RAZÃO TINHA O JOSÉ FAVINHA, que há uns anos, nos classificados do Diário de Coimbra, pedia o favor de não ser seguido por elicópteros da aviação. Como em Portugal nunca houve nem uma verdadeira Revolução, nem um aperto dos valentes, que limpasse o pó aos costumes, os nosso traços de carácter começam a parecer necrofílicamente anacrónicos. Vejam o caso do Heli dos Bombeiros de Lamego, no qual a SIC fez de juiz de instrução, de ministério público, de defesa e de acusação particular. Toda a gente que agora fala, sabia, há muito, dos putativos abusos helicoidais: uns tinham ouvido falar, outros tinham visto, outros albergavam suspeitas e certezas. De facto, no outro dia pareceu-me lobrigar um helicóptero no quintal, mas como estava a ver um filmito do Bruce Willys, pensei que era sugestão.
Até à SIC abrir o dossiê, ninguém alguma vez, fora da venal Lamego, tinha respirado o affair. Um infeliz de cara distorcida e com a inscrição "bombeiros" na camiseta preta, explica ao jornalista da SIC que assim era, porque "toda a gente encobria".
Dos cúmplices cobardes aos denunciantes anónimos: este micro-caso revelará alguma coisa, no estilo e na sarjeta, que outros macro-casos, bem mais salientes, ainda ocultem?
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