O QUE NÓS TEMOS DE OUVIR II: Tenho de admitir que achava estranho colaborar aqui há quinze dias e ainda não ter provocado nenhuma revolta ao estilo da da Bounty.
Mas, mesmo com todas as considerações da ilustre tripulação, não deixo de achar estranho que se ofusquem, apaguem as figuras portuguesas - independentemente de qualquer consideração política - e se vão louvar as estrangeiras, por muito próximas que sejam (e são-no, não duvido). Não sou, obviamente, contra a independência de Angola nem contra as amigáveis relações que se criem ou desenvolvam entre os nossos dois países. Pelo contrário. Apenas pretendo que se considerem igualmente - o que cá não se faz ou não é costume fazer-se - aqueles nossos que igualmente sofreram. A critica era, portanto, mais para nós próprios do que para os outros.
Dir-se-á que a política de então era errada. Tudo bem; nem sequer vou discutir o assunto, não interessa. Sofreram. E não vejo os nossos primeiros a saudar os nossos sofredores com igual entusiasmo. Nem qualquer tipo de reconhecimento. Isto, caro PC, em lado nenhum pode ser considerado uma visão do passado que não tenha futuro. Isto nem sequer quer ter futuro, para além do respeito por aqueles que sofreram. Mais nada.
As relações entre Angola e Portugal deverão ser magníficas, temos de lutar por isso e temos para o fazer até bastantes responsabilidades (desde logo porque a população está a viver muito pior do que vivia há 30 anos atrás e a culpa é nossa).
Mas se queremos honrar os seus heróis, honremos também os nossos que, mesmo descrendo na política - como dizem - honraram bandeira e o país e deram o seu melhor. E isso não é aqui feito. Angola não tem culpa, como é evidente, mas não o fazemos e foi por isso que chamei a atenção para o assunto.
No mais, pouco há a dizer; era difícil discutir neste espaço restrito as resoluções da altura das Nações Unidas ou os donos da verdadeira responsabilidade pelos confrontos. Aliás, caro PC, já o fizemos variadíssimas vezes e nunca estivemos de acordo.
Quanto às desculpas de S.S. o Papa pelos actos da Igreja ou à a homenagem dos Alemães ao povo judaico (esta então é até ofensiva) são coisas não comparáveis.
Por fim, uma confissão de amor: prefiro este governo a qualquer outro. Não posso é deixar de o criticar quando entenda necessário fazê-lo. Felizmente têm sido poucas vezes. Uma outra confissão: nunca lá fui, mas Angola deve ser um país fabuloso.
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