MEMÓRIA: Prolongando a discussão da crítica do nosso P.C. ( com a qual concordo)ao editorial de JAS, no Expresso, pelo lado que mais me interessa, o do retorno do puritanismo. Diz P.C. que mal vão as coisas quando o director de um jornal como o Expresso envereda por tais caminhos. Mas o puritanismo, deixando agora de lado a sua raíz histórica, religiosa e social, desde a rebelião escocesa de John Knox aos jejuns do Parlamento na época de Cromwell, tem costas ambíguas.
Tocqueville espantava-se com a contradição em que tropeçavam os puritanos discípulos de Calvino, na Nova Inglaterra do século XVII: ao mesmo tempo que elegiam todos os cargos executivos, enquanto a Europa continuava mergulhada na velha ordem feudal, condenavam à morte as adúlteras. Do mesmo modo, nos podemos ainda hoje espantar com as políticas sexuais oficiais dos países comunistas, que nos faziam lembrar as orientações, na matéria, do Partido Interno, no 1984 de Orwell. Também já ninguém se lembrará das repetitivas 1ªs páginas do extinto O DIÁRIO, na altura orgão oficioso do PCP. Durante muito tempo, lá vinha escarrapachado sobre Sá Carneiro: Bígamo!. Resta que Sá Carneiro nunca se casou com Snu Abecassis, apenas tinha com ela uma relação amorosa.
O puritanismo, que Tocqueville considerava ser a herança europeia dos colonos da Nova Inglaterra, é transversal ao ideário político. Não me assusta que JAS escreva o que escreve, porque é jornalista. Outros há, que caiem no pólo oposto. Recordo-me de um que escreveu uma vez, que em príncipio, não se deve ter sexo com crianças. Assustar-me-ia isso sim, se JAS fosse deputado, legislador ou governante.
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