RUI RIO & SÓLON: O futebol é, evidentemente, um dos últimos prostíbulos anti-democratas de Portugal. A lógica da coisa não engana: no FCP só há uma lista eleitoral há vinte anos, o Boavista retomou o pecado do nepotismo (se bem que Valentim não seja bispo, nem João seu sobrinho), no SLB as AG's são vigiadas por controleiros, o primeiro mandato de Dias da Cunha foi ganho por cooptação. Aspectos banais. O fundo demagógico do futebol revela-se nas práticas sociais: horda, líder salvador, inimigo externo, e... horror à autoridade exterior. A democracia, como a primeira cidade, foi feita contra a horda, elegeu o politikon zoon, o animal político, porque a comunidade assenta na distinção do bem e do mal. Isto é impossível na combinação geo-clubística que assenta numa aristocracia popular: o bem é nosso, o mal são os outros.
Um árbitro é vaiado assim que entra em campo, ainda antes de o jogo ter começado. Porque é que qualquer autoridade é assim recebida? Porque qualquer referência exterior é naturalmente inimiga, a semântica elucidando o terreno: se fosse dos nossos, não era árbitro, se o é, é porque é dos outros; se é dos outros, é inimigo.
Rio é dos outros, porque não é dos nossos. Regras e limitações têm de ser geradas a partir da horda, para poderem ser aceites. Sólon, quando questionado sobre se as leis que tinha aplicado eram as melhores possíveis para os Atenienses respondeu: foram as melhores que eles aceitaram.( Plutarco, Greek Lives, Sólon)
A horda não aceita, submete-se.
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