BEM LEMBRADO: Pelo arquivo do processo Apito Dourado, aquele episódio no qual Deco, depois de ter sido expulso, atirou uma chuteira ao árbitro (!) em pleno relvado e tudo o apito levou.
posted by FNV on 9:41 da tarde
#UM BELO EPITÁFIO PARA O EPISÓDIO DAS CARICATURAS: Assinado por Gérard Labrunie, mais conhecido por Nerval em honra de uma velha propriedade rural familiar . Filho de um médico que curou maleitas militares na Silésia, tradutor de Heine e de Goethe, viajante pela riviera di ponente, falido e enforcado numa gelada noite parisiense de Janeiro de 1855. Um pedaço dessa boa, cansada e contraditória Europa, de que tantos se enfastiam:
"Je sais pourquoi là-bas le volcan s'est rouvert... C'est qu'hier tu l'avais touché d'un pied agile, Et de cendres soudain l'horizon s'est couvert.
Depuis qu'un duc normand brisa tes dieux d'argile, Toujours, sous les rameaux du laurier de Virgile, Le pâle hortensia s'unit au myrte vert!."
posted by FNV on 9:20 da tarde
#BREAKING NEWS!: As representações diplomáticas da China, os restaurantes e os bairros chineses estão a ser atacados em várias cidades dos EUA e a bandeira da China é cuspida e espezinhada por multidões em fúria. Motivo? O filme western gay Brokeback Mountain, realizado pelo chinês Ang Lee. Num país em que o cinema é a religião, o Marlboro Man é o seu ícone mais sagrado e a população não aceita que venha um chinês infiel abastardar um símbolo viril, duro e rude, e transformá-lo num homossexual. Já foi decretado um embargo aos crepes, a Winchester oferece munições grátis a quem quiser integrar uma patrulha de vigilantes contra o perigo amarelo e já se fala em Ang Lee como o próximo ?cliente? de Guantanamo. O Governo português já veio a público condenar a monstruosidade de que o Marlboro Man foi alvo, reprovando o abuso da liberdade de expressão e considerando que figuras sagradas como o Marlboro Man, a Virgem Maria, Jesus e Maomé não devem ser apoucados desta maneira tão aviltante e irresponsável.
posted by Neptuno on 6:12 da tarde
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RICHARD SWIFT: Para quem ainda goste de canções, é uma das melhores descobertas dos últimos tempos.
UM A UM: Dando uma volta por alguns dos blogues e sítios islâmicos de residentes na Europa, os que costumo frequentar, registo a primeira vitória dos mullahs: "vejam como a democracia só serve para blafesmar contra os valores sagrados do Islão". Por outro lado, registo a ausência de mobilização para a violência ( alguns bem tentaram, outros bem a têm impedido) nas comunidades islâmicas que vivem no espaço europeu: nem uma pedra foi atirada.
posted by FNV on 10:46 da tarde
#E AGORA UMA COISA VERDADEIRAMENTE IMPORTANTE: É melhor mudar o óleo do carro quando está quente ou quando está frio?
posted by FNV on 9:07 da tarde
#NÃO LEIAS, NÃO LEIAS: Luís Afonso, cartonista ( é assim que se diz?) do Público, nem quer acreditar na "equivalência" que Vitalino Canas fez hoje no parlamento. O bom do Luís, se lesse blogues, morria de espanto.
posted by FNV on 8:59 da tarde
#NEM É MALDADE: É mesmo ignorância, pura, daquela que a leitura de meia dúzia de lombadas de livros não cura. Refiro-me ao desporto blogosférico que consiste em encontrar exemplos de atropelo aos direitos humanos para dar a entender que não somos - nós, os ocidentais - melhores que eles - os muçulmanos, e isto a propósito da liberdade de expressão(!). Não é necessário relembrar a cabeça cortada na esquadra de polícia de Sacavém ou cada caso de bastonada em manifs estudantis . A principal estupidez consiste, claro, na equivalência dos planos; a segunda, em colocar a coisa em termos de avaliação comparativa de culturas. Mas evitar tais disparates é muita areia para tais cabeças: já não cabe lá nenhuma.
posted by FNV on 3:24 da tarde
#UNS E OUTROS: Um blogue islâmico moderado mas pouco interessante - www.abdusalaam.blogspot.com -, um duro mas interessante - www.abusinam.blogspot.com - e um ( só) aparentemente pouco duro, mas definitivamente muito interessante: www.hijabiapprentice.blogspot.com. É só clicar.
posted by FNV on 12:18 da tarde
#OUTRO RETRATO: Não tiro uma fotografia magro desde os oito anos, por isso escrevo. Entre-se em Seia, vindo de Nelas. Atravesse-se a povoação, passando-se pela rotunda da Galp - mas comprem-se entretanto dois trenós para gáudio da criançada - e tome-se lentamente a direcção da Torre. Sim, a Torre. Percorram-se mansamente uns quilómetros por aquela ziguezagueante estrada, atrás de uns passeantes cumpridores duma imaginária velocidade máxima de 20 kms/h e engolindo os fumos dos escapes de diversas camionetas de passageiros adquiridas já em período de reforma a um qualquer país europeu. Uns quilómetros depois, parados, desligue-se o carro e prepare-se a paciência, depois de se ter sulcado vagarosamente uma estrada picada de valas traiçoeiras. Passem-se dez, quinze, vinte vagarosos minutos mirando diversos grupos de três homens manjando dos tachos já frios, ou fumando e conversando à soleira da porta do automóvel que estacionaram na berma da estrada, em plena estrada, no meio da estrada, porque não existem parques de estacionamento, impedindo a circulação automóvel civilizada. Pastam, com os seus minúsculos cães irritantes vestidinhos de colete de lã, gozando o sol junto à neve já não sei bem a que horas do dia. Mas não são mansos e revoltam-se quando alguém sai do carro e lhes pede que desimpeçam a estrada, que permitam a passagem dos outros carros. O dia está frio e brilhante mas eu queria estar em casa. À minha direita, a muito menos de trezentos metros, num largo prado junto à serra, quase trezentas mil pessoas castanhas e lanhosas se acotovelam como focas preguiçosas em dia de sol quente, embrulhadas em sacos de plástico que utilizam também para escorregar pela neve. Toda a gente é sorridente, atira palavrões amigáveis e cheira deliciosamente a queijo podre. Uns arrebentam as pobres narinas com as pontas dos dedos sujos de doce ou de leite achocolatado; dezenas de gordas amareladas descansam alegremente nos braços abertos dos seus rapazes, dentro dos seus carros, de portas também abertas, numa temperatura um pouco descontrolada, provavelmente curando-se da malfadada semana de trabalho.
Tudo o resto é português: há lixo espalhado pela serra, desde triciclos partidos até bidões ferrugentos. Os homens levantam-se, arrotando e palitando os dentes, mas não vão recolher os detritos que plantaram nem desimpedir a estrada que estrangularam com o estacionamento selvagem.
"Não há guardas?", pergunta o viajante mais novo: "Há, há, mas estão noutra, vêem os quatro rodas mal parados e ficam de quatro patas", responde alguém.
E o que segue é história: a feliz meninice divertiu-se finalmente um bocado, dando lucro ao dia. Não se vislumbrou um local aprazível para merendar, foi impossível encontrar alguém minimamente solícito que conseguisse partir finamente uma fatiazinha de presunto e não vi o Filipe Nunes Vicente. Que pena, Filipe. É que é um sítio onde nunca mais na vida - aqui o garanto - nos poderemos cruzar!
Jo 2:16: O Diário de Coimbra, por ocasião do aniversário da morte da Irmã Lúcia, lança, em edição exclusiva, um prato comemorativo com a sua fotografia. São 15 euros (14 para assinantes).
posted by PC on 12:14 da manhã
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NON SUNT MILITES SED PRO MILITE: Registo que algumas pessoas acreditam agora que nem tudo é reduzido à perspectiva marxista. Já por várias vezes tentei, na medida das minhas limitações, alertar aqui para o facto de a religião não poder ser vista apenas com uma "questão intíma". Isso é apenas, no ocidente, o resultado do alargamento do raio da circunferência, fazendo descoincidir lei e moral. A dimensão religiosa diz respeito a muito mais: à forma como nos vestimos, ao que comemos, ao que pensamos do estrangeiro, à maneira como tratamos mulheres e crianças, etc. Roma teve um problema com as Bacanais e Atenas com com a profanação dos bustos de Ceres, e a esse propósito Finley cita a fórmula de Salústio parafraseada por Sérvio (non sunt milites sed pro milite): "esses voluntários não eram soldados mas substitutos de soldados". Os substitutos de soldados são perigosos porque não juram ao general . A dimensão apolítica da dissensão religiosa abana a quietude ocidental, pois que a julgavamos enterrada, os substitutos de soldados parecendo-nos a nós, ocidentais, demasiado estranhos. Estamos preparados para guerras humanitárias ou económicas em quadro pré-definidos mas já esquecemos há muito como é a guerra de voluntários. Assim sendo, é melhor deixar de lado a perspectiva bélica.
FÉRIAS JUDICIAIS: Quando tem de ser a realidade a demonstrar que o Ministro estava completamente enganado, percebe-se perfeitamente que é porque o Ministro não conhece toda a realidade que tutela. Mas se se demonstra que o Ministro desconhece por completo a realidade que tutela, não se percebe de todo porque tutela o Ministro uma realidade que não conhece. Isto parece-me óbvio.
posted by VLX on 11:35 da tarde
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DOUBLE TALK: Aguardo a próxima reunião do G-8 e a inevitável manifestação anti-globalização, de meninos com passa-montanhas enfiados na cabeça e lenços palestinianos ao pescoço, atirando pedras , queimando carros e saqueando lojas; aguardo, curioso, o que escreverão então os defensores intransigentes da "obrigação do protesto civilizado", próprio do "ocidente civilizado e livre".
posted by FNV on 2:45 da tarde
#GUERRA II: O post anterior com o mesmo nome relativo aos famigerados cartoons, ao referir a "sabujice politicamente correcta" e os "auto-induzidos complexos de culpa" - em contraponto à firmeza e convicção que a situação pedia - parecia adivinhar a lamentável posição assumida pelo governo português. Embora não fique espantado com o seu teor - quem sabe, não estará alguém a posicionar-se para um cargo de relevo que careça dos votos do mundo árabe - penso que se trata de uma atitude rastejante que nos cobre a todos de vergonha.
posted by Neptuno on 12:35 da tarde
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UM RETRATO: Deixei de fotografar há oito anos ( e não fazia nada de jeito), por isso descrevo. Sai-se de Seia, passa-se a rotunda da GALP e toma-se a direcção de Nelas. Um quilómetro andado, vira-se à esquerda e prepara-se um carro e a paciência para uma picada de terra batida, sulcada por valas e rifts traiçoeiros. Ao fim de dez vagarosos minutos, bispamos três homens sentados à soleira da porta, a fumar e a conversar. São os pastores, aos seus pés três enormes cães serra-da-estrela gozam o sol do final da tarde. Julguei ser o fim da tarde e da viagem. Mas não, são mansos, e pudemos sair do carro. O dia está frio e brilhante, mas o que eu quero está dentro de casa. À minha direita, a trezentos metros, num largo prado encostado à serra, quase trezentas ovelhas bordaleiras, castanhas e lanosas, acotevelam-se como deputados em dia de votação de orçamento. Toda a gente é sorridente, amigável, as queijeiras estão a fazer queijo. A casa arrebenta-me as narinas com o cheiro doce do leite coalhado, dezenas de grandes rodelas amarelas descansam da cura, em duas câmaras com temperatura controlada. Tudo o resto é português: há lixo espalhado pela quinta, desde triciclos partidos até bidões ferrugentos. Os homens levantam-se, os cães seguem-nos obedientes, vão recolher as ovelhas. "Não há lobos?", pergunta a viajante mais nova: "Há, há, mas são outros, por vezes roubam ovelhas e vêm em quatro rodas em vez de quatro patas", responde um dos pastores. E lá seguem, os verdadeiros binómios cinotécnicos, a caminho do seu trabalho.
posted by FNV on 12:15 da tarde
#UMA CERTA CONFUSÃO: Alguns cronistas do reino confundem a "ingénua exportação da democracia" para terras muçulmanas com a ajuda à modernização do Islão. São coisas diferentes. A modernização do Islão é um trabalho que pensadores como Soroush e Said descrevem como lento, muito lento. Claro que poderá integrar a adopção de algumas estruturas e procedimentos já comuns nos ocidentes ( queimando algumas etapas), mas terá também que fazer um longo caminho. No caso da Europa, o trabalho terá de ser feito, ab ovo, com as comunidades islâmicas residentes. Não vale muito a pena as elites moderadas que vivem na Síria ou na blogosfera iraniana correrrem os riscos que correm, se as comunidades residentes na Europa acolhem os recém-chegados como se estivessem em Teerão. O tão execrado multiculturalismo apregoou algumas imbecilidades, é certo, mas a via não é completamente idiota: um ponto de equílibrio entre as tradições islâmicas e a liberdade ocidental pode ser conseguido. Aliás, se não o for em Copenhaga ou em Paris, não o será, certamente, em Damasco ou em Tripoli. Se as paquistanesas residentes em Oslo são obrigadas ao hijab, e os seus maridos acham que todas as crianças norueguesas são ilegítimas, pouco se poderá fazer pelos seus primos e primas que ainda vivem no reino da fiqh.
Não ficou claro se também acompanha a posição oficial do Governo na identificação de "Cristo e da sua Mãe, a Virgem Maria" como os "símbolos fundamentais" da religião católica.
No meio do episódio de loucura generalizada que vivemos, só faltava um Governo socialista, acompanhado por um Partido Comunista, definir em comunicado oficial quais são os símbolos da religião católica que devem ser respeitados.
GRANDE HOLDERLIN! Em carta a Neuffer, de Junho de 1797, apaixonado pela mãe dos seus pupilos (Susette Gontard), sentia-se alegre como uma águia. Eu não diria tanto, nesta altura do campeonato...
posted by FNV on 9:04 da tarde
#TODA A TECNOLOGIA POTENCIA A ESTUPIDEZ HUMANA: Comentadores anónimos ( pois claro...) que dizem de mim o que Maomé não diria da Dinamarca, lêem-me no entanto todos os dias (!!!) e ainda vão chorar o abandono a que os votei, nas caixas dos comentários dos meus compinchas de blogue. Enternecem-me tanto, que qualquer dia reabro a caixa de comentários.
posted by FNV on 7:42 da tarde
#GUERRA: Julgo que é D. João II que é normalmente citado quando se afirma que para ganhar a paz temos de nos preparar para a guerra. Nesse contexto, desde o 9/11 que a civilização ocidental deveria ter percebido que tem, de facto, um inimigo, que esse inimigo é o fundamentalismo islâmico e que a guerra começou naquela data. Não significa isto que se deva começar a "bombardear" indiscriminadamente o "inimigo", mas sim demonstrar firmeza e convicção no que se defende e preparar qualquer eventualidade. A última coisa que se precisa é de sabujice politicamente correcta e auto-induzidos complexos de culpa. Com a vitória do Hamas na Palestina, tenho lido (às dezenas) as alusões à vitória eleitoral de Hitler na Alemanha. No entanto, a reacção da Europa aos ataques às representações diplomáticas da Dinamarca e aos tumultos ocorridos na própria Europa, lembram-me outras personagens contemporâneas de Hitler: Chamberlain e Churchill. A história registou o primeiro como um fraco, que se humilhou perante o ditador alemão, pactuando pela passividade com os sucessivos acordos violados por aquele - que lhe permitiram armar o maior e melhor exército da época - até se chegar à situação de guerra. O segundo, que enquanto na oposição a Chamberlain era acusado de alarmista e belicista - nos seus constantes apelos sobre a necessidade de enfrentar o perigo nazi - ficou na história pela firmeza e liderança que demonstrou na forma implacável como fez frente a Hitler. Ignorar a guerra que já começou é meio caminho andado para a tornar inevitável.
posted by Neptuno on 3:24 da tarde
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DUAS, TRÊS OU MAIS: Afonso VII, depois da reconquista de Toledo, proclamou-se imbiritur dhu-millatayab, "chefe das duas religiões", adoptando um título usado pelos califas abássidas. Os reis cristãos do norte iam mais longe e intitulavam-se "imperadores das três religiões". Assim, mudéjares, cristãos e judeus, tinham todos os mesmos chefes e ninguém se zangava.
posted by FNV on 12:00 da tarde
#OREJAS, RABO Y SALIDA A HOMBROS: Segundo o DN de hoje, "portuguesas vão poder dar à luz em Badajoz". Bueno, se as portuguesas já lá podem ir abrir as pernas para abortar e parir, só lhes falta poder lá ir fornicar. Devidamente autorizadas.
DESANUVIAR: "Não ter a sorte do jogo" equivale, normalmente, a ter azar com a arbitragem.
posted by PC on 1:17 da manhã
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NUMA MORTE DE RILKE: No vigésimo aniversário do passamento do poeta, a 29 de Dezembro de 1946, Heidegger proferiu uma pequena conferência para um auditório privado sob o título " Para que servem os poetas?". Heidegger aproveitou a elegia de Holderlin que indaga "da utilidade dos poetas em tempos de penúria". O lenhador discorreu, nesse dia, sobre o tempo de penúria do Ocidente: oculta a essência da morte, da dor e do amor, a penúria nascendo do rechaçar permanente do abismo do ser. Palavras difíceis? Não tanto. Qualquer psi honesto (e que exerça) compreende as palavras de Heidegger: morte, dor e amor só existem hoje para serem combatidos sem tréguas. A morte, porque inevitável, é combatida negando a sua natureza: só se morre por descuido. A dor é perseguida tenazmente por exércitos de profissionais dedicados, pois que ela é apenas produto de escolhas insensatas. O amor foi há muito enterrado, nas trincheiras do direito, pela retórica libertadora dos tribunos: é uma opção. Um fantasma, uma estupidez e uma escolha: não espanta que os tempos sejam de uma saudável penúria. Sem abismos, apenas planícies.
posted by FNV on 12:09 da manhã
#ONDE ESTÃO (II): Os milhões de muçulmanos que vivem na Europa não mexeram uma palha por causa dos cartoons, pela simples razão que percebem a diferença: na Europa, um jornal não é um panfleto governamental . A secularização é lenta, mas é nossa.
O DIABÓLICO PLANO DO HOMEM-VACA: Koo-man, claro. O plano - baptizado secretamente de Operação Plistocénico - é o seguinte: com a chegada do frio e com a equipa recheada de brasileiros e morenos meridionais, o homem-vaca compreendeu que tinha de fazer algo. Vai daí, congelou tudo: a paciência do Quim, as pernas do Alcides, as mãos do Moreto, a transferência do Simão, a cabeça do Luisão, as tranças do Nelson, a fitinha de cabelo do Nuno Gomes. Para nos enganar, o ex-presidente da casa do FCP do Luxemburgo fingiu que reforçou a equipa: foi buscar um suplente do Portsmouth, um brasileiro com nome de farinha de milho ao Marítimo, e à Académica (!) pediu emprestado (!) um avançado. Não sei se estão a topar, mas é genial: com a chegada da Primavera, os reforços-a-fingir vão para o banco e os congelados descongelam como os mamutes. Os nossos adversários, quais paleontólogos perplexos, fugirão apavorados.
posted by FNV on 11:56 da manhã
#SENTENÇA DO DIA ( ANAXIMANDRO):
A fonte da geração de todas as coisas existentes é aquela na qual, a destruição também acontece, por necessidade; pagam castigo e retribuição umas às outras, de acordo com o decreto do tempo.
Esta fórmula não está correcta, pois que é uma miscelânea da minha autoria ( espero que os gregos não me ostracizem) a partir das versões de Maria Helena Rocha Pereira e Heidegger sobre a tradução de Diels e também sobre a versão de Nietzsche, tudo cruzado em traduções diversas. Mas o essencial está lá, nesta que passa por ser a mais antiga sentença do pensamento ocidental.
ONDE ESTÃO? Serão 15, 18 ou até mesmo 20 milhões, os muçulmanos a viver na Europa. Onde está a sua indignação diante do pequeno episódio das caricaturas de Maomé? Dou uma ajuda: comecem pela igreja de San Petronio, em Bolonha. Lá, um fresco de Giovanni de Modena (salvo erro do século XV) representa um Maomé torturado no círculo nono do Inferno de Dante. A 24 de Janeiro de 2002, o Guardian noticiava, sem causar comoção a ninguém, que o rapaz conhecido no meio como Amsa o Líbio, tinha sido detido em Londres três semanas antes. Parece que "trazia instruções" da Al-Qaeda para células inglesas, belgas e espanholas, com um objectivo específico: fazer explodir a dita igreja. Avisadamente e desde então, os responsáveis pela igreja puseram o fresco de Giovanni numa parede lateral e num ângulo tal, que é impossível ler a inscrição - Mahomet - no corpo do torturado. A comandita chilreante dos jornais excitou-se ( até tresleu o velho Marx) com meia dúzia de incêndios em embaixadas de exportadores de bacon & cerveja. Pensem um bocadinho o que teria acontecido se a turma residente se tivesse zangado a sério. E já agora, se não for pedir muito, rebusquem no vosso ocioso córtex pré-frontal por que motivo tal (ainda) não aconteceu.
O ECUMENISMO DA AUSTERIDADE: Por causa do pequeno circo que se montou à volta das caricaturas de Maomé, assistimos a um fenómeno peculiar. Alguns - não todos - dos que mostram hoje muitas reservas em relação à publicação das ditas, por constituirem, dizem, ofensa a uma religião, não tiveram pejo em afirmar, num passado recente (e imperfeito), que a responsabilidade pelo terrorismo da Al-Qaeda e congéneres se devia imputar, em último termo, à própria religião islâmica. O paradoxo só pode explicar-se pela intervenção do factor riso. Afirmações daquela natureza ganham uma certa dignidade quando postas num plano cognitivo, sujeitas a uma discussão teorética para a qual se convocam teólogos e outros sages (é uma religião pacífica, não é uma religião pacífica, etc.). Mas parece já não ser tolerável um statement com o mesmo conteúdo feito através de uma caricatura - isso é ofensa e falta de respeito. Definitivamente, Umberto Eco tem razão: o riso não apraz às congregações religiosas - mesmo quando cai sobre o vizinho do lado, até inimigo circunstancial. Eis o ponto de convergência, a trégua insuspeitada, a "ponte" entre "culturas". Tenho algum medo. (Act.: como o Luís, que já o tinha dito).
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.