AS FP-25 COMO PRETEXTO: Lamento desapontar os meus amigos, mas recuso-me a ver os problemas da justiça portuguesa pela óptica esquerda/direita. Não acredito, até prova em contrário, que haja motivações políticas na absolvição dos arguidos das FP-25, ou no processo judicial da Casa Pia ou do Padre Max. Mais: acho que essa via, que vem sendo trilhada com uma certa dose de irresponsabilidade por alguns colunistas e blogues (onde se inclui o Mar Salgado) é extremamente perigosa, porque reduz um problema sério (a boa administração da justiça) a simples pretexto de batalha ideológica.
Por outro lado, podemos concluir que a justiça não funcionou por não ter apurado quem foram os autores dos crimes de sangue - mas não é por isso que podemos concluir que os arguidos das FP-25 foram mal absolvidos, quando os tribunais entenderam que não havia prova suficiente da sua implicação nos factos. A este propósito, remeto para o meu primeiro post sobre o assunto e para o post de hoje do Causidicus. Os meus amigos gostariam de viver num país cuja lei permitisse condenar alguém sem prova bastante? Tão liberais.
A discussão que resta é sobre a avaliação da prova no caso concreto; e essa, como também já expliquei, não farei aqui, até porque, ao contrário do que aparentam os meus caros companheiros, não sinto que o meu conhecimento do caso seja ao menos igual ao dos magistrados que decidiram.
A única ideia interessante que surgiu a este propósito neste blogue foi a do NMP ("Perplexidade"), que pretende discutir, em abstracto e sem reducionismos estéreis, a adequação do sistema judicial português à sociedade actual. Essa eu compro - embora duvide que o tema se deixe apertar nas páginas de um blogue. Mas é um problema meu.
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