INGÉNUOS: Pedro Mexia no Independente de hoje, e Inês Pedrosa, no Expresso da passada semana, chateiam-se. Mexia acha incrível como a imprensa se espanta por ter descoberto que um ìcone do pop-rock francês, gauche militante, anti-globalização e mais-não-sei-o quê, mata a namorada à porrada ( M.L. Trintignant) por cíumes, assim à maneira de qualquer padeiro retrógado das berças. A querida Inês chateia-se porque soube que os papás do Bloco de Esquerda, da ala radical do PS e outros vocalistas de bandas tá-se bem põem os seus petizes nos sagrados colégios Coração de Maria, estilo soquete branco e segurança reforçada.
Ó meus amigos, então vocês não sabiam que a dissonância entre o pregão dos costumes e a vidinha de todos os dias, só se destina a confrontar a hipocrisia do merceeiro moralista, ou do industrial moraleiro, com as cuecas da sopeira que escondem nos bolsos? Não sabiam que na outra banda existem os chamados coup de coeur filosóficos? Que se pode ser uma mamã toda causas, toda anti-discriminação mas não querer os seus rebentos misturados com a ralé? Ou ser-se um profissional liberal vermelhinho ungido pela sacrossanta justiça social, mas passar-se a vida a fugir aos impostos, para poder comer mais umas lagostas no Gigi? É o privilégio moral de classe, ó ingénuos!
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