A UNIVERSIDADE, A "SOCIEDADE CIVIL" E AS LENTILHAS: Ontem li o comentário do Catalaxia a propósito de uma notícia do Expresso sobre uma "homenagem da Universidade de Coimbra a Dias Loureiro". Não li a notícia do Expresso, mas, segundo o vetusto Diário de Coimbra, a cerimónia em causa destinava-se a apresentar uma obra editada pelo Arquivo da Universidade, da autoria de alguns investigadores seus, sobre os lentes que passaram pela Universidade desde 1290; do que entendi da notícia, Dias Loureiro teria financiado o projecto, e não só a publicação da obra, pelo que seria homenageado, como mecenas, no acto do lançamento.
Confesso que fiquei algo surpreendido com o tom do post do Catalaxia, que, depois de tecer algumas considerações sobre o percurso profissional de Dias Loureiro, acaba assim: "Espantados? Não há razões para isso: pobre e mal paga, a Universidade portuguesa é veneranda [sic] e agradecida a quem lhe faz bem. E os pergaminhos académicos, a tradição, o distanciamento e a elevação próprios de quem só vive para a Ciência, de nada valem com o estômago vazio. Que se danem! Venha mas é daí um bom prato de lentilhas". Desconfio que, se em vez de Dias Loureiro, o mecenas fosse o desconhecido Sr. Loureiro Dias, o Catalaxia era capaz de se regozijar com o evento, apresentando-o como exemplo de "abertura" da velha Universidade pública à chamada "sociedade civil", tão justamente reclamada por aqueles que lhe criticam o anquilosamento e a incapacidade de encontrar recursos fora dos fundos do Estado. Mesmo que esses recursos sejam um prato de lentilhas.
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