PORTUGAL NÃO SE DEPRIME: O diagnóstico está feito pelos populares e pelos comentadores. Recessão, incêndios, Casa Pia: Portugal deprimido. Então aí vai a opinião de um psi:
Somos um povo eminentemente histérico, o que desde logo aconselha cautela no diagnóstico de depressão. Um histérico, ou seja , um roubador de afectos, não se deprime. Para deprimir a sério é necessário reconhecer-se uma parte doente, e o histérico acha que o mundo é que é doente, porque é mau, intolerante, frio. O locus histérico, por seu lado, selecciona o terreno: só lhe importa o que lhe traz dividendos imediatos, embora tenha sonhos megalopatas. Os Portugueses desenvolvem uma olímpica indiferença por aquilo que não podem virar a seu favor, imediatamente: a cultura, a educação, a ecologia. Já o campeonato, uma vitória eleitoral, o vencedor do totoloto os atrai inefávelmente: imaginam-se, colam-se, sonham e vivem como se.
Nada deprime este povo, que usa permanentemente o passado como forma de desqualificar o presente:
* Tudo era sempre bom, dantes, cartilha dos velhos reunidos à mesa do café.
* Voltámos ao antigamente, cartilha dos trovadores inconformados com os rumos modernos.
É técnicamente impossível deprimir uma nação irremediávelmente atraída pelo seu umbigo.
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