MÁ INFLUÊNCIA: O nosso FNV pegou-me o vício: agora sou eu que não passo sem uma dose semanal de arbitragem dos jogos do Benfica. Ena!
posted by PC on 11:27 da tarde
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POLITICAMENTE CORRECTO II: José Sócrates, talvez o maior expoente nacional do "politicamente correcto" (pc), despiu-se dessa proverbial capa ao justificar com o "sentimento nacional" o convite feito a Bento XVI para visitar Portugal. Nada de mais natural. Portugal É um pais maioritariamente católico e, para além disso, a figura do Papa sempre suscita a simpatia das pessoas de outras religiões ou mesmo dos agnósticos. Mas eis que já alguém agarra na bandeira do pc para achincalhar Sócrates, como tendo extrapolado os limites do comportamento de um chefe de governo de um estado laico. Num dos poucos momentos em que o homem decide agir naturalmente, dizendo algo que corresponde à realidade, vem a "peregrina" São José Almeida - na coluna Sobe e Desce do Público de hoje - mostrar-nos que o fanatismo da seita politicamente correcta é uma realidade que... quer mesmo sobrepor-se à realidade. Deus nos valha!
POLITICAMENTE CORRECTO: No seguimento do post anterior, não resisto a transcrever parte da crónica de Millôr Fernandes, na última edição da Veja: "Mundo neurótico esse de vocês. Por exemplo, o sujeito não quer ser politicamente correto, ou porque não gosta que balancem seu antigo coreto ou porque acha mesmo incorreto ser politicamente correto. Mas tem que dar explicações. Antes de contar piada racista, "prefacia" a fala dizendo que tem muitos amigos judeus e que, parodiando Billy Blanco, até carrega embrulho e dá a mão a preto. É muito difícil viver nesse mundo de vocês, tendo que tomar cuidado com cada palavra, sílaba ou vírgula enunciada."
posted by Neptuno on 6:38 da tarde
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A LER: Uma excelente redefinição do conceito de tolerância, pelo João Miranda do Blasfémias. Se bem entendi o João, instalou-se uma espécie de intolerância face à mera opinião crítica. Por exemplo, se alguém declara destestável e nojenta a homossexualidade, imediatamente é apelidado, em nome da tolerância, de todos os nomes e mais algum, numa atitude que o João classifica, ela própria, de intolerante. A tese do João, revisitando por exemplo Locke, sublinha o seguinte: exprimir uma opinião acerca do comportamento de outro, não significa pretender a sua perseguição física ou moral. Mas se assim é, classificar de nojento quem entende como nojenta a homossexualidade, também não implica nenhuma perseguição física ou moral ao autor de tão assertiva classificação dos costumes. Recentemente, outro João, o César das Neves, exprimiu as opiniões que quis e bem entendeu acerca de muitos comportamentos de muitos cidadãos do mundo , e tanto quanto sei, conservou o corpo, a carreira e a carteira. Pelo que me parece existir um pequeno problema na argumentação do João Miranda. A verdade é que existe um desequilíbrio na densidade de expressão: o politicamente correcto ( não vale a pena estar a explicar em detalhe) exibe uma maior frequência (e por vezes qualitativa) de argumentos nos debates sobre os comportamentos, do que as correntes, digamos, mais tradicionais. Eu também nem sempre aprecio a coisa, mas não me esqueço do tempo em que a balança pendia, e de que maneira, para o outro lado: por se ter uma mera opinião acerca dos costumes e dos vícios, podia-se perder o corpo, a carreira e a carteira. Fica-se com a ideia de que uma visão tradicional da civilização, pede hoje a tolerância que ontem não foi capaz de oferecer. Julgo que a solução é lutar, inteligente e tenazmente, contra configurações conceptuais das quais discordamos; como aliás o João Miranda faz, e bem.
Caro leitor H.Ferreira: são coisas diferentes, de facto, mas julgo que o plano comunicacional a que aludia o João Miranda não as distingue. Qualificar a opinião de imbecil é práticamente o mesmo do que qualificar o autor. Senão veja: raramente uma opinião de Mário Soares é classificada de forma tão acintosa, precisamente porque existe o risco de ofender o personagem. É uma pena, mas cá na terra confunde-se amíude a palavra com a língua.
posted by FNV on 3:13 da tarde
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DÚVIDAS: Os povos do Livro estão agora divididos de novo pela civilização, cada um deles cada vez mais preocupado em solidificar a sua - herança lógica do fim dos impérios territoriais. O império permitia a exportação da cultura, exportação essa assente numa leitura privilegiada dos capítulos. Agora as coisas estão mais complicadas, a diferença fazendo-se pela negação (dela mesmo), apelando à história e ao tempo. O Islão integrista e a solidez doutrinária de Ratzinger ( deixemos o terceiro povo de fora, por agora), defrontarão o mesmo problema: a tradição será suficiente para a mobilização? Por outro lado, até que ponto existirá um balance of power nesta estratégia? Os territórios dominados pelos fanáticos da imutabilidade da fiqh são mais lisos do que os vigiados pelo novo Papa. Existe uma espécie de prioridade lexical: os primeiros estão de novo na fase da conversão, os segundos há muito que lutam pela reconversão.
CORPORATIVISMO: Tal como é entendido e praticado em Portugal é um dos piores cancros da nossa sociedade. Penso que, no médio prazo, será impossível incutir um espírito de "bem comum" na sociedade. Com a mentalidade reinante, ninguém nunca acreditará que o seu bom comportamento em prol da comunidade - cumprindo regras, pagando impostos, investindo, enfim, assumindo responsabilidades - tem sempre retorno em benefício do indivíduo. Excepto, tal como hoje acontece, se cada indivíduo apenas agir isolada e exclusivamente em função dos seus interesses pessoais ou do seu grupo restrito. As corporações, neste país, funcionam como uma espécie de cosa nostra, de protecção dos elementos do grupo contra a sociedade hostil. O grupo engrandece protegendo os seus - por piores elementos que sejam - contra a sociedade. Não ocorre sequer pensar que o grupo é beneficiado - beneficiando, directa ou indirectamente, a própria comunidade - quanto maior for o seu grau de exigência para com os seus membros. Dito isto e a exemplo de inúmeras situações já ocorridas, poderemos esperar sentados (ou mesmo deitados...) por qualquer espécie de responsabilização relativamente à condução do processo judicial do gang do Vale do Sousa.
posted by Neptuno on 12:21 da tarde
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SUBSCREVO: O post anterior.
SABE BEM (MOMENTO NARCÍSICO): Há dias chatos na vida de toda a gente. Normal. O problema surge quando os dias se transformam em semanas e as semanas se somam em meses. Aí a gente começa a chatear-se a sério, naquele desgaste de se esforçar, todos os dias, por meter os neurónios na ordem. E a quem compete meter os neurónios na ordem? Exactamente: aos mesmos neurónios que andam desalinhados. Daí à guerra civil cerebral, é um pequeníssimo passo. Mas, como o mundo está bem feito, também há coisas boas. O besugo, do blogame mucho, escreveu um texto amigo sobre o Mar Salgado. Não lhe farei a injúria de agradecer, nem de fingir modéstia. Queria só dizer-lhe que, na parte que me cabe, me soube muito bem. Perdoem o despudor, mas a verdade é que estas coisas sabem bem. E quem disser o contrário, "ou mente, ou não diz a verdade toda".
posted by PC on 1:46 da manhã
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É OU NÃO É ?(OUTRA VEZ) Conheço uma mulher que dando descanso às enfermeiras de serviço, quis ser ela a vestir o filho morto. Despiu-lhe a camisolita e as meias, arranjou-lhe o cabelo, vestiu-o de novo. Disse qualquer coisa assim: "se fui eu que o vesti a primeira vez, sou eu que o visto a última". Blanchot teria apreciado.
Ó Isa: Compreende-os. Aparentemente, eles não sabem do que este post trata. Digamos que estou de acordo: é um conhecimento dispensável.
posted by FNV on 12:56 da manhã
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É OU NÃO É? Eduardo Lourenço falava ontem tarde na noite na RTP-N, sobre a morte. A certa altura eu já não conseguia ao certo repetir a sua frase: a morte é a única coisa pensável ou é a única coisa não-pensável? Suponhamos uma mulher a quem morreu o pai. Está sentada na sala, casa silenciosa, um copo numa mão, a outra espraiada em dedos vários dedicadamente entrelaçados no cabelo. Se for dormir sonha com ele, se não for, pensa. Acordada, entrega-se a ela própria, talvez a um episódio infantil muito esbatido, talvez a um almoço a dois numa esplanada, num dia ventoso. Recorda sem esforço os joelhos angulosos que na altura a envergonhavam, o mundo seguro que o pai lhe mostrava, a força que em adultos temos vergonha em reconhecer. Se for dormir vai sonhar. Ele vai falar com ela sem palavras, naquela língua especial dos pesadelos, sem intérpretes qualificados. A mulher, no sonho, abraça o pai. Se pensar é desejar, e desejar é na fórmula imortal de Blanchot, tornar a distância sensível, o que é sonhar assim?
MALUQUEIRA: Um estudo apresentado ontem no Parlamento Europeu - segundo notícia do Público de hoje - sobre "Os custos dos distúrbios mentais na Europa" refere que um em cada três portugueses sofre de distúrbios mentais. No entanto, ao pegar no carro, sintonizando a TVI ou lendo os editoriais de certo semanário ou mesmo lendo os posts deste blog, verifica-se que caminhamos rapidamente para uma confortável maioria os dois terços que permitirá, a breve trecho, rever ou mesmo abolir a Constituição. A regra será então (como hoje já se adivinha) a... ausência de regras ou a sua infracção sistemática. Enfim, a sublimação da "ego-pancada" em que os mais ferozes triunfarão. O então jurássico cidadão cumpridor e pagador de impostos será um doido varido, parte de uma minoria que não escapará ao internamento compulsivo em hospícios tipo bairro social. Todos seremos alegres palhaços de um circo sem pão.
posted by Neptuno on 5:00 da tarde
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EDUCAÇÃO: A revista brasileira "Veja" - a melhor do seu género em língua portuguesa - publicou uma reportagem há cerca de dois meses sobre o problema da educação no Brasil. A análise foi profunda e incluiu "espreitadelas" aos paradigmas finlandês e coreano. É que os bons exemplos são para seguir...
PARA QUE SERVE, HOJE, O 25 DE ABRIL?: « "A justiça vai-se fazendo", disse Álvaro de Sousa Mendes, neto do diplomata e presidente da Fundação Aristides Sousa Mendes, a propósito da atribuição do nome do seu avô a uma rua da vila da Lousã. "Este gesto tem para mim um significado muito importante, ainda por cima nesta data (25 de Abril) que marcou uma abertura no país e que possibilitou recordar pessoas que estavam esquecidas, metidas na gaveta", referiu. (...) "O meu avô nunca se arrependeu do seu gesto. Ainda hoje aparecem diariamente, em Cabanas de Viriato, muitos antigos refugiados para o homenagear" (...)»*. Gosto que o 25 de Abril também sirva para estas homenagens - merecidíssimas, que só pecam por tardias. Como gosto que sirva para honrar aqueles que vieram depois e se opuseram à instauração de outras formas de totalitarismo. Isso só enriquece o significado simbólico da data, elevando-a acima das querelas paroquiais entre esquerda/direita e relativizando os ressabiamentos parolos que se envergam como camisolas de uma equipa de futebol. Desde que estas homenagens não sirvam para reescrever a história. Desde que não sirvam para ir apagando da memória colectiva os nomes dos que deram o corpo ao manifesto. Falo dos que estavam cá e que, certa madrugada, abriram o peito ao risco da bala e da canhonada, quando tudo era muito incerto. Talvez não tenham sido mais importantes que os outros, mas não finjam que não existiram. É que a justiça tanto se vai fazendo como desfazendo.
*Com a devida vénia ao Diário de Coimbra.
posted by PC on 10:51 da tarde
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DOUBLE TALK: Um "grupo de cidadãos portugueses ocasionalmente residentes em Espanha" dedica-se a recrutar cidadãos deficientes para trabalho escravo do lado de lá da fronteira, zurra a TV. Não sei nem me interessa se esses pulhas são os mesmos que hoje foram presentes ao juiz ( aqui na nau não comentamos processos judiciais), sei é que essa é uma prática corrente em muitos países; tratando-se de pessoas com défice cognitivo acentuado, sem autonomia para ultrapassarem de ordinário, a distância de casa ao café da aldeia, alguém os contrabandeia como gado para os lugares do lado de lá, onde são vergonhosamente tratados. Só não percebi uma coisa. Disse um dos advogados dos acusados, que os seus constituintes eram inocentes e que estavam até muito surpreendidos com a acusação: afirmação normal. Mas assim sendo, porque é que os agentes da Judiciária, que culminaram uma operação que durou dois anos (!) e que levaram os detidos ao juiz de instrução, tiveram de pedir reforços ao Corpo de Intervenção da PSP? A audiência realizou-se no Porto e não era acompanhada por protestos populares, até porque os supostos factos terão ocorrido na zona de Vila Real. O mistério dissipou-se quando na TV, um familiar das alegadas vítimas, falou em "ciganos", essa palavra mágica: quando são alvo de alegada violência, xenofobia ou racismo ( mais frequentes, ainda que igualmente deploráveis, as duas últimas formas) são "ciganos", quando são suspeitos de alegados crimes, são " cidadãos portugueses ocasionalmente residentes em Espanha".
posted by FNV on 10:36 da tarde
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BANDEIRAS: É curiosa a velhinha dialéctica que se estabeleceu em alguma blogosfera a propósito do 25 de Abril: Liberdade X Copcon, Igualdade X Nacionalizações, Socialismo X Democracia. Os modos discursivos sobre o processo retomam a tensão essencial desse tempo, facto tanto mais peculiar quando observamos que os contendores de hoje são filhos dos contendores de 74/75. Ou seja, as representações fizeram-se autorizando os filhos dos personagens ( imaginados ou imaginários) a falarem por elas. Onde hoje um vê uma coisa, outro vê outra, ambos aparentemente indiferentes ao próprio processo histórico. O jovem bloquista de hoje está-se nas tintas para as acusações feitas ao Copcon, sobretudo se vierem de alguém que ele calcula que se tivesse vivido antes de 74, não teria mexido uma palha em protesto contra os tribunais plenários. O jovem liberal acha incompreensível que se o jovem bloquista tivesse vivido no pós-74, aplaudisse as nacionalizações. Não sei se ambos uma operam uma perigosa a-historicização do processo, mas ambos parecem funcionar num segmento temporal sem qualidades, parafraseando Musil. Quero com isto dizer que ambos se outorgam de um julgamento moral sobre os actores ( o que não tem nada de mal, antes pelo contrário) do processo, ignorando no entanto o texto, o palco e o público. Higienizam o processo, limpam-no das impurezas, deglutem-no e regurgitam-no. E não se entendem, obviamente.
FADAS E CYBORGS: Vai para aí um rebuliço por causa de um estudo que será apresentado num congresso de psicologia cognitiva, em Setembro ( !) em Gotemburgo. A tese do estudo vem resumida ( e adulterada) na secção "Insólito" do Público de hoje: as meninas que em pequenas se deliciaram com os contos de fadas têm mais possibilidades de virem a ser maltratadas em adultas. O estudo, pelo que li nas publicações on-line inglesas e em blogues de várias proveniências, é da autoria de Susan Darker-Smith, da Universidade de Derby. A senhora entrevistou 67 mulheres abusadas ( presume-se que violadas, batidas, etc)e descobriu que elas se identificam mais com as personagens femininas de contos como "A Bela e o Monstro" e "Rapunzel". Note-se, a investigadora em momento algum diz que descobriu que as referidas mulheres liam mais contos de fadas em pequenas que outras mulheres quaisquer ( presume-se que do grupo de controlo, que espero ter existido). A revisão da atitude textual ( para usar um termo caro a esta malta) face aos contos de fadas já vem desde os anos 70, tendo sido conduzida pelo glorioso exército feminista pós-marxista e pós -estruturalista.Teses oblíquas têm pretendido desconstruir a densidade capitalista e recheada de male-power que os contos de fada tradicionais apresentam: mulheres dóceis e frágeis, salvas por príncipes providenciais e corajosos. Compreende-se a embirração. A tese em voga, depois de Foucault e Derrida, e desenvolvida por Bruno Latour e Cynthia Cokburn, por exemplo, é a de que um discurso representacional que articula práticas e saberes, é essencialmente um discurso de poder. Os contos de fadas, com a sua gramática de mitologia popular , são geradores de representações sexistas, virtualmente destinadas a assegurar a sobrevivência de identidades de género docemente assimiladas. A autora, Darker-Smith, pergunta por exemplo porque razão Rapunzel tem de esperar pelo príncipe para ser salva, porque é que ela própria não arromba a porta da torre onde está aprisionada. O ponto essencial da investigação de Darker-Smith é que os contos da fadas induzem a ideia de que o amor é transformador, isto podendo ser perigoso, porque os maus machos não irão, afinal de contas, transformar-se em homens respeitadores, só por serem amados. Dito assim, um psicoterapeuta experiente como este sinceramente vosso, tende, empíricamente, a concordar. Mas algo recobre a extraordinária aceitação deste estudo: o amor não transforma, porque a amante parte de uma posição submissa, a esperança feminina precisando de ser reciclada. As teorias folclóricas de Donna Haraway ( outro ícone dos feminist, gender & cultural studies) sobre a libertação do corpo ( e das peles histórico-sociais a ele agarradas) e sua transformação em cyborg híbrido e multissexuado, espreitam nesta história. O cyborg de Haraway é uma criatura "para além do género", "pos-moderna e colectiva" (sic), e como escreve uma confessa admiradora ( Maria Teresa Cruz), "liberto da narrativa de Adão, da história da dominação, insensível a qualquer apropriação final de identidade, ou seja, o representante do fim do heterossexismo, do fim dessa diferença positiva ou negativamente sobrevalorizada"( sic). Como se pode especular, já não se trata de igualdade de sexos no plano simbólico, mas de aniquilação do sexo no plano metafórico: só sem diferenças sexuais se pode matar Adão e o predomínio capitalista-sexista, o amor só vem se vier por bem, ou seja, sem estruturas codificadas de alteridade. A Branca de Neve era afinal o oitavo a-não.
Sempre ao serviço do leitor, aqui vou eu ajudar o nosso caro Gonçalo P.. A inspiração em Foucault de autores das áreas de estudo que referi é abundantemente assumida pelos mesmos, e é fácilmente entendível; qualquer compilação do saber, enciclopédia ou literatura, é uma forma discursiva de poder: tende a ser utilizada em proveito da sociedade que a desenvolve. Não acusei Latour de coisa nenhuma, apenas dei a entender que ele dá uma ajuda (a partir da sociologia da cultura e da ciência, como qualquer pessoa que conheça a sua obra terá percebido), a algumas teses feministas actuais. Quanto a Cinthya Cokburn, recomendo-lhe, para que possa fazer o link na sua cabeça, o Sex inequalities and the youth training scheme, Mc Millan, Londres 1987. O espaço é pouco, mas é o que se pode arranjar, cumprimentos e volte sempre.
TODO O MUNDO É FEITO DE MUDANÇA: Concordo com a adjectivação que o Rui Tavares do Barnabé ( Pedro: linkas sff?) faz, no plano rigorosamente objectivo, do apelo do cardeal espanhol Trujillo. Acreditando no Rui, o homem terá apelado aos funcionários do registo civil para que num acto de desobediência civil se recusem a casar lésbicas e homossexuais: isto é um disparate porque obviamente os tais funcionários desobedientes acabariam por pagar os enxovais dos noivos. Simbolicamente, e apenas simbolicamente, também não augura nada de bom em matéria de separação de papeis sociais. Mas registo com agrado que a esquerda fracturante, tão adepta da desobediência civil e moralistamente pletórica, em tantas situações (e que implicam evidentemente cometer ilegalidades e atropelos ao estado de direito), recolhe-se agora obedientemente sob o manto protector da lei e da ordem.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.