IMPÉRIO: Uma discussão com o Terras do Nunca tem ocorrido relativamente ao pós-guerra no Iraque. Posteriormente, o Planeta-Reboque juntou-se à discussão, ainda que pareça mais interessado em discutir os participantes na discussão e as suas fidelidades ideológicas do que propriamente os temas.
Eu digo que a discussão é sobre o pós-guerra, porque o que me motivou foi um post em que o nosso amigo do Terras do Nunca apelidava de loucos os que achavam que as coisas iam bem no Iraque. Contestei, não por achar que as coisas vão bem, mas porque me pareceu e parece que jmf parou na altura da discussão da intervenção armada. E agora, entrincheirado nos temas dessa discussão de há meio ano, tenta tirar desforço argumentativo de todo e qualquer percalço que por lá aconteça. Na última resposta fala de unilateralismo e multilateralismo, uma semana depois de uma Resolução unânime do Conselho de Segurança da ONU apelar a um esforço conjunto para a reconstrução do Iraque.
Para fazer um parêntesis, porque essa discussão foi superada pela evolução da realidade, acho peregrino que se fale em unilateralismo contra multilateralismo, quando por exemplo dos 19 países da NATO 16 apoiaram a intervenção (será que trilateralismo quer dizer multilateralismo ?). Mas não vamos por aí, porque nós já sabemos, por conhecermos essa cartilha, que os únicos países do mundo que têm interesses económicos e não têm vontade própria são os aliados dos americanos...
Voltando à vaca fria, reafirmo que acho que as perspectivas futuras dos iraquianos são mais risonhas do que eram debaixo do jugo de Saddam. e que a construção de uma democracia no mundo árabe é um projecto que deve unir os que partilham desses valores, ou seja, o Ocidente.
A globalização aproximou-nos a todos. Até a um ponto em que o que se passa num estado comandado por um facínora ou numa rede terrorista é um problema nosso, das nossas sociedades, da nossa vida quotidiana, da nossa vizinhança. Se não promovermos sentimentos democráticos, progresso económico e social, a emergência de uma classe média social e politicamente relevante nos países árabes, esta gente cairá nas mãos do fundamentalismo (que, sem meias palavras, é um retrocesso civilizacional em todas as suas dimensões). Com Saddam em Bagdad esta tarefa era muito mais díficil para não dizer impossível pelo seu papel desestabilizador da região.
Houve um tempo em que o Ocidente se podia dar ao luxo de achar indiferente o que se passava nesses países. Depois do 11 de Setembro, isso tornou-se impossível.
P.S. - Quanto aos interesses económicos franceses, alemães, americanos, portugueses ou globais não tenha pena de uns que eventualmente percam para os outros. Eles orientam-se. A questão está muito longe de ser essa.
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