DISPARATE: A incapacidade de nos suportarmos leva a uma procura desenfreada do outro, procura essa que acaba por se materializar nessa incorpórea fantasia que é o corpo dos outros, a sociedade. Já aqui escrevi, a abstracção que é a cultura saída do triunfo da civilização ocidental, enganou os homens: deu-lhes tudo o que precisam para sobreviver mas eles querem mais. Vem isto a propósito do adolescencial post-scriptum do Guerra e Pas, em que o sujeito diz ter realizado uma das fantasias das suas fases de auto-estima negativa, assistir ao seu próprio funeral.
Um blogue é um blogue. Como uma namorada é uma namorada, um cão um cão, uma tainha, uma tainha. Não somos através dos outros, como os outros não nos levam quando partem: continuamos a foder, a beber, a ler, a rir e a pensar. Continuamos.
Ter compreendido que a solidão é uma condição fundamental de se estar perante o outro, desobriga-nos. A denegação disto, encontramo-la no mito adolescencial da auto-suficiência, como na canção de Simon&Garfunkel, I am a rock, ou como destilam os psicólogos, na depressão do jovem.
Sem erro. Precisamos do outro na medida em que o procuramos, não na proporção da necessidade, por isso sobrevivemos ao luto, por isso, nos podemos unir. Um blogue é apenas um deserto: como Lawrence, encontrarás árabes que to expliquem.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.