SOBRE O ARTIGO DE VITAL MOREIRA (3): A questão do recrutamento é interessante. Porque de facto aqui tem de haver algum cuidado para evitar discricionaridades e injustiças. sobretudo num país em que a cunha é um desporto nacional. Mas VM falha o ponto.
Porque o principal problema da Administração Pública não é a sua «partidarização» mas a sua «funcionalização» total que enquistou os serviços. E esta situação não é superada senão se incluírem «mecanismos de mercado» no recrutamento (contrato individual de trabalho e prémios de produtividade). A Função Pública paga em média melhor que o sector privado (como aqui mostrámos com dados oficiais num post de há uma semana). Não atrai os melhores, porque estes sabem que estarão tapados na sua progressão por gente cujo único mérito foi andar por lá há mais tempo (a promoção por antiguidade dá este bom resultado). A «partidarização» é lamentável, mas seguramente um problema bem menor que este. Com tendência aliás para decrescer (os partidos têm felizmente cada vez menos influência na vida social e profissional).
É curioso que VM escreva este artigo quando reconhece a abrir que a reforma administrativa «...parte de um bom diagnóstico da situação actual, tem propósitos bem definidos e obedece a uma filosofia clara.» VM mostra logo de seguida ao que vem. Quando a despropósito menciona «..."a tralha ideológica" do neoliberalismo serôdio...» (uma expressão gratuita e perfeitamente reversível - é só substituir o liberalismo por socialismo). O tom do artigo e a defesa que faz do status quo são a prova de que a esquerda portuguesa padece de total incapacidade reformista.
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