ESQUECIDOS são os contos de amor que nunca chegaram a acontecer. Como o da Teresa, jovem mãe de um bébé que acabou por não ser. Tudo corria bem até ao parto, alcofinha comprada no Continente, chupetas preparadas, fraldas a postos. Só que o bébé teve azar no parto, sofre hoje de paralisia cerebral, fruto de um abraço demasiado terno, do cordão que o deveria ter solto na hora certa.
Corre queixa na Ordem dos Médicos e na IGS, corre a Teresa para o emprego e para terminar a licenciatura. Em nove meses já fez três cadeiras. É católica, mas não culpa Deus, antes indaga da responsabilidade dos homens.
Séneca escreveu a Martia, filha de Cremutius, uma consolação, quando esta perdeu o seu único filho já adolescente. Feitas as contas, ofereceu-lhe duas coisas: que ela, a mãe, não saberia se a vida que estava reservada ao seu filho seria deserta de sofrimentos e provações inimagináveis. Por outro lado, teve ela a graça de poder ter acarinhado e educado o seu primogénito: só podemos estar seguros do nosso passado. Séneca inventou a fotografia, mas a minha Teresa não tem nenhuma.
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