ÚLTIMOS DESEJOS III: Enquanto espero pelo post do P.C. sobre o assunto, adianto mais algumas trivialidades. Ao ler a página do Departamento de Justiça sobre as últimas refeições dos condenados à morte, o meu filho de nove anos sentenciou: Que luxo! Como não reconhecer a infantilidade daquela descrição, ou como desconhecer a crueldade das crianças? Então os gajos comem aquilo tudo? Mas para os psicólogos do metropolitano em hora de ponta, a coisa levanta um último problema, ou se quiserem, um último silogismo:
* Todos os condenados à morte estão deprimidos.
* Todos os deprimidos têm falta de apetite.
* Todos os condenados à morte têm falta de apetite.
A chave da maior parte dos silogismos reside no chamado termo médio, neste caso, na validade do enunciado todos os deprimidos têm falta de apetite. Mas a validade de um silogismo também pode depender do primeiro enunciado, por ex., todas as baleias são mamíferos, o que é inquestionável.
Este silogismo categórico estará então errado, porque nem todos os condenados à morte estarão deprimidos. Estranham? Experimentem serem obrigados a libertar-se da angústia de morte, ou seja, imaginem-se libertados do medo da sede, da solidão, de um filho burro, do desemprego, de um par de cornos, da velhice. Aí estão prontos para saborear frango frito.
O único problema, para um anti-utópico feroz, como o velho lobo do mar que escreve estas linhas, é que a nenhum ser pode ser concedido o poder de oferecer esta graça.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.