LINHA DE SOMBRA: Foi publicado na colecção Mil Folhas em Maio. Um post do Pedro Lomba na defunta Coluna Infame chamou-me a atenção, pelo que aproveitei estes dias de férias para ler o Linha de Sombra de Joseph Conrad. Era uma falta grave para um velho lobo do mar nunca ter tido contacto com estas cerca de 150 páginas magistralmente escritas sobre o medo, a impotência perante os elementos e sobretudo o crescimento e amadurecimento. De brilhante descrição da transformação de um jovem num homem. Da passagem irreversível da ténue linha que separa a juventude da vida adulta.
O livro é magistral. O fulgor e energia da juventude completamente inúteis perante os caprichos dos elementos (a ausência de vento, a calmaria frustrante) e as agruras da vida no mar (a doença, o isolamento, a solidão total). A passagem da juventude à maturidade, por uma dura experiência que molda o carácter. O contacto marcante com a perfídia e maldade e com a bravura, a nobreza de carácter e generosidade. Em suma, com a condição humana. A arrogância juvenil esmagada pela entrega quase sobre-humana da tripulação à luta pela sobrevivência.
E a lição de humildade. De maturidade. A noção de que ... a realidade é que uma pessoa não deve atribuir demasiada importância seja o que for na vida, de bom ou de mau.
Para o comandante desta nau que é o Mar Salgado a leitura da Linha de Sombra foi uma experiência marcante. Ao mesmo tempo este blogue esteve entregue à restante tripulação. Que conduziu esta embarcação com brilhantismo. Pelo que posso afirmar como Conrad, ... que sempre é uma grande coisa ter estado à frente de um punhado de homens dignos da nossa eterna admiração.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.