O ESSENCIAL: Não são as caneladas, nem o estatuto dos arrependidos: isso é conversa para boi dormir.
1) O essencial é que, já nos democráticos anos 80, as FP-25 mataram dezoito pessoas. Ora, se há cadáveres, há assassinos. Já há uns anos escrevi um textinho que O Expresso teve a amabilidade de publicar, no qual recordava que a mafia, nos anos 70, chamava às suas vítimas importantes, cadáveres excelentes. Ora, pelos vistos também há assassinos excelentes.
2) Os libertários queriam libertar Portugal do capitalismo, queriam uma sociedade socialista, queriam dar o poder ao povo. A única coisa que deram foi trabalho aos coveiros.
Talvez hoje alguns desse libertários se reunam, num qualquer fim de tarde, por entre copos e charutos. Alguns talvez guiem agora BMW's, talvez tenham negócios de import-export com as ex-colónias, talvez sejam burgueses bem comportados. E talvez recordem esses verdes anos com um misto de nostalgia, mas, acredito, também com algum remorso: Eramos lixados, pá! Mas foram as condições objectivas do processo revolucionário, pá!. É o que mais se aproxima do epitáfio dos 18.
3) O que não tem graça, é imaginarmos a trabalheira que o burguesito ilustrado, que leva uma suburbana vida tão excitante como a de uma ovelha, tem para arranjar novos ídolos. Sim, porque sabemos como todo se ele molha de excitação, ao imaginar-se, por uma noite, companheiro desses românticos e viris guerilleros.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.