AINDA O RETORNO: Passando por cima dos exageros psicanalíticos, matar alguém no coração é a mesma coisa que nos morrer quem amávamos? É que o problema mantém-se: regressa-se sempre à coisa.
E a coisa é a necessidade de refazermos a narrativa. Podem ser risos e passeios a Penacova, podem ser memórias de raiva, sons, e despeito. Porque na verdade, a quem estivemos ligados, regressa-se sempre. Ás mães que tenho na consulta e que perderam filhos, digo-lhes que a sua memória contratou um advogado. Passam a ser obrigadas a responder às convocatórias, mesmo se estiverem a assar o peru de Natal. A chave talvez esteja no próprio laço. O acto de nos ligarmos a alguém não é inteiramente voluntário, a possibilidade de o abandonarmos também não.
Matar alguém no coração, ou morrer-nos alguém é um ditirambo frágil: só somos o que perdemos.
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