JÁ TODOS repararam, concerteza, menos eu. Se a blogosfera cunhou centenas de cidadãos como analistas e colunistas, mais ou menos especializados, os blogues, como se diz por aí, funcionam como uma espécie de jornal de parede. Ora, coisa curiosa, nos jornais impressos, nunca vemos crónicas ou artigos de opinião que comecem por:
devo dizer que o colunista político que mais gosto é...o Sr. Fulano, ou:
tenho a declarar que quando fôr grande quero escrever como o Sr. Sicano, ou ainda,
sempre que posso aprendo com o Sr. Beltrano,
e assim por diante.
Esta originalidade, tal como o anonimato, assaz comum na blogosfera, dá que pensar: se a maioria de nós anda a fazer de opinion-makers, porque carga de água é que não nos comportamos como tal? Vou buscar a Hannah Arendt (1958!) a resposta e já volto:
(...) Assim, o que importa não é que haja falta de admiração pública pela poesia e pela filosofia no mundo moderno, mas que essa admiração não constitua um espaço no qual as coisas são poupadas à destruição pelo tempo. A admiração pública, consumida diáriamente em doses cada vez maiores, é, pelo contrário, tão fútil que a recompensa monetária, uma das coisas mais fúteis que existem, torna-se mais "objectiva" e mais real.(...)
Território novo, comportamo-nos como cachorros. Lambemos, rosnamos, enrabamos, brincamos. Quando crescermos e nos libertarmos das delícias da nossa existência singular, apresentaremos a blogosfera ao cão velho: comeremos, dormiremos e mandaremos o dono à merda.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.