EXPLICAÇÕES E ARROGÂNCIA: Como diz o povo, por vezes no melhor pano cai a nódoa. O José Mário do excelente BdE escreveu este infeliz post sobre a entrevista da Margarida Rebelo Pinto ao Independente.
Eu não conheço a senhora. Nunca passei os olhos por mais do que a capa dos seus livros (minto, folheei apressadamente um). Não sei, portanto, se é boa literatura ou uma boa porcaria. Não discuto as recensões e críticas literárias que lhe fazem: parto do príncipio que são feitas de boa fé, nomeadamente as do José Mário, que sigo com alguma atenção, com qualidade e seriedade. Talvez por efeito das críticas, talvez por falta de tempo ou de interesse não me parece que vá tão cedo suprir esta pecha na minha formação cultural. Reparo que a senhora tem tendência para frases bombásticas, mas isso pareceu-me sempre ser mais fruto de uma estratégia de promoção dos livros e da sua pessoa do que de outra coisa qualquer. Se isto é mau, pecado ou mercantilização de baixa cultura e deve ser criticado por um crítico literário, por mim tudo bem. O problema começa é quando não se põe um travão às associações de ideias.
No final do post do José Mário, fugiu-lhe o pé para a arrogância cultural da esquerda que ele (justiça lhe seja feita) nem costuma usar: Será que os perspicazes leitores do BdE adivinham quais são os únicos políticos de quem Margarida gosta e em quem confia? Pois é melhor prepararem-se. Estão mesmo preparados? Então cá vai: Mota Amaral, Santana Lopes e, «curiosamente», Manuela Ferreira Leite (por causa da «firmeza»). Isto, como é óbvio, explica muita coisa. Sendo um dos leitores perspicazes (as palavras, que agradeço, são dele) e admirador do BdE, há no entanto algumas coisas que me escapam. Por isso pedia ajuda ao José Mário: o cantor popular (ou pimba) Toy é ou foi recentemente deputado municipal pelo PCP, isto explica alguma coisa (muita ou pouca?), sobre ele e sobre o PCP ? A Ágata e a Micaela participaram em muitos comícios do PS e fizeram juras de amor eterno a este partido, o que é que isto nos diz sobre elas e sobre o PS ? Será que estas presenças não irão inibir o Bloco de Esquerda de se coligar com estes partidos ? Não será isso uma cedência inadmissível no gosto elevado, na postura cool e no vanguardismo estético que caracterizam esse heróico grupúsculo, que se prepara para certamente liderar, primeiro a nova esquerda e depois o país?
Enfim, a arrogância intelectual da esquerda continua lá. Nós por vezes esquecemo-nos, mas de repente eles descontraiem-se e lembram-nos quão snobs e elitistas, politica e culturalmente falando, são. O que não deixa de ser engraçado e paradoxal, vindo dos putativos defensores do povo... Talvez isto explique alguma coisa.
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