O ABORTO III: Nem vale a pena tentar disfarçar que isto que eu tenho escrito tem a ver com um outro post meu colocado aí em baixo. Uma porção de gente mais ou menos anónima está incomodada pelo teor do meu post. Eu podia não ligar. Só não o faço porque há realmente uma criança (que eu descrevi como seguramente adorável) metida no assunto, criança essa que, como todas as outras, não tem culpa de nada.
Acontece que essa criança foi arremetida violentamente pelo seu próprio pai para a arena, para a praça pública, e utilizada por ele como argumento fraco e desnecessário apenas porque perdia estrondosamente uma discussão política. Isso sim, dá vómitos. Ver um pai, mesmo que desesperado, tomar esta atitude, é repugnante. E ver a criança, depois de ter sido utilizada como arma de arremesso, ser agora utilizada como escudo para o pai, não dá menor náusea. Mas ela vive. E espero que seja muito feliz pela vida fora.
posted by VLX on 1:38 da manhã
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O ABORTO II: No quadro pretendido pelos defensores do aborto livre, pode suceder a situação seguinte: um casal acaba por ter dois ou três ou quatro filhos ao longo da sua vida mas, pelo meio, por quaisquer razões, decide fazer dois ou três ou quatro abortos. Ora os filhos que esse casal venha a ter e a ver crescer são... sobreviventes! São aqueles que por mero acaso conseguiram sobreviver à tômbola da sorte que os seus pais livremente decidiram.
Estes filhos sobreviventes têm toda a legitimidade para perguntar aos seus pais: "olhem lá, quantos maninhos e quantas maninhas vocês me roubaram?" Ou então: "Olhem lá, se, quando estavam à minha espera, aparecesse uma bolsa de estudo em Paris vocês abortavam-me? E se fosse seguida de uma pós-graduação em Nova Iorque? E se, sobre isso tudo, ainda dessem um carro, uma máquina de lavar e um emprego para três anos, vocês já me abortavam?"
A situação acabada de descrever é claramente extremada e talvez absurda mas é perfeitamente possível. E é principalmente obscena e asquerosa.
Choca? Pois choca. A imagem de uma criancinha inocente a fazer este tipo de perguntas sobre os irmãos que nunca chegou a ter ou sobre os riscos que correu inconscientemente na barriga da mãe (a tal onde só elas mandam) é chocante, repugnante. Choca a quem lê e a quem escreve mas é isto que se quer criar. Nem mais, nem menos. E convinha que nos consciencializássemos disto.
posted by VLX on 1:31 da manhã
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O ABORTO: Uma das bandeiras da esquerda portuguesa é a recorrente defesa do aborto, do direito ao aborto, da liberdade de abortar livremente, como, quando e onde se quiser e por que motivo for. Defendem isso de forma muito veemente e em termos muito crus, na maior parte das vezes insultando quem tenha ideia contrária e arrogando-se de certezas que estão muito longe de serem confirmadas. Na sua opinião, devia ser livremente permitido abortar (a discussão das semanas pouco interesse tem para mim e para este texto).
Estranho é que pudicamente queiram colocar véus ou virar a cara enjoados quando alguém fala sobre o assunto com a mesma crueza e utilizando termos quase tão directos como os que invariavelmente usam. O que me leva a crer que muitos dos que defendem tal prática não sabem sequer do que falam.
O que realmente defendem é que uma pessoa (geralmente uma mulher) possa abortar, ou seja, impedir a livre formação de uma vida (interromper voluntariamente a gravidez, para utilizar a expressão que julgam mais branda), pelo motivo que for: ou porque recebeu uma bolsa em Paris, ou por causa de uma pós-graduação em Nova Iorque, ou porque não quer contar aos pais que engravidou ou simplesmente porque não lhe dá jeito (isto porque sustentam que não deve ser necessária uma razão para abortar). Bem vistas as coisas, se chegamos ao ponto de defender o aborto apenas "porque a gravidez não dá jeito", decidir abortar passa a ser algo tão banal como decidir não ir ao cinema ("ó pá, no sábado não me dá jeito nenhum ir ao cinema, convidaram-me para um jantar porreirinho, desmarca lá a coisa e se possível recupera o dinheiro dos bilhetes. Olha: tenta vendê-los...").
SALVAÇÃO: Os presidentes do Sporting e do Benfica pediram aos partidos políticos que salvem o futebol que, segundo eles, está podre. O Zé povo pede a alguém - talvez ao Pai Natal de 2005 - que nos salve dos partidos políticos...
posted by Neptuno on 1:21 da tarde
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WANDERING STARS: Neste inverno soalheiro (tal como os verões, os invernos também sabem ser enganadores e assassinos), nem tudo é pranto e ranger de dentes. Oito anos depois, eles estão de volta.
Irra. Ir daqui a Bristol para encontrar umas gramas de alegria.
Act.: Tem toda a razão, Cadum. Obrigado!
Já quanto ao "inverno / verão", creio que só devem começar com maiúscula quando designam as estações em abstracto (p. ex., o Inverno, o Verão), mas já não quando designam, como acontece no primeiro caso, um concreto lapso de tempo, ou são personificados, como é o segundo caso. É só uma intuição estilística, mas acho feio escrever, p. ex., "O Verão assassino", ou "Subitamente no Verão passado".
posted by PC on 3:47 da manhã
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É MELHOR DEIXAR OS FILHOS FORA DISTO: No âmbito de questões políticas, João Miranda, do Blasfémias (link aí ao lado; voltei a esquecer-me de como isto se faz), está todo contente com uma tirada de Francisco Louçã na SIC Notícias, em que o próprio incluía e se referia à sua filha. Não tem razão: nem os filhos devem servir como argumentos quando os mesmos faltam aos pais nem a existência da criança constituía argumento válido no caso concreto: foi uma infelicidade que até o próprio Louçã deve estar arrependido de ter proferido (estou certo disto, mesmo não gostando das suas ideias). Porque ele sabe, como todos os pais sabem (ou deviam saber), que os filhos não devem ser usados ("usados" é a palavra exacta) neste tipo de situações. No caso da filha dele, não deveria ter sido usada por maioria de razão: é que atentas as particulares ideias que Louçã defende, só por mera sorte ela existe e vive neste mundo pois por dá cá aquela palha, por quaisquer eleições, carreira profissional, azar ou outra coisa qualquer, ela poderia muito bem ser antes um aborto e não uma criança adorável como seguramente será.
posted by VLX on 2:05 da manhã
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COMIDO DE CEBOLADA: Em fase de dietas, uma das poucas coisas que restam e que me dão alegria é a dança. E ver alguém a dar baile ao Francisco Louçã é praticamente um cozido à portuguesa regado a Barca Velha! No caso particular do debate de hoje na SIC Notícias, a coisa foi particularmente deliciosa porque o homem levou não só um baile como foi comido de cebolada (termo portuense que o meu amigo FNV já terá certamente assimilado, pelo menos no aspecto desportivo).
Mais: aquela altivez arrogante de Louçã - que parece assustar os adversários políticos - foi enfrentada com vigor, as balelas que invariavelmente solta foram descascadinhas, picadinhas, migadas, cozinhadas em lume brando e reduzidas ao nada que são.
Vê-lo ter consciência do fracasso do debate constituiu um digestivo digno de rei: o homem a ranger os dentes, furioso (deve ter gasto um bom milímetro de dentuça, só naquele debate) e a perder as estribeiras foi o corolário de uma refeição como há muito já não tinha.
Como vai sendo costume, os noticiários seguintes da SIC dão antes relevo a uma parte do debate, noticiando algo que não se retira completamente das palavras do adversário de Louçã e calando rapidamente os comentadores convidados. Mas já estamos habituados a este tipo de coisas, a este lado negativo de uma boa comezaina: é a azia. Que não afasta a alegria da refeição.
APRENDENDO A GOSTAR DO PORTO V: Percebendo que Nunos Cardosos, F. Gomes e Pintos da Costa, há-os em todo o lado.
Ortega y Gasset definiu para sempre o provinciano: é aquele que, viva onde viver, julga que vive no centro do mundo. Assim encontramos provincianos em Londres ou em Lisboa, assim encontramos o ultra-provinciano: o meu capo é o chefe do mundo.
posted by FNV on 2:15 da manhã
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A LERPA: Bem jogadinho bem jogadinho, vai-se a ver, e afinal quem andou estes anos todos a beneficiar o FCPorto, foi o Rui Rio.
Mas enfim, certos toinos merecem certas conferências de imprensa, nas quais se explica que "isto está tudo ligado".
posted by FNV on 1:57 da manhã
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FUNDAMENTAL: É das mais rochosas separações, sobretudo se não for física, a que define pai/mãe e um filho. Um corte entre estes dois territórios é um corte com a lógica da cultura (por alguma razão o infanticídio e o parricídio são mais valorizados a partir do advento das civilizações axiais). Em psicoterapia nunca se consegue trabalhar sossegadamente estas coisas: há sempre um sobressalto, como se a pessoa estivesse em carne viva.
Um velho psicanalista, experiente e de escrita razoável, Michael Balint, publicou há muitos anos (1977) um conjunto de ensaios e artigos a que deu o nome de O Defeito Fundamental. Lembro-me dele sempre que encontro alguém que cresceu com a convicção de que não foi suficientemente amado - e isto quer seja uma camponesa analfabeta ou um engenheiro - porque encontro sarilhos. Toda a vida vai querer compensar o que não pode ser compensado. Mas pior, muito pior, são as tais separações em relações filiais que estavam aparentemente bem. São brutais ainda que silenciosas, duradouras apesar da ignição ordinária
Quando uma mãe ou um pai se afastam de um filho, ou mais vulgarmente o inverso, é de um ajuste de contas com o passado que se trata. É como se cada um recapitulasse a trama, as esperanças, as mágoas mais mesquinhas. Cada elemento do par agora separado tem um bom motivo para culpar o outro pela nova situação, mas sobretudo sabe encaixar esse motivo na história. Como se outra coisa não pudesse deixar de ter acontecido. É aqui que a separação filial, ao contrário (?) da dos amantes , se torna brutal, porque a-histórica.
OBRIGADINHO: Fiquei ontem a saber, no debate na SIC-N entre Jerónimo de Sousa e Louçã, que o que separa o BE do PCP são as "questões internacionais" ( sim, porque da UE dizem exactamente o mesmo, não gozem connosco): do estilo "quem assumiu primeiro que afinal o massacre de Katiyn não foi uma invenção imperialista" - esperem, esta não, ainda não é certa - ou "afinal quantos "mortos ideológicos" houve na Albânia?" ( esta sim, já me parece segura).
posted by FNV on 1:50 da tarde
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CICLO: Ciclicamente este pais discute os círculos uninominais, mais ou menos sempre por esta altura. Comentadores de media de referência, quadros partidários, políticos na reforma ou em banho-maria, fingem ( extraordinariamente bem, pois eles na verdade estão perdidos de riso) um ar sério e compenetrado e discutem a coisa. Pois e tal, sim, não, talvez, vamos ver, etc.
Começada a campanha esquecem o assunto, e só voltam, com o mesmo ar sério e pomposo de sempre, a discutir o assunto daqui a uns anos.
Este nosso jeito para o teatro não deve espantar ninguém: um povo com uma matriz essencialmente histérica é por natureza histriónico. E encontra assim nestas pequenas farsas, magro consolo para grandes maleitas.
posted by FNV on 1:20 da tarde
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PESSOALMENTE, sou a favor da ideia de facilitar as maiorias absolutas - mas só para a 2ª volta das eleições presidenciais.
posted by PC on 1:50 da manhã
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OS HOUDINIS DO REGIME:Facilitar as maiorias absolutas é um outro modo de dizer dar poder absoluto a maiorias cada vez mais relativas.
PASSA A PALAVRA: O que é que se faz a um amigo, exagerado como é seu timbre, que diz que não conseguiu telefonar-nos durante toda a semana? Lamentamos, claro. Mas lamentamos ainda mais que 50 chatos inenarráveis tenham tido sucesso, onde ele, o nosso amigo, falhou.
posted by FNV on 9:26 da tarde
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QUEM TE AVISA...: É com prazer que descubro no Grécia Revisitada de Frederico Lourenço um elogio tão político como terno aos Persas, peça com a qual já tantas vezes tenho maçado os meus eventuais leitores. É de facto extraordinário como Ésquilo escreve o texto sobre o outro lado da guerra, e nem sequer o faz sob o ponto de vista militar ou estratégico, com sublinha F. Lourenço, antes dando apenas relevo a quem sofre de facto com a destruição.
Pena é que Edward Said tenha influenciado gerações de especialistas em cultural studies, de forma a que até nos Persas, à imagem do seu mestre, nada mais consigam ver do que uma representação do Oriente, esterotipada e redutora: as sofredoras mulheres asiáticas ( Said, Orientalismo, pp24), como exemplo de categoria redutora. A paranóia, no sentido literal, litigante do termo, em encontrar a todo o custo em textos "ocidentais" formas de dominação discursiva e representacional sobre o "Oriente," levou , mesmo da parte de alguém tão interessante como Said, a exageros idiotas destes. Nem Ésquilo escapa....
posted by FNV on 8:44 da tarde
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APRENDENDO A GOSTAR DO PORTO IV: É divertido observar que alguns reagem estereotipadamente ao texto de estereótipos: " Não se aprende a gostar do Porto", "ou se gosta ou não se gosta", "isso é coisa de lisboeta", etc.
Claro que de tudo se pode aprende a gostar. O Porto, o queijo de Serpa, Heródoto, todos são objectos representáveis, todos são passíveis de serem conhecidos; O "aprender a gostar" significa que se parte de uma base de ignorância e que depois se vai numa direcção que recolhe sinais prazenteiros, agradáveis, que nos levam a caminhar cada vez mais. É verdade que o conhecimento poderá significar o mapeamento de buracos, armadilhas, Ciápodes e Grifos; mas nesse caso eu teria escrito "Aprendendo a evitar o Porto". De qualquer forma, a ideia que uma coisa é impossível de ser apreendida por outros faz-me lembrar um imperador num manicómio. No caso em apreço, um imperador provinciano.
Para a série não ficar incompleta, aqui vai mais uma sessão de aprendizagem: ainda hoje não sei se o grande receituário de bacalhau portuense ( distrito) gerou o minhoto ou vice-versa; provavelmente, o Porto burguês suavizou as receitas minhotas, conferiu-lhes alguma urbanidade. Mas o Porto nos finais do século XIX era o grande entreposto nacional de bacalhau, e ainda hoje grande parte das melhores receitas do gadídeo são portuenses. Vá-se lá saber como, as tripas acabaram por se tornar o símbolo gastronómico da cidade. Averiguarei...
Resposta a comentário: O.K. Pikkolo, não te canses, já tinha percebido à primeira. Descansa bem e dá-me descanso que bem preciso. As melhoras.
Ao meu caro JPT: também não sou assim tão ignorante, pelo menos em matéria de bacalhau.O que discutirei se tiver tempo um dia destes é a relação entre o receituário portuense e o minhoto: há um ou outro pormenor curioso. Abraço.
Ainda ao Pikkolo: Não te deste ao "trabalho de comentar os meus textos", deste-te ao trabalho de achar que eu sou mais um que acha "que o Porto é um conjunto de Pôncios". Depois zangas-te com a resposta. Quer dizer, o meu amigo é mais um blogosférico sensível, mas de sentido único. Renovo o voto de melhoras.
SÓ PARA GRANDES SÁURIOS IDOSOS: A Warner lançou num único CD, de Tim Buckley, os álbuns Tim Buckley (1966) e Goodbye and Hello (1967). Disponível na FNAC por pouco mais de 7 euros.
posted by PC on 2:48 da tarde
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A IMAGINAÇÃO AO PODER: O Estádio da Luz é um local de novas experiências, como o Quartier Latin em Maio de 68. Esta temporada uma das balizas mexeu-se quando a bola ia entrar, e ontem o próprio árbitro rasteirou um jogador do Boavista, mas marcou falta contra o Benfica. Desconfiem de qualquer um com mais de trinta anos, sobretudo se vestido de negro.
posted by FNV on 1:25 da tarde
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A PELE: Em psicologia social, mais propriamente nos estudos da influência social, e ainda mais especificamente na área dos processos de inovação e da mudança social ( ufa!), distinguem-se duas situações: com ou sem solução-norma bem definida. Isto é, aplicando aos momentos eleitorais, uma coisa é uma dada sociedade perceber direcções mais ou menos exactas para determinados objectivos, outra coisa é essa sociedade estar dividida quanto a essas direcções. Por exemplo, no final de dois mandatos governamentais, a necessidade generalizadamente sentida na população e nos media, de alterar o rumo, condiciona bastante a estratégia do partido pretendente ao poder.
Portugal vive uma situação nebulosa: o agente promotor da mudança ( o PS de Sócrates) é muito recente naquilo que se designa acumulação de créditos idiossincráticos, ou seja, acumulação de capital de confiança enquanto crítico das soluções -norma que têm sido adoptadas. Por outro lado, o agente conservador que deveria aparecer como o herdeiro da anterior solução-norma, o PSD, não aparece bem em nenhum dos planos: nem como legítimo representante da anterior solução-norma ( como os seus críticos internos não se cansaram de sublinhar nos últimos tempos), nem, em boa verdade, como agente conservador: esteve no poder um Verão e meio Outono.
E assim, com tanta zona de incerteza, eu recomendaria que não vendessem as sondagens, digo, a pele do leão, antes de o ter morto. Com balas expansivas ou sólidas, mas bem morto.
MR. SÓCRATES ABACHA NA BANHA DA COBRA WEB: Os infelizes que, como eu, têm o endereço de e-mail afixado na web, mesmo contra a sua vontade, tornam-se presa fácil do spam e dos net-burlões. Recebemos diariamente várias dezenas de mensagens publicitando os produtos mais díspares (desde tinteiros para impressoras até filtros de amor que nos prometem a sobre-humanidade), ou anunciando prémios de lotarias onde não jogámos, ou garantindo juros de empréstimos que nunca pedimos.
Há uns dias atrás, recebi uma mensagem de josesocrates@ps.pt com o título "Mensagem Pessoal", dirigida exclusivamente ao meu endereço de e-mail. Não imaginava o que quereria o Eng.º Sócrates dizer-me, mas, na minha pobre soberba, admiti um acto de comunicação genuíno. Talvez quisesse dizer às gentes da minha região que ia repensar a co-incineração. Talvez me quisesse sondar para o cargo de adjunto do futuro secretário de estado adjunto do ministro adjunto do Vice-Primeiro-Ministro adjunto do Primeiro Ministro. Sabia lá eu.
Mas não. Nada disso. Era um comunicado eleitoral, aliás anódino e redondo, chapa 4 para os votantes netizados, que já passaram as Novas Fronteiras.
Fiquei vexado e, por segundos, pensei em responder-lhe o meu protesto. Melhor não: o risco de me contabilizarem como "participante" num qualquer "universo" de "cidadãos" que "contribuiram" com o seu "feed-back" à mensagem do Eng.º Sócrates era muito elevado.
posted by PC on 11:46 da tarde
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AÍ ESTÁ UM BOM MOTE PARA O INÍCIO DA CAMPANHA:Queremos mentiras novas (grafito na parede da Universidade do Porto).
posted by PC on 11:14 da tarde
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É A CULTURA, ESTÚPIDOS: Neste país o sol dura há quase três meses, mas há gente ( muita) que prefere os ginásios para tratar do corpinho. Preferissem cultura física - como parecem preferir a outra - e dispensavam as salas bafientas. Uma bicicleta, uma bola e um calçado adequado, para além de serem baratos e divertirem, fazem o indispensável em termos de resistência aeróbica, oxigenação, e até aquecimento dos tendões e ligamentos para outros voos. Estes, se assim o quiserem, podem ser flexões de braços ao solo, ou se houver uma barra por perto , elevações em pronação ou em supinação: trabalharão os deltoides ( as três porções), peitorais, dorsais, tricípites, trapézios e braços ( inclusive o coracobraquial, um músculo interessante para a estética ). Para os abdominais, basta deitarem-se na relva como em Vilar de Mouros, só que com outros propósitos.Tudo isto ao sol e ao ar livre,
O.K., voltem lá para o vosso step, para as vossas bikes estáticas, para a música de aeroporto dos vossos salões de fitness. Vou ali e já venho.
posted by FNV on 1:47 da tarde
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RÁBANOS IRÓNICOS: O tradutor do meu Sinésio (de Cirene) remete-me para As Nuvens, de Aristófanes, que de momento não consigo encontrar na desordem da minha pequena biblioteca. A razão da consulta seria a de confirmar este castigo terrível: aos adúlteros (pressuponho que aos homens apenas) era enfiado no traseiro um rábano, que ao ser depilado provocava dores imagináveis, devido aos estremeções que o vegetal produzia dentro do ânus do desgraçado. Este castigo designava-se rhaphanismós, e Sinésio menciona-o simplesmente porque é calvo.
Pois é, a inveja leva à destruição do objecto invejado, como pregam os psicanalistas, e por acaso desta vez, bem. Sinésio , no seu Elogio da Calvície ( ± 366 d.C.), atribui aos tipos com cabelo, entre outros defeitos morais, o de se darem ao adultério; mais precisamente, de seduzirem com a sua boa figura as mulheres dos homens de bem, naturalmente calvos.
Imagina-te leitor, calvo e cornudo, mas sabendo que o rabo do cabeludo sedutor da tua mulherzinha se transformou, ainda que por breves instantes, em salão de depilação para rábanos.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.