REALITY: David Bowie foi para mim o grande génio musical dos anos setenta. Sempre na crista da onda, foi um corajoso pioneiro de sons e tendências musicais e precursor e origem de modas, visualmente associadas às personagens que foi incarnando naqueles tempos. Seria exaustivo enunciar o seu legado de obras ímpares tais como Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, The Man Who Sold the World, Hunky Dory, Alladin Sane, DIamond Dogs, Station to Station, entre outras (senão ainda acabo por referir todas!), que ainda hoje se mantêm actuais e sempre à mão em qualquer estante de CD's que se preze.
Já nos anos oitenta, Bowie editou um dos seus melhores álbuns - talvez o meu favorito - intitulado Scary Monsters, no mesmo registo de originalidade e genialidade dos anteriores, ao qual se seguiu Let´s Dance. Este último, embora não o coloque no mesmo patamar dos outros, foi igualmente precursor em termos de música dancing, sendo acima de tudo um excelente álbum para curtir a fundo, o que sem dúvida aconteceu naquela altura.
De então para cá, salvo uma ou outra música dispersa como por exemplo as dos filmes Cat People e This is Not America ou mesmo a esforçada Blue Jean, já não encontramos nas músicas de Bowie dos últimos vinte anos aqueles rasgos de originalidade, de ruptura e de genialidade que antes marcaram a sua carreira.
O seu mais recente álbum Reality - de resto, tal como o anterior Heathen - é bem a prova disso mesmo. E a triste realidade, por muito que me custe afirmá-lo - e com o devido desconto do ressentimento causado pela inevitável comparação com as suas obras maiores - é que o filão criativo secou. De todo.
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