ÚLTIMOS DESEJOS: O Público informa que o Departamento de Justiça do Texas passou a acrescentar á sua página na Internet a lista dos pedidos para a última refeição dos condenados à morte. Como a maior parte são negros (40,7%), o prato mais requisitado é frango frito. Um ex-vivo pediu um banquete, outro pediu camarões gigantes mas serviram-lhe hamburger de queijo. Morra gato, morra farto.
Parece quase uma infantilidade, mas estes últimos apetites encobrem uma velha lógica do equílibrio humano. Estamos programados, (cerebralmente falando, ao nível da área tegmental ventral e do nó acùmbeo) para aceder ao prazer sempre que pudermos. E isto porque registamos a memória do prazer, sendo esta antecipação mais poderosa do que a fonte do prazer em si mesma. Aliás, reside nesta conexão a força das drogas: é a memória do prazer que provocam que aumenta a quantidade de dopamina libertada.
Quando li isto, lembrei-me da crueldade elegante de um velho pirata, o capitão Low (contemporâneo de Fly no saque das Antilhas) que costumava matar os prisioneiros cortando-os aos bocados. Um dia resolveu inovar, permitindo ao infeliz condenado retempererar forças comendo as suas próprias orelhas temperadas com sal e pimenta.
Talvez que a estes carcereiros texanos um dia caia em cima uma velha profecia de Hamlet: Qualquer homem pode pescar com um verme que comeu um rei e comer o peixe que dele se alimentou.
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