INVEJA: Certamente fruto da pressa, o nosso amigo do Terras do Nunca escreveu dois posts muito infelizes sobre o Império. Porque o sabemos capaz de muito melhor, sentimo-nos na obrigação de o rebater.
Quanto ao Afeganistão não lhe ocorre nada melhor do que achar um desaforo os posters da Britney Spears, da Shakira e do Ricky Martin (estes dois últimos por sinal nem são americanos) nas ruas de Kabul. Que são um sintoma do imperialismo cultural americano e ocidental. Ele «...queria que o Afeganistão continuasse a ser o Afeganistão». Estava á espera de tudo menos de um argumento salazarengo por aquelas bandas. O nosso António de Oliveira também não gostava da Coca-Cola (a McDonald's ainda não tinha sido fundada) e certamente queria que Portugal continuasse a ser Portugal.
Mas mais abaixo, o nosso avisado comentador adianta uma explicação que nós espíritos mais simples não tínhamos alcançado: o objectivo da guerra era que em cada esquina viesse a haver um McDonald's. Qual teoria da guerra preventiva, qual estratégia de segurança para manter terroristas longe da Europa e dos EUA, qual ideologia neo-conservadora ? Tudo se resume a um objectivo turístico e gastronómico (e nós que não estávamos a ver isto ?!).
No post seguinte, apelida de loucos os que aplaudem o que se está a passar no Iraque. Ainda pensei que se referisse aos atentados contra as forças da coligação. Não, a loucura está em «...insistirem que o Iraque está a caminho da estabilização e que caminha alegre e seguramente para a democracia.».
Pois eu não sei se caminham alegre ou tristemente (pode ser que isto me salve do epíteto de louco) e tenho a certeza que haverá escolhos e dificuldades, mas apoio firmemente a construção de uma democracia no Iraque e acho que estão a ser dados passos seguros nessa direcção. Mais, nesta altura, tenhamos ou não apoiado a intervenção armada, não há outra alternativa, sob pena do triunfo de ideologias fundamentalistas e ditatoriais em todo o mundo árabe. Todos os processos revolucionários são complicados e demoram a estabilizar ou já se esqueceu que, já haviam passado 10 anos sobre o 25 de Abril, e ainda havia meia dúzia de lunáticos que punham bombas em Portugal, em nome da sua concepção de sistema político.
Devo, no entanto, confessar que no meio de tanto disparate apressado acabo por invejar o nosso amigo: deve ser tão fácil viver com essas certezas e com essa visão do mundo a preto e branco.
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