GANHAR NÃO É TUDO: Antes de zarpar, tenho de dar conta do que vi. Um daqueles momentos que guardamos para sempre na retina. O desporto como ele deve ser. Lance Armstrong e Jan Ulrich vigiavam-se no início da subida do Tourmalet. Subitamente, Armstrong cai, por encaixar o boné de um espectador no seu guiador. Ulrich e o resto do grupo, em vez de aproveitarem a infelicidade alheia, abrandam a pedalada e esperam pelo campeão. O grupo recompõe-se, como se a intervenção externa não tivesse acontecido. Foi bonito. Comovente.
Depois foi o costume. O espectáculo incomparável de capacidade física, espírito de sacrifício e de sofrimento que o ciclismo em geral e o Tour em particular sempre dão. Armstrong andou uns minutos com o mesmo grupo e, de repente, arrancou por ali fora, imparável até à vitória lá em cima (que pode muito bem ter sido decisiva). Mas Ulrich contribuiu hoje para uma vitória bem mais importante: a do espírito desportivo. Por mostrar ao mundo que alta competição é compatível com civilidade e desportivismo. Perdeu a etapa (e pode ter perdido o Tour) mas ganhou o meu respeito eterno.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.