CARO ANTÓNIO BALBINO CALDEIRA: Nos posts que escreveu hoje, mostra-se sentido com o meu texto. Li e reli várias vezes o dito e, sinceramente, não vejo razão para tanto. Estou convicto de que, se fizer o mesmo, a frio e sem inferências imediatistas, virá a concordar comigo. Não o coloco em companhia de ninguém: digo apenas que ter alguém com a sua visão das coisas à frente da PGR seria, para mim, um pesadelo. Só me resta, portanto, lamentar que se sinta assim e ficar, eu próprio, algo incomodado com isso.
Mas quero acrescentar o seguinte. Na verdade, o António não está sentido com o meu texto. O "Pesadelo" foi apenas o pretexto para expressar o seu descontentamento por o Mar Salgado (blogue que, pelos vistos, lhe merece algum interesse, e aproveito para agradecer a parte que me cabe) não se ter juntado à sua campanha contra o "polvo pedófilo". Não referiria aqui a sua troca de correspondência connosco se o António o não tivesse já feito, mas, como o NMP já lhe disse (e reafirmou, várias vezes, publicamente), tomámos a decisão de não comentar os aspectos jurídicos e políticos do caso judiciário em curso.
Pessoalmente, devo dizer que, mesmo que a nossa decisão fosse outra, nunca poderia acompanhá-lo na sua saga. Entre muitas outras razões, porque, ao contrário do que protesta no seu post, o António não está interessado, primacialmente, na verdade, pelo menos tal como eu a entendo. Os comentários que tem vindo a produzir sobre o caso mostram que o António já definiu A VERDADE e, por isso, quer que ela se oficialize. Só assim se compreende que os actores judiciais sejam, na sua perspectiva, heróis ou vilões, consoante o sentido das decisões que tomam (os posts sobre o Tribunal Constitucional e, hoje, sobre o Desembargador Carlos de Almeida são a prova notória do que digo).
Por outro lado, o enviesamento político das suas opiniões sobre o caso é, também ele, muito claro. Sucede que, como já deve ter percebido (até, precisamente, no texto em causa), eu não me abstenho de criticar o que acho criticável em função da cor política das pessoas. É muito raro receber, aqui, palmadinhas nas costas.
No mais, os textos que ambos escrevemos falam por si. Não vejo problema nenhum em que cada um lute pelas causas que acha justas - desde que não queira tornar quem pensa de maneira diferente num "mal que se ri". Essa é, verdadeiramente, a única parte do seu texto que eu não posso aceitar e que, por isso, não podia deixar passar em claro.
De toda a maneira, se ainda se sentir agravado, prometo não mais o envolver em textos de cariz satírico ou humorístico. Nenhum dos dois precisa disso.
Sans rancune, com os melhores cumprimentos,
Pedro Caeiro
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.