HEBDOMADÁRIO DE BORDO I:Pedofilia. O título obriga a ler a notícia, o comentário, o post, etc. Não direi nada sobre o fundo da coisa, porque os casos judiciários são apenas o afloramento visível da forma como a sociedade quer controlar (porque a teme) a sexualidade de quem não tem voz (nem voto): os menores, os loucos e os presos. Por isso, os presentes casos judiciários não me interessam, nem a histeria desinformada e demagógica que se gerou em torno deles. De toda a maneira, o desenrolar dos acontecimentos suscitou duas questões sobre as quais vale a pena reflectir.
A primeira, menor, é a seguinte: alguém reparou na inflexão da opinião dos comentaristas, jornalistas e editorialistas quando o processo tocou os detentores do poder político? Até aí, a actuação dos tribunais era apenas o sinal do funcionamento das instituições, generalizadamente aplaudido. Mesmo quem se dizia crente na inocência dos homens mediáticos detidos, berrava a plenos pulmões que era preciso confiar na justiça, que o Estado de direito era mesmo isto, etc. A partir daquele momento, subitamente, os jornais interessaram-se pelo regime da prisão preventiva (sobre o qual toda a gente está hoje habilitada a falar); pelo modo de selecção e perfil actual dos juízes (ver a Visão de hoje); pelos jeans que veste o juiz de instrução titular do processo (ver as confrangedoras Preocupações de J. M. Fernandes no Público de 29-05-03). Coincidências. (cont.)
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