PRIVATE LIES (ainda sem acentos):PG do Bloguitica e FJV no seu Aviz travam interessante discussao sobre os limites da invasao da vida privada das figuras publicas, nomeadamente dos politicos. A minha opiniao esta mais proxima da de FJV: considerar como justificacao para a invasao da esfera privada de um politico o facto de defender a nivel politico algo de diferente daquilo que pratica em privado, como faz PG, e perigoso.
Esta e uma discussao antiga: ja assisti a JPP argumentar com base na distrinca entre esfera privada e esfera intima, considerando esta ultima como sempre inviolavel e a primeira como eventualmente sujeita a ser exposta em casos excepcionais. Lembro-me tambem de ver Paulo Portas sustentar uma opiniao identica a de PG, aquando de debates televisivos apos a morte da Princesa Diana. A proposito do editorial de JAS que aludia a putativas situacoes destas, ja o nosso lobo do mar P.C. brilhantemente discorreu num post de 21 de Setembro.
Estando de acordo com FJV tenho ate sobre algumas questoes uma opiniao mais radical. Nomeadamente em todas as que estao relacionadas com relacoes afectivas, emocionais e opcoes e orientacoes sexuais: entendo que os politicos, como alias todos os outros cidadaos, teem direito a mentir sobre estas materias. Porque o que e ilegitimo neste caso sao as perguntas, a inquiricao, o voyeurismo. Desde que naturalmente nao estejamos na presenca de uma violacao da Lei.
Utilizar o criterio de PG seria permitir a invasao da privacidade alheia com base em juizos morais e politicos que produzem definicoes subjectivas, portanto individuais, daquilo que e uma diferenca de comportamento entre o que se defende em publico e efectua em privado. Seria sempre, como bem diz FJV, abrir a porta a moralizacao da vida publica por via da Imprensa. Entrariamos num periodo de perseguicoes e puritanismo hipocritas.
Salvaguardando o cumprimento da Lei e o natural respeito pelos direitos de terceiros, nao vejo porque nao poderao os politicos ter direito aos pequenos segredos e ate mentiras que fazem parte da vida quotidiana de todos os cidadaos.
Isto nao quer dizer que na nossa avaliacao subjectiva dos politicos, com base no que deles sabemos ou julgamos saber, na nossa intuicao sobre o que e genuino e artificial, nao possamos ter um juizo necessariamente negativo sobre notorios hipocritas morais. Mas ai temos bom remedio: nao votamos neles e tentamos, a nossa escala, combater esses sinistros personagens.
P.S. - Concordo que quem expoe a vida familiar em revistas tipo Caras se sujeita a aplicacao do ditado bem portugues, quem anda a chuva molha-se. Mas tal resulta de se ter aderido a uma logica mediatica que e em si perversa, nao legitima a devassa da vida privada.
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