ANTÓNIO ARRUDA FERRER CORREIA: Por razões de pudor pessoal, que não vêm ao caso, tinha decidido não referir aqui o falecimento do Prof. Doutor Ferrer Correia. Depois de ler o e-mail do Tiago Reis Marques, percebi que tinha decidido mal e que não podia acrescentar o vergonhoso silêncio, ou quase, por que passou, em geral, o desaparecimento deste Homem ímpar.
Poucos juristas haverá, em Portugal, independentemente da idade e da escola, que não tenham estudado pelas suas Lições de Direito Internacional Privado e de Direito Comercial.
Poucos universitários haverá, em Coimbra, que desconheçam o papel fulcral desempenhado pacientemente por Ferrer Correia, a partir de 1976, na pacificação, normalização e reforma da sua Universidade (que lhe valeu a atribuição do título de Reitor Honorário, criado ad hominem por decisão unânime das Faculdades, no momento em que se jubilou).
Alguns frequentadores da Fundação Calouste Gulbenkian saberão que a existência e localização em Portugal da mesma se deve, essencialmente, ao génio jurídico de Ferrer Correia.
Não tem muito sentido, por isso, narrar aqui uma vida tão plena. Importa só lembrar que, aos 91 anos e até há duas semanas, o Mestre continuou a trabalhar diariamente naquilo que considerava a mais nobre profissão - o ensino. Nas palavras do actual Reitor da UC, proferidas hoje durante o seu elogio fúnebre, se houver uma vida depois da morte, não será propriamente um reencontro com o Mestre, pois nunca nos teremos separado dele, tanto é o que o Prof. Doutor António Ferrer Correia deixou em nós.
Fica só, assim singela, a nossa homenagem sentida.
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