SEMPRE II: A língua e o olhar vestem-se de uma serenidade maldosa na pessoa que sabe que vai morrer. Como quem diz, é a hora de os rapazes se tornarem homens. Uma leitora ( a Sofia) apanhou-me hoje a meio sótão, entre corujas, contente por haver quem leve uma palavra ao moribundo e amigo. Decerto há obrigação, profissão até no meu caso, mas sobretudo cobardia. Houvesse a possibilidade de desligarmos quem nos incomoda em agonia de osga, e não hesitariamos.
O festival dos cadáveres, mantidos em piloto automático só pode suscitar um desejo, claramente o de apanhar um avião com piloto em carne e osso e desaparecer.
Mas, e por isso a morte vagarosa é das últimas réstias de abnegação e esforço que nos resta, não podemos desaparecer assim tão fácilmente. Não há tempo para o Prozac, para o circo, para a bola. Somos obrigados a assistir ao espectáculo que não queremos, numa altura em que os escolhemos a todos. Voltamos ao tempo dos elefantes, que em volta do marfim, organizam a memória dos outros.
Mar de opinioes, ideias e comentarios. Para marinheiros e estivadores, sereias e outras musas, tubaroes e demais peixe graudo, carapaus de corrida e todos os errantes navegantes.