MÁRIO SOARES: Ouço-o hoje em directo na TSF, e uma vez mais confirmo um impressão: no racíocinio político, este Soares ja não é mesmo. Quando se relê a entrevista/biografia que escreveu a meias com Maria João Avillez, que se espraia por três deliciosos volumes, encontra-se agilidade, criatividade e fôlego. Eu sei que Soares nunca foi santinho, e dou de barato a pele de provedor da independência dos media, que Soares agora veste, quando acusa os mesmos media de hoje, de terem encoberto as "mentiras" de Bush e Blair. Lembro-me bem do tempo em que ele, 1º ministro, remetia para a prateleira da RTP, as reportagens de Barata-Feyo sobre a UNITA.
O que me entristece são outras diatribes. Como a da campanha contra Santana, o do "assalto da direita populista" à camâra de Lisboa, em que se associou aquele mágnifico momento de music-hall, que foi o de Carlos Cruz a ler uma mensagem enviada além-túmulo por Cunhal. Ou quando tendo perdido as eleições para a presidência do Parlamento Europeu, resolveu caracterizar a senhora que o derrotou como "uma boa dona de casa".
Agora, prevê para o mundo uma "era de violência e vulgaridade" e urra contra o "rolo compressor do pensamento único neo-liberal", apontando à administração Bush (que não à America, note-se) a paternidade de tudo isto. Superficialidade, ódio vesgo (Bush é bebâdo ou drogado, como na canção dos irmãos Catita), despeito evidente.
Ensinava Cícero, na Velhice de Catão-o-Velho, "que os velhos são lentos, rabujentos, díficeis de aturar e vendo bem, avarentos. São estes porém, defeitos de carácter e não propriamente da velhice". Será?
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