SEM VERGONHA: Quando no outro dia li a arrumação que MJO, do Público e do Glória Fácil fez dos blogues de extrema direita, no seu jornal, sorri. Nunca os jornalistas utilizam o mesmo tipo de linguagem nem , digamos, a mesma atmosfera, para enquadrar os blogues da esquerda dita radical: o insulto pessoal, a recusa da discussão de ideias trocada por uma virulência boçal, em suma, o ódio, puro e simples. Querem (mais) um exemplo da auréola desses meninos democratas e alter-globalizantes? Leiam a discussão que o Muro Sem Vergonha (link na coluna respectiva), faz do editorial de JAS, do Expresso deste Sábado.
Mas quando a mesma linguagem, nas mesmas circunstâncias, é utilizada contra o presidente de uma associação anti-rascista, ou contra um defensor dos direitos dos gays, cai o Carmo e a Trindade. É triste, mas é assim.
posted by FNV on 11:38 da tarde
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VÍTIMAS DA PROPAGANDA: Á atenção dos relativistas e cínicos de serviço. Afinal parece que a maior parte da população de países islâmicos aspira a viver em sociedades mais democráticas (do tipo ocidental, não estamos a falar de democracias populares e outras degenerescências). E entende que isso é compatível com a manutenção de um papel relevante da religião nas suas sociedades. Como é possível que eles partilhem aspirações e valores com os ocidentais ?
São as conclusões de um estudo global efectuado pelo Pew Institute (dirigido por essa perigosa neo-conservadora que é Madeleine Albright). Claro, uma sondagem é só uma sondagem. O que é isso ao lado de um bom atentado, enquanto barómetro da vontade dos povos ? Devem ser vítimas da propaganda americana e capitalista. Ver notícia aqui.
AMOR AMOR: A.C.Milan:1, Fc.Porto:0. Os Super-Dragões, soube de fonte segura, farão escala em Milão para ovacionar mais uma equipa italiana. Ganharam o hábito, e o hábito, ganhou-os a eles.
posted by FNV on 11:36 da tarde
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VAMOS LÁ VER: se a ortografia escapa. O meu caro amigo Luis Moura, do Muro Sem Vergonha (link na coluna da direita), entre outros elogios, reassegura-me que o Hamas, como diria La Palice, se se dedica à assistência social, tem necessáriamente de ser mais qualquer coisa do que um grupelho terrorrista. A adição de uma propriedade da coisa a outras propriedades da coisa, necessáriamente altera a nossa percepção da coisa. Por exemplo, um talhante de S.Pedro do Sul, bate todos os dias na mulher e na filha. Bate-lhes sem dó nem piedade, com o cinto e com o cabo do cutelo. Mas também corta, vende e percebe de carnes. E conduz uma carrinha, e mija, e vê futebol e novelas. E joga sueca e matraquilhos. E dá todos os anos, pelo Natal, roupas velhas à Casa do Gaiato.
Ou seja, o talhante, não é só um filho da puta. Mas o Luis Moura pode sempre pegar pela ortografia. Ou pela semântica.
posted by FNV on 11:25 da tarde
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VIGILANTES: Em toda a extensa costa portuguesa, apenas uma pequena parte se manteve razoavelmente incólume à pressão e especulação urbanísticas induzidas pelo turismo. Falo da faixa litoral entre Tróia e Sagres (com a excepção de Vila Nova de Milfontes, que já é um caso perdido). É ainda possível por aí fazer férias em comunhão com a Natureza e frequentar boas praias, sem os inconvenientes do trânsito e das urbanizações selvagens.
Mas é por conhecermos o triste destino da restante costa que nos devemos manter atentos e vigilantes. A Quercus lançou hoje um alerta sobre algumas praias da costa alentejana, aproveitando o ensejo para lançar farpas à Associação da Bandeira Azul. Independentemente de rivalidades entre organizações e instituições ambientalistas, convém manter os olhos bem abertos. Para salvar o único pedaço de Paraíso imaculado junto à costa que nos resta.
posted by NMP on 12:06 da tarde
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PIRATARIA: Um bom artigo sobre o fenómeno de pirataria que assalta a indústria da música e o cinema. A pirataria é tanta (explodiu graças à Internet) que está a provocar alterações sensíveis no modelo de negócio destas indústrias.
posted by NMP on 11:07 da manhã
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CIDADANIA II: Registo com agrado que o post anterior sobre o mesmo tema encontrou algum eco na blogosfera, nomeadamente, no Bloguítica Nacional e no Foi Um Ar Que Se Lhe Deu. No entanto, pareceu-me que tanto PG como AP, respectivamente, interpretaram o dito post como versando exclusivamente a vertente da participação política activa por um qualquer cidadão. Resumidamente, PG discorreu sobre o lado negativo do referendo e AP sobre a "intolerância" dos membros permanentes do actual espectro partidário para com qualquer manifestação política da sociedade civil.
Cumpre-me dar a mão à palmatória, já que uma (re)leitura atenta do post permitiu-me concluir que a responsabilidade por tal interpretação é minha. Mas, trata-se de mais do que isso. A cidadania que pretendia focar como desejável não é tão (ou tão pouco) ambiciosa. Não se circunscreve à efectiva possibilidade de participação política activa mas "apenas e também" à cidadania que se reflecte numa justiça de facto, eficaz e célere, e no sentimento de que é possível responsabilizar politicamente os eleitos. Sendo realista, nos tempos que correm a responsabilidade política já seria uma grande dádiva.
A realidade, no entanto, demonstra-nos que a responsabilidade política é uma lenda e que a justiça (célere e eficaz) não existe.
A cidadania que se pretende é aquela que, para além dos direitos inerentes a um sistema democrático, assegure aos cidadãos que o seu voto conta - na responsabilização dos políticos que erraram por acções, inacções ou ausências - e que terão sempre a possibilidade de fazer valer os seus direitos na justiça - ainda em vida - e de verificar que os infractores são castigados.
Para ser cidadão não basta querer, é preciso que que as leis o permitam. As leis são feitas pelos eleitos. Se os eleitos não o permitem estaremos perante um totalitarismo democrático - os políticos como uma corporação que não serve o país, nem os seus cidadãos mas apenas os interesses da classe. A história mostra-nos onde é que isto acaba...
Voltando aos posts de PG e de AP, concordo que o referendo abre a janela a possíveis manipulações. Outra forma de descredibilizar a "descredibilizada" democracia é tentar repetir referendos cujo resultado não nos agradou - diz-se que o exemplo (muito mau, neste caso) vem de cima...
A exclusividade que os partidos tentam (e conseguem ) assegurar da vida política do país é um facto "eucalíptico". Gostava de deixar dois tópicos: (i) as "jotas", de onde saem 90% dos nossos (?) políticos, como escolas de carácter e (ii) a vontade que terá qualquer cidadão de intervir na política se for confrontado com a realidade dos "aparelhos" e/ou de uma imprensa sem tutela dos (e apenas dos) tribunais.
Finalmente, não posso deixar de referir duas afirmações de PG e AP, respectivamente: (i) "Acresce, que o alargamento do espaço de cidadania sem que os cidadãos estejam preparados para a exercer, muito provavelmente jogará a favor de políticos e de agendas populistas."; e (ii) qualquer coisa como no interior dos partidos haver falta de capacidades individuais para participar em reflexões e actividades políticas.
Sem querer ofender os meus amigos, quantos tiranos não terão dormido descansados no conforto de tão aconchegante reflexão?
posted by Neptuno on 2:56 da manhã
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O MAR SEGUNDO BORGES (2):
O mar
O mar. O jovem mar. O mar de Ulisses
E o daquele outro Ulisses que essa gente
Do Islão baptizou famosamente
O Sindbad do Mar. O mar de brisas
E ondas de Eric, o Vermelho, alto na proa,
E o daquele cavaleiro que escrevia
A epopeia e também a elegia
Da sua pátria, em pântanos de Goa.
O mar de Trafalgar. O que a Inglaterra
Foi cantando na sua longa história,
O árduo mar que ensanguentou de glória
No diário exercício dessa guerra.
O incessante mar que numa linda
Manhã volta a sulcar a areia infinda.
Jorge Luís Borges, O Ouro dos Tigres (1972)
posted by NMP on 2:35 da manhã
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O MAR SEGUNDO BORGES (1):
O mar
Antes do sonho (ou o terror) tecer
Mitologias e cosmogonias,
Antes que o tempo se cunhasse em dias,
O mar, o sempre mar, já estava e era.
Quem é o mar ? Quem é esse violento
E antigo ser que rói estes pilares
Da Terra, e é um e muitos mares
E abismo e resplendor e acaso e vento ?
Quem o contempla o vê pela vez primeira,
Sempre. Com o espanto que as perfeitas coisas
Elementares deixam, as formosas
Tardes, a lua, o fogo da fogueira.
Jorge Luís Borges - O Outro, o Mesmo (1964)
posted by NMP on 2:26 da manhã
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SEMÂNTICA: Acabadinho de ouvir, pela milionésima vez, neste caso, na TSF: um palestiniano foi morto, não interessa agora se por um míssil ou um tiro, a autoria sempre bem identificada: o exército israelita. Foi morto. Sabem como é que a TSF costuma dar as novas das façanhas do Hamas ou de quaisquer outros bravos? Assim: três pessoas morerram hoje ( por ex, em Tel-Aviv na sequência de um atentado...), podendo ou não, ser referida a autoria do mesmo, o que para o caso é secundário.
Foi morto é a mesma coisa do que morreram, não é? Uns são mortos, assassinados, outros morrem, enfim, vão morrendo, assim como que numa explosão de gás, ou num descarrilamento de um comboio.
ASSIM SE LANÇA UM BOATO: É impressão minha ou o Pedro Lomba e o Pipi deixaram de escrever novos posts quase ao mesmo tempo ? (com um dia de intervalo é certo, mas pode perfeitamente ser para disfarçar). Isto é estranho. Muito estranho...
posted by NMP on 7:00 da tarde
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INTERROGAÇÃO: O sempre atento e amigo André Soares lança a seguinte interrogação:
(...) Estou a ler a biografia do Churchill, de Sir Martin Gilbert (ed. Bertrand). Fico a saber que, em 1897, Churchil, jovem oficial de cavalaria, é enviado para a fronteira noroeste da India, onde o exército inglês tenta por cobro à revolta das tribos guerreiras afegãs Afridis e Oraczais. Churchill vai também publicar, no Daily Telegraph, algumas "Cartas de Guerra" que redige na frente de combate. Na primeira, escreve: "a civilização está frente a frente com o maometismo militante. Dadas as forças materiais e morais mobilizadas, não há que temer o resultado final, mas quanto mais tempo durar a política de meias-medidas mais distante estará o fim da luta".
Isto foi, repito, em 1897. Apesar de todas as mudanças, a luta será, ainda hoje, a mesma?
posted by NMP on 5:22 da tarde
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TODOS AO CRATO: Para o primeiro espectáculo da mini-digressão portuguesa de Zeca Baleiro, um dos expoentes da música moderna brasileira. "Vai imbolá!"
posted by Neptuno on 5:18 da tarde
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BEM VINDOS DE VOLTA: O Gato Fedorento está de volta em grande. No primeiro post pós-férias, ZDQ (orgulhoso membro individual da UBL) interroga-se, incrédulo, sobre o facto de já haver três atletas cubanos a pedir asilo político durante o Campeonato do Mundo de Atletismo. Como ele bem refere, ainda não há notícias de atletas americanos terem feito o mesmo. Ele há coisas bizarras...
posted by NMP on 4:29 da tarde
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BEM HAJA: Devemos estar a fazer qualquer coisa certa. Nos últimos tempos verificámos que a tripulação do Mar Salgado tem sido atacada com alguma virulência por blogues de extrema-esquerda e de extrema-direita.
Já aqui afirmámos que somos um blogue pluralista, com uma tendência maioritária de direita liberal (o nosso contra-mestre PC não se inclui nesta tendência mas, situando-se mais à esquerda, é um espírito moderado e não dogmático). Somos portanto maioritariamente anti-marxistas, o que nos garante só por si alguma antipatia de largas franjas da intelligentzia local.
Mas penso falar por toda a tripulação se afirmar que pretendemos igualmente combater ideias de sectores ideológicos de direita nacionalista, anti-liberal e anti-europeia, que faz uso desbragado de discursos primários anti-imigração. Não nos revemos no discurso dos que acham que perderam com o 25 de Abril e nunca se adaptaram aos tempos posteriores. Abominamos a atitude mental de ressaibo e revanchismo para com o sistema democrático. Não partilhamos o saudosismo bacoco de um tempo em que Portugal era uma sociedade fechada, não democrática e em que predominava a ideologia dos pobretes mas alegretes.
Vem esta conversa a propósito de um post escrito num lamentável blogue, de seu nome Último Reduto. Aí se contesta uma opinião de Neptuno lançando mão do ataque pessoal, da insinuação e do insulto.
Quando somos atacados de forma soez e baixa por quem não se dá bem com a polémica, com opiniões diferentes e com a tolerância, sentimos uma enorme e irreprimível satisfação interior... Fica portanto aqui feito o nosso agradecimento público ao senhor Pedro Guedes (é o nome deste valentão) pelo momento de alegria imensa que proporcionou a toda tripulação do Mar Salgado com a sua incontinência argumentativa de baixa extracção. Um grande bem haja para ele !!!
posted by NMP on 12:05 da tarde
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QUE BOM: O Sr. Luis Moura, do Muro sem Vergonha (link na coluna da direita) informa-nos que só um pateta considera o Hamas, apenas um grupo terrorrista. E porquê? Porque, e passo a citar, o Hamas gere uma rede de hospitais, creches, escolas e caridades diversas.
De facto, a incontinência na blogosfera tem um tremendo valor sociológico. O homem podia dizer que a organização não é terrorrista porque está em guerra com Israel, porque as vidas públicamente ceifadas no médio-oriente não têm o mesmo valor do que no ocidente, ou simplesmente porque o terror é uma invenção do capitalismo. Enfim, podia dizer o que quisesse.
Mas o Sr. Moura prefere explicar-nos que quem gere creches e hospitais, é necessáriamente, muito mais do que um grupelho terrorrista. Ou seja, porque o Hamas dá leite enquanto mata a mama, ou patrocina uma apendicectomia enquanto enfia uma granada no ânus de um judeu, tem necessáriamente de ser mais qualquer coisa que um grupo terrorrista.
O que me fascina no Sr. Moura, não é tanto a conclusão do seu raciocínio, antes a sua lucidez enquanto indivíduo: também ele é algo ligeiramente diferente do que aquilo que pensa que é.
posted by FNV on 2:24 da manhã
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CIDADANIA: Em recente conversa com um cidadão ucraniano, com perto de quarenta anos, residente em Kiev, fui atrás da minha curiosidade sobre a vida no leste comunista, efeitos da queda do muro de Berlim e posterior independência da Ucrânia. Não sei até que ponto o entrevistado constitui amostra válida mas, achei curioso que o grande (e único utilizado) termo de comparação era o carro. Os anos de trabalho que era preciso esperar para ter um carro, independentemente de curriculum, competência ou trabalho efectivo de cada um - exceptuando, obviamente, a nomenklatura privilegiada. Direitos, liberdades e garantias estariam em segundo plano e não eram tema tão presente como isso.
Esta realidade, por mais distorcida ou falsa que se apresente, representa bem o que é um país recém nascido ou recém libertado de um qualquer jugo totalitário. As pessoas almejam um determinado nível de vida que sabem existir noutros países mais avançados.
E também no Portugal pós-revolução, assegurado o básico (comida e derrota dos bolcheviques), o português preocupou-se com a sua casinha, com o carro da revista estrangeira e com a educação dos filhos (por esta ordem, mesmo!). Liberdade de pensamento, de expressão e de associação terão vindo a seguir e... stop! A certa altura do caminho para a cidadania os portugueses esbarraram com algo e voltaram para trás.
Esse algo poderá ser o facto da cidadania exigir a vida em sociedade. E ao sentirem a sua total impotência perante o "totalitarismo democrático" em que vivemos - que permite a durabilidade e rotatitividade em circuito fechado de gerações de políticos e respectivas organizações (?) sobre "obras" como o não funcionamento da justiça, saúde, emprego, habitação, etc. - os portugueses deixaram de acreditar nessa sociedade e viraram-se "para dentro". É o "safe-se quem puder"! O egoísmo impera e a cidadania tarda.
Será possível que os políticos não percebam que urge reformar e credibilizar as instituições democráticas, devolvendo o país aos portugueses e permitindo a construção de um - neste momento utópico - espaço de cidadania?
Será possível que não queiram?
AMOR: Joseph Druce, homofóbico da Aryan Nation assassinou na cadeia, no passado fim de semana, o padre pedófilo John Geoghan. Á vista saltam logo, como lebres com o cio, os rótulos: um americano neo-nazi e homofóbico, um padre que molesta crianças. Mas se virmos as lebres mais de perto, alguma esquizofrenia as veste: um americano nazi e homofóbico, na terra pioneira dos direitos dos gay, um homem da Igreja Apostólica Romana que maltrata as mais indefesas das suas ovelhas.
Os rótulos protegem-nos da nossa disforme imperfeição, cândidamente nos iludindo que estes personagens encontraram o lugar certo. A cadeia surge como a reserva natural destas bestas, assegurando-nos que elas não habitam outros territórios.
Mas se um mata, julgando, e o outro morre, salvando-se, nós adormecemos, e sonhamos.
posted by FNV on 12:15 da tarde
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REBANHOS: O nosso NMP escreveu: "...em todos os campos comunicacionais existem fenómenos de imitação e de rebanho..." E eu acrescento que a generalidade da sociedade portuguesa se transformou num imenso grupo de rebanhos, em que os pastores são as televisões que os levam a pastar onde lhes é mais conveniente. Sabendo-se que factos políticos apenas o são uma vez que sejam objecto de divulgação televisiva, caminhamos alegremente para uma realidade "Matrix", ao serviço já não das máquinas mas de pessoas que sabem bem o que querem.
ASSIM SE FAZEM: E no turbilhão da agenda deste Verão, passou despercebida mais uma machadada num símbolo anglo-português: o vinho do Porto. E das coisas mais tristes que se pode verificar num supermercado francês, belga ou espanhol, é a existência, normalmente no chão, junto aos vinhos rascas, de garrafões de vinho do Porto, devidamente e oficialmente selados. Esta semana, os viticultores (?) do Douro vieram uma vez mais pedir o aumento das quotas de produção, isto quando ainda há excedente do do ano passado.
Talvez este povo mereça isto: bebe os piores lotes, no Natal e nos casamentos. A pretensa elite, de industriais a professores universitários, idem. Este país desconhece o prazer de beber um LBV ou mesmo um vintage, novo ( com 3 ou 4 anos), e de o apreciar, em silêncio solitário.
A Casa do Douro continua assim, sossegadamente, a avinagrar um dos melhores vinhos do Mundo, com a complacência de todos nós.
posted by FNV on 9:50 da tarde
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COMPASSO DE ESPERA:Um artigo que descreve os efeitos do atentado de há uma semana em Bagdad na política de segurança a adoptar para o Iraque. Uma semana depois, vive-se um compasso de espera. A palavra é da diplomacia.
posted by NMP on 5:19 da tarde
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SE KAFKA SOUBESSE: Roubo o título de um brilhante post do Núcleo Duro. Porque já há muitos anos me tive de defrontar com o mesmo sadismo burocrático, senti arrepios ao ler a descrição do sentimento de impotência perante o terror da burocracia.
posted by NMP on 3:26 da tarde
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...SÃO LÁGRIMAS DE PORTUGAL: ASL do Glória Fácil , no post Ó Mar Salgado, quanto do teu sal..., contesta elegantemente a minha tese de agenda mediática importada no caso das mortes por calor. É a opiniao dela.
Reafirmo aqui a minha opinião. Os dados e argumentos presentes no estudo do Instituto Ricardo Jorge já haviam surgido noutros anos. Nos jornais e televisões portugueses ninguém fez muito eco deles. Penso (admito estar enganado, mas é a minha opinião) que se não tivesse havido uma crise política em França, este aparato mediático não existia agora entre nós. Veja-se no Liberdade de Expressão, a este própósito, a excelente e clara (como sempre) argumentação de João Miranda.
Apenas mencionei este assunto para ilustrar como em todos os campos comunicacionais existem fenómenos de imitação e de rebanho, pelo que é normal que tal também se verifique na blogosfera (complementando a preocupação expressa pelo Paulo Gorjão do Bloguítica Nacional). Podia certamente ter encontrado exemplos mais felizes mas foi o que me ocorreu, até porque está na ordem do dia.
Quanto ao facto (menor) de eu afirmar que esta atitude é fruto ou de preguiça ou de falta de assunto, faço um mea culpa. Trata-se de um claro caso de ironia mal aplicada ou mal entendida. Quem me manda a mim mandar piadinhas fúteis a propósito de assuntos sérios...
P.S. - Eu não falei em "conspiração". Entre uma "imitação" e uma "conspiração" há uma grande diferença. Posso ser injusto, mas acho que não sou paranóico.
posted by NMP on 10:37 da manhã
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A SÍNDROME DE HOLLYWOOD: É o título da crónica de hoje (2ª Fª) de João César das Neves, no DN, em que conclui: "Acima de tudo, lembre-se que impor a democracia é sumamente anti-democrático e forçar a tolerância é supinamente intolerável. O fundamentalismo ocidental tem uma consequência paradoxal: a violação dos seus próprios fundamentos." Sem prejuízo das necessárias reformas da democracia (pelo menos da portuguesa) e da sua debilidade quanto a eventuais instrumentalizações ou manipulações - nomeadamente perante o inelutável poder de facto dos media - parece-me, contudo, que a conclusão do referido autor levada ao extremo acaba por sancionar ditadores e/ou regimes cruéis ou mesmo genocídios. Assassínios, torturas, massacres, fomes e miséria total à custa de despotismos e desmandos sanguinários de determinadas nomenclaturas: deveremos aceitar tudo isso em nome de um "bem superior" como a "diferença cultural"? Voltem Idi Amin, Pol Pot, Taylor, Baby Doc, Estaline e mesmo o simpático Salazar (que teorizou bastante sobre a identidade cultural deste país...): estão perdoados!
Devemos todos respeitar o direito dos outros povos de culturalmente se fazerem extinguir a tiro e à fome? Não me parece.
Pelo contrário, esperemos que, tal como refere o autor, "...a cada vez mais evidente incapacidade da cultura ocidental de compreender e respeitar as demais." se converta em mandamento internacional, sempre que populações inteiras sejam vítimas de tiranos ou de regimes sanguinários.
posted by Neptuno on 2:02 da manhã
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PODE? A coisa pega-se, como uma ideia infecciosa: agora foi Pedro Lomba, do Flôr de Obsessão, que anunciou a sua retirada da blogosfera. Em termos mais distintos, o que é bom, pois uma cultura que sabe chegar, cheia de olá-aqui-estou-eu, mas que não sabe partir, com os seus só-agora-é-que-me-elogiam, é uma cultura do desperdício.
Será inevitável a despedida e o regresso, o eterno retorno, que aliás Lomba anuncia. Porque temos sempre esta necessidade de dizer que voltaremos? Em parte porque adeus é uma palavra definitiva, que na verdade nunca é pronunciada por quem nos deixa para sempre. Por isso, quando a dizemos, apetece-nos um tempo de correcção (o qual, o que na verdade nos deixou, nunca teve). Vou mas volto, que é como quem diz, acredita em mim tanto quanto me desminto.
É sempre Primo Levi, Haftling tatuado no braço esquerdo, que solto, por águas destas. Em Auschwitz, a caminho da ravina ou da camâra de gás, dizia-se sempre até logo. Dramatizo? Mas não é toda a despedida uma farsa, elemento essencial à tragédia? Não arranjam sempre, os que nos deixaram, horas impróprias para regressar?
posted by FNV on 1:52 da manhã
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SO LONG, "PISTOL" PETE: Homenagem justa, esta noite, em Flushing Meadows. Foi com alguma emoção que assisti à final do ano passado, ganha contra Agassi, num jogo que teve algo de mí(s)tico, opondo dois dos melhores jogadores de sempre - duas sólidas referências americanas, com o 9/11 ainda bem presente - e sabendo-se que dificilmente se repetiria tal confronto. E assim é. Sampras abandona após uma carreira triunfal, marcada por inúmeros títulos e também por uma assinalável classe que, normalmente, acompanha campeões desta categoria.
COM AS BOTAS CALÇADAS: Um brilhante, comovente e lúcido texto de Mario Vargas Llosa sobre Vieira de Mello e a situação iraquiana. Recorde-se que, no início de Agosto, Vargas Llosa passou uma temporada em Bagdad, a partir da qual elaborou uma série de artigos para o El Pais.
posted by NMP on 7:41 da tarde
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CORREIO DO LEITOR: O apóstolo do voto em branco André Soares, que regularmente abrilhanta este nosso Mar Salgado (qualquer dia, temos de lhe dar uma password), envia-nos mais estas duas "postas":
Ferro Rodrigues (FR), ao assestar baterias em Paulo Portas (PP), atira para o ar a referência a “um jornal de escândalos”. O que FR não diz, se calhar porque nunca pensou nisso, é que o “Independente” de PP desgastou mais a imagem do governo de Cavaco Silva do que um PS que não sabia (e continua sem saber) fazer oposição. (Esta é uma verdade - parece-me - que também custa muito a engolir a certo PSD…).
A oposição que é feita por Ferro Rodrigues assemelha-se muito, aliás, a certas primeiras páginas desse semanário dirigido por Paulo Portas, numa procura desenfreada de “sound-bytes” baseados no acessório. Quanto a propostas alternativas relativas ao essencial, zero.
É a habitual política de chinelo na mão. Quando é que eles (PP, FR e os outros) percebem que nós estamos fartos?
Responsabilidade e Política Tudo muito bem. Mas a questão é a seguinte: para o eleitor em Castelo Branco, entre votar em Elisa/Cristovão ou noutra força política em que não acredite, não será óbvia a opção pelo voto em branco? Para os albicastrenses, assim como, aparentemente, para Neptuno, parece que não...
posted by NMP on 6:49 da tarde
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AGENDAS: Concordo apenas parcialmente com o que o Paulo Gorjão afirma no seu Bloguítica Nacional, a propósito dos temas discutidos na blogosfera. Existe de facto uma tendência para o rebanho, ou seja, para discutirmos todos os mesmos temas. Mas a blogosfera permite, ainda assim, uma diversidade que não existe em muitos outros campos comunicacionais da nossa sociedade. Eventualmente o post do nosso amigo Paulo Gorjão é, apenas e só, uma manifestação de desalento por a blogosfera ainda não ter atingido uma dimensão e profundidade que lhe confira caracterísicas de diversidade e originalidade apreciáveis. Ou seja, estamos ainda longe de explorar todo o potencial deste meio.
Mas este facto está longe de ser um exclusivo da blogosfera. Os fenómenos de imitação e de rebanho existem com bastante maior frequência nos media tradicionais. Exemplo paradigmático é a discussão em curso nos jornais, a propósito do estudo do Instituto Ricardo Jorge sobre as mortes induzidas pelo calor. É um caso típico de agenda mediática importada.
Já há alguns anos que estes argumentos são apresentados. Nunca ninguém lhes ligou - até porque algumas das conclusões são, no mínimo, discutíveis (não entrarei nessa discussão, porque não falo do que não sei. Aos cientistas o que é dos cientistas).
Mas este ano houve algo de novo: em França, devido à vaga de calor, verificou-se um colapso do sistema de saúde. Os supostos mortos do calor levaram à demissão de um director geral e a uma crise política.
Pressurosos e originais, os nossos jornalistas de investigação (?) lançaram-se na divulgação e análise do supracitado estudo. E agora passaram à fase B: onde estava o Ministro da Saúde ? O sistema de saúde está preparado para estas situações ? De quem é a culpa ? Etc. e tal, até às previsões de crises políticas. O curioso é que começa num ou dois jornais e de repente alastra-se a todos. Confesso que não consigo concluir se isto é fruto de preguiça, se de falta de assunto.
Na blogosfera pode-se discutir mais uns temas que outros, mas ainda há espaço para a diversidade. Mais grave é que os jornais definam a sua agenda em função uns dos outros e do que antes se passa noutros países. Se em França não tivesse havido uma crise política, ainda hoje o Dr. Costa Alves estava a falar sozinho.
P.S. - Admito que seja um pouco cruel fazer estas considerações a propósito de factos que incluem a morte de pessoas. Mas não é certamente mais cruel que alguma da manipulação mediática a que vamos assistindo.
posted by NMP on 5:09 da tarde
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PSIQUIATRA BRUTO E DELICADO: O JPH, do Glória Fácil (link na coluna da direita) que já reparei que gosta disto, enfunou-se e pergunta porque é que pessoas cuja profissão é ler e escrever, passam os tempos livres a ler e a escrever. Alvitra depois uma série de diagnósticos, como obsessão, tara, etc.
O José Pacheco Pereira, o Francisco José Viegas, O Paulo Varela Gomes poderão talvez ajudar o amigo JPH? Não sei. Pela minha parte vou tentar.
Os meus tempos livres incluem:
* futebol jogado, capoeira e halteres, no que ao corpinho diz respeito;
* sexo com a minha mulher, que é advogada ocupada e mãe de gaiatos, pelo que o tempo livre é essencial;
* andar à lambada com o meu cão Rover e vestir as barbies da minha filha mais nova, quanto a actividades precipitadas.
* pura desídia, o meu passatempo favorito.
Espero com esta descrição desmotivar o JPH de qualquer continuada troca de impressões sobre o assunto.
posted by FNV on 12:09 da tarde
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A SEGUIR: A interessante discussão entre JPP e PVG sobre o terrorismo, suas possibilidades e motivações.
ARISTÓTELES: O estudo científico do prazer e da dor deve ser feito por aquele que em filosofia estuda a política, pois é ele, que tal como um arquitecto, fixa o ponto sobre o qual o nosso olhar proclama de forma absoluta, se uma coisa é boa ou má.
(Ética a Nicómaco, Livro VII, cap XI.)
Agora vejam a diferença da coisa estar entregue a psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e padres.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.