo nos políticos portugueses e que não tratassem os eleitores por papalvos. Se é apenas isto que nos tem a dizer, mais não é do que nada igual a zero.
posted by VLX on 11:10 da tarde
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A PROSÉLITA: A Anabela Neves da SIC merece bem um cargo de assessora no futuro governo PS. E daí, pensando bem, talvez não: a sanha anti-Lopes da mulher quase me faz simpatizar com Santana.
posted by FNV on 10:06 da tarde
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DURA E DURÁVEL: Agora que o rebuliço está a acabar, uma ou duas incertezas de alguém interessado no futuro do PSD. Passada a Unidade Provisória Para o Combate Eleitoral (UPACE), os adversários e os inimigos de Santana aparecerão em terreno partidário ( e não nos jornais ou nos blogues). Tenho no entanto as mais sérias dúvidas que na altura de o cortarem como a um bezerro do Líbano, possamos distinguir entre adversários consistentes ( que os houve) e oportunistas necrófagos ( que também haverá); Ou seja, muitos falarão em Março pela mesmíssima razão pela qual estiveram calados até Fevereiro*.
A UPACE, como todas as coisas escritas na areia, durou pouco. A derrota eleitoral do próximo dia 20 vai durar muito mais. Santana, quer lá fique dentro ( do partido) quer vá para os jornais, não se cansará de classificar os candidatos à sua sucessão como valentes que aparecem depois das batalhas travadas. Por isso é que eu não me impressiono muito com risinhos misteriosos acerca de supostas tentativas ocorridas em Junho último ou já na altura do congresso de Guimarães, para travar Santana. Num partido tão popular e reformista, as coisa fazem-se ás claras ( com ou sem UPACE )e aos olhos do tal povo social-democrata; ou não?
* A tese segundo o qual os críticos de Santana estiveram calados para não prejudicar o partido, em governo fragilizado ou em corrida eleitoral, é conversa para boi dormir. Manuela Ferreira Leite anunciou um "golpe de Estado", Marcelo foi o que se viu, e Pacheco Pereira, que eu saiba, nunca deixou de dizer o que entendia que tinha de dizer.
posted by FNV on 3:39 da tarde
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PARABÉNS "PÚBLICO": Pelo carácter e seriedade que demonstrou no seu mea culpa (com direito a primeira página!) relativo ao tratamento da aventada ou inferida posição política de Cavaco sobre o resulyado das próximas eleições. Penso que é uma atitude que engrandece o jornal e quem lá trabalha. Acrescendo que terá sido ainda mais difícil, neste caso, dado o "ódio de estimação" que é dispensado a Santana...
posted by Neptuno on 1:21 da tarde
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ESFORÇO: Do Hamas, em estragar a trégua assinada por palestinianos e israelitas. Hoje ( ontem) foi uma dezena de rockets em cima de um colonato judeu. Mas para a inteligência europeia, o Hamas é uma organização de beneficiência ( bem me recordo de uma discussão aqui na blogosfera, em tempos que já lá vão) que foi forçada à luta armada. Pelos vistos não quer outra coisa.
posted by FNV on 1:12 da tarde
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AFINAL GAGUEJA: Constança Cunha e Sá, na TVI, mostrou ontem aos seus colegas jornalistas como se pode fazer uma boa entrevista sem se ser malcriado ou desagradável. Basta estar bem preparada, como estava, bem documentada, como demonstrou estar, e fazer bem as perguntas certas, como fez. Com apenas isso (que deveria ser comum a todos os jornalistas), Constança Cunha e Sá mostrou-nos a todos a valente careca da Francisco Louça, a incoerência das suas afirmações, a inconsequência do que geralmente deita cá para fora sem contraditório minimamente capaz e a irresponsabilidade do que costuma apregoar sem que lhe exijam sentido às afirmações. Pelo meio, deu-lhe uma valente coça, obrigando-o a exercícios impossíveis de contorcionismo e malabarismo político, esfrangalhando-lhe completamente o discurso. Por fim, mostrou-nos uma nova faceta de Francisco Louça: o homem gagueja.
PRIMEIRA PÁGINA: Numa sessão de espiritismo ontem realizada em Lisboa, no Clube de Jornalistas, fonte próxima do fantasma de Sá Carneiro confidenciou a um dos presentes que o saudoso líder do PPD/PSD acreditava na vitória eleitoral do PS. Por entre algumas interferências protagonizadas pelos espíritos de Justerini e (&) de Brooks, a mesma fonte acrescentou que o distinto fantasma teria ainda enviado uma mensagem criptada e esotérica, dirigida a um governante, que rezava mais ou menos o seguinte: "Quem espuriamente arrasta almas em descanso para os seus jardins devolutos em dia de Entrudo arrisca-se à maldição do opróbio virtual". No final da sessão trocavam-se sorrisos e olhares cúmplices. É sempre bom para a alma e para a consciência quando o além confirma aquilo em que acreditamos e que gostamos de (e insistimos em) partilhar com os outros. Mesmo que o mundo dos vivos nos desminta...
ATRÁS DO TRIO ELÉCTRICO: Vi hoje na 2 umas imagens do Carnaval em Salvador, com os foliões a dançar ao som do trio eléctrico.
Vi depois umas notícias confusas sobre declarações e desmentidos que envolviam Cavaco Silva, Santana Lopes e Alberto João.
Cada um vai atrás do trio eléctrico que tem. Ai, Dorival, Dorival, que saudade da Bahia.
PROFESSOR CAVACO/SENHOR SILVA: Os eleitores andam confusos e o PSD tem de decidir-se: afinal quem governou o País durante uma década: o Professor Cavaco (e "ninguém fez mais por Portugal") ou o senhor Silva (que deixou tudo "nas mãos da esquerda") ?
posted by Velho do Restelo on 9:41 da tarde
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SIAMESES: Alberto João Jardim, convém recordar, o melhor candidato presidencial segundo Pinto da Costa, quer expulsar Cavaco Silva ( o Sr.Silva, como se lhe refere) do PSD e diz que "está com Santana contra o sistema". De facto, compreende-se a preferência do presidente do FCP.
posted by FNV on 7:08 da tarde
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(MAIS)GALEGUICES TERNAS:
Os teus paxaros choven miudiño
sober das miñas arbres, e tamén
sober distes meus beizos que che cantan.
Eu fago conta de que son da terra,
ou son unha silveira no teu colo,
na túa veira de aire e peixes
louros.
Recibindo o sabor da túa
paisaxe
-húmidas aves, novas, do
teu peito-,
eiquí estou, meu amor,
eiquí me choves.
Pese embora a menção à terrível palavra "aves", que abomino particularmente em poesia, este poema "O paxaro na boca", publicado em 1952 ( O livro de onde foi retirado tem o mesmo nome: O paxaro na boca, Lugo, Ed.Xistral 1952), é terno e simples. Sua autora, Luz Pozo Garza - nome belíssimo - galega de Ribadeo, andou sempre em volta das letras e chegou a dirigir a "Nordés/ Revista de Poesía e Crítica" e a "Clave Oríon". Viveu em Marrocos e publicou os seus primeiros poemas, nos anos 40, na extinta revista brasileira Intus. Mexidinha, a Luz (inha).
MORTE & MEMÓRIA: Os dedos sujos de tinta, os cabelos grisalhos antes do tempo, estoirado: " A Ana não me sai da cabeça". A Ana tinha doze anos quando morreu, tumor cerebral, um ano de agonia. O homem tem hoje duas filhas, a mais nova "foi concebida", diz-me ele numa língua estranha, quando a Ana estava no hospital. O tipo atirou-se ao trabalho, construiu a sua própria empresa, não tem horas nem fins-de-semana. Mas a Ana não lhe sai da cabeça, e agora, quatro anos depois, o homem está de rastos.
Mandei-o voltar a pescar, ordenei-lhe que voltasse mais cedo para casa. Se a nossa memória contrata um advogado, nada a fazer: os gajos são bons. Se o tempo nos atraiçoa, fazendo-nos crer que quanto mais dura menos arde, é dar-lhe pontapés como ao cão de gesso da sala de entrada. Só vencemos aceitando a derrota, gozando ao segundo a incerteza do resultado.
posted by FNV on 10:41 da tarde
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LAPSO LAMENTÁVEL?... Uma das grandes notícias da SIC (transmitida por diversas vezes durante o dia) é que Paulo Portas fez um enorme comício no Palácio de Cristal, embora se tenha esquecido de referir o nome do fundador do partido. A coisa é transmitida de uma forma tal que o ouvinte fica até a pensar que se tratou de uma gafe monumental, que era inacreditável que não se tivesse falado no homem, que ele até estaria lá, numa das bancadas (provavelmente de cravo ao peito...), incomodado por não ser chamado ao palco ou coisa do género. A notícia é dada como se fosse inconcebível não se falar no ilustre fundador do partido. À partida, poderia até imaginar-se que tudo não passaria de um lamentável lapso do actual presidente do CDS/PP. Posso esclarecer (embora sem mandato) que não é assim. Eu e a minha bandeira estivemos lá e somos testemunhas de que Paulo Portas não falou do fundador do partido apenas porque no seu discurso se limitou a falar no que o CDS fez neste governo e se propõe fazer no próximo, sem nunca se referir aos seus adversários.
DISCURSOS DE CAMPANHA: Quando Paulo Portas disse que faria uma campanha pela positiva muitos disseram que não acreditavam mas o discurso que fez ontem no Porto mostra que estavam enganados. Enquanto assistimos aos discursos do PS - sempre a criticar o PSD -, aos do PSD - sempre a defender-se das críticas do PS -, aos da CDU - sempre a criticar o mundo -, e aos do BE - que só sabem criticar não importa o quê -, escutar um discurso de quase uma hora de um líder partidário que não afronta nem sequer se refere aos seus adversários - mas apenas ao que fez e ao que pretende fazer no futuro - é de louvar com entusiasmo. Estranho é que os mesmos comentadores que se queixam da descida de nível do debate político não enalteçam este tipo de situações...
MEIA EMENDA: Em operação blitz, as brigadas do CDS-PP substituíram o "e" por um "i" nos cartazes da co-incineração. Mas deixaram o sorriso de Nobre Guedes na mesma.
posted by PC on 1:44 da manhã
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ACONCHEGO IX: Este frio agora sim. Tem gelo e chuva. Estamos como as bonecas femininas no teatro de bunraku: somos apenas cabeça e mãos.
O cemitério está cheios de tipos que não votam, que não são indecisos nem têm frio, por isso achei que devia lá passar. Estava tudo bem, alguns trocavam lentamente de luvas e gorros. Arrisquei se um comício nessa zona não seria boa ideia. Responderam-me afinal enregelados: traz um amigo também.
posted by FNV on 1:38 da manhã
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NERVOSO MIUDINHO: Vai-se percebendo por aí um certo nervoso miudinho . É verdade. Nunca se tinham notado nas sondagens tantas intenções de voto nesta altura, nunca se tinha visto tamanho entusiasmo a esta distância das eleições. Acompanho estas campanhas desde criança e não me lembro de ter visto tantas pessoas (numa fase semelhante) como encontrei em Santa Maria da Feira. O Palácio de Cristal estava quase cheio, num dia enregelado em que jogava o (campeão nacional, europeu e mundial) FCP e no meio do fim-de-semana do carnaval. A coisa está a assustar certa gente e a alegrar muita mais. Mas aqueles que estão assustados com estas intenções claras dos eleitores deveriam antes pensar no que alegadamente defendem: se o povo tem sempre razão, porque querem tentar contrariá-lo?
posted by VLX on 1:35 da manhã
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MAIORIAS ABSOLUTAS DE UM PARTIDO PARA QUÊ?!?... Jorge Sampaio já elucidou definitivamente o povo português: não interessa nada existir uma maioria parlamentar porque o PR pode (mesmo nesse caso) dissolver a AR na maior das calmas e apenas porque lhe apetece. Assim sendo, é legítimo perguntarmo-nos se não será muito melhor existir um governo maioritário de coligação, em que um dos grupos seja temperado por outro, alargando-se assim a representatividade do país, em benefício de todos e da democracia. O facto do partido que liderar um governo ter de discutir e de se entender com outro para fazer passar uma regulamentação ou uma orientação para o país deveria ser visto como uma coisa benéfica, democrática, e não como algo prejudicial.
Quando escrevo este raciocínio modesto, penso não só à direita como à esquerda. Se o PS tiver de se entender com a CDU ou com o BE para governar, que se entenda: os portugueses cá estarão para ver e julgar um PS que se amanha desta maneira e com esta gente.
O que não faz o menor sentido é o PS (ajudado pelos seus novos acólitos) andar por aí a implorar a maioria absoluta. Pois se nem em minoria, quando tinha de negociar com este e com aquele e por esses era ajudado, o PS conseguia governar decentemente, por que estranha razão o conseguiria fazer condignamente em maioria absoluta? O que é que eles não fizeram por não ter maioria? O que é que eles teriam feito de diferente, tendo maioria? Tendo maioria, Guterres não teria fugido do pântano? Tivessem tido maioria, tinham desbaratado menos as finanças públicas? Houvesse maioria socialista, não teriam inventado as nefastas scuts? Em maioria, controlariam o rendimento mínimo garantido? Em maioria, teriam mexido no arrendamento? Na legislação laboral? O que teriam feito em maioria que não puderam fazer em minoria?
Eu sei que o PS se recusa a dizer o que vai fazer no governo ou como o vai fazer. Todos sabemos que o PS não diz o que fez quando era governo, porque é melhor nem falar no assunto. Mas, uma vez que agora nos pede a maioria absoluta, poderia ao menos ter a decência de dizer o que teria feito se a tivesse tido antes. É o mínimo que se exige a quem nos quer governar: se o PS não quer dizer o que pretende fazer no futuro, que diga ao menos o que tinha pretendido fazer anteriormente com a maioria absoluta que reclama agora.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.