DE FACTO, UM MISTÉRIO: À argumentação que tende a caracterizar como demagógica, anti-parlamentar ou caceteira uma crítica razoável ao sistema parlamentar, junta-se a uma outra: a que defende que o episódio Maria Elisa/Ribeiro Cristóvão é um facto sem interesse, um detalhe. Mas como diz o outro, o Diabo está nos detalhes.
E está, de facto. O pai que se vira para trás dentro do carro, para ajeitar a criança na cadeirinha no preciso momento em que um camião desgovernado invade a sua faixa. No caso em discussão, há mais. Muitos analistas são habitualmente implacáveis quando entorses similares se produzem noutras áreas do espectáculo. Por exemplo, quando deputados confundem um jogo de futebol com trabalho partidário. Aí, bradam aos céus, retorcem-se de vergonha, suspiram pela pátria, dizem que de facto, já nada mais os pode espantar.
O problema não é a Srª Elisa ou o Sr Cristóvão, nem sequer, a memória futura dos eleitores de Castelo Branco. Para a próxima comem o Eusébio ou o Toy nas listas do distrito. Comem e calam. O problema é a pinderização de um processo, que precisamente porque já de si é mal estruturado, e verdade seja dita, denunciado por muitos analistas/políticos, deveria ser tratado com mais cuidado. Não é porque um homem adoece que lhe passamos a negar a sopa.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.