OS PORTUGUESES: Continuam a ser maioritariamente de esquerda, segundo o Expresso. Mas são sobretudo de centro-esquerda ou de centro-direita. Ou seja, os portugueses definem-se esmagadoramente como moderados politicamente.
Razões para uma maior identificação com o centro-esquerda são essencialmente afectivas (o ênfase na justiça social e igualdade que atraem qualquer bom coração) e históricas (a pesada herança dos 48 anos de ditadura e o facto de o sistema de partidos ter nascido esquerdizado).
Transpôr este resultado para o voto em partidos é um exercício com altas probabilidades de erro - o PSD terá certamente votantes de centro-esquerda (como aliás tem alguns militantes e dirigentes) e o fenómeno inverso acontece com o PS. As dinâmicas de voto dependem tanto de situações conjunturais e de especificidades do acto eleitoral como de filiações ideológicas. E a simpatia partidária depende também de outras questões relevantes como por exemplo a cultura política do grupo.
Este resultado mostra ainda a infinita sabedoria do povo. Ao recusar etiquetas demasiado definidas, a imensa maioria dos portugueses reserva para si a capacidade de flutuar o seu voto entre os partidos da área do poder. Ou até entre o PP e o PCP ou o Bloco, dependendo das eleições (nas autárquicas os factores de voto não são tão afectados por estas questões ideológicas). A redução de opiniões políticas à matriz esquerda-direita é muito redutora, como todos sabem ou são capazes de intuir. Quando confrontados com este simplismo, os portugueses demonstram prudência e sapiência.
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