HEBDOMADÁRIO DE BORDO I: (cont.) A segunda, mais melindrosa, é a seguinte. Ouvi (ou li) algures uma afirmação do PM, que dizia mais ou menos isto: "este não é o tempo de mudar as leis, mas sim de aplicar as leis que temos" (ok, talvez não fosse literariamente tão cuidada). Percebe-se a intenção: não se pode mudar a lei para beneficiar duas ou três pessoas importantes. Até aqui estou de acordo. Mas o problema não é esse. Se estes casos servirem para a opinião pública discutir, informar-se e criticar a lei vigente, se eventualmente se chegar à conclusão que a lei que temos é injusta (não importa em que ponto do regime) - fica o poder político impedido de a mudar, só para não parecer que beneficia duas ou três pessoas importantes? O último condenado à morte, à espera da execução, não tem o direito de aproveitar da lei que entretanto vem aboli-la? Para que elegemos os deputados - para fazer boas leis ou para salvar aparências? À mulher de César não basta ser séria; é preciso parecê-lo. Por isso é que nunca passou desse estatuto: mulher de César. Mas a César, que governa e manda na vida e na liberdade alheia, basta ser sério.
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