FILMES: Assisti recentemente (por acaso de forma involuntária) a um filme indiano, com um enredo engenhosamente diabólico. Começava por ser uma história de amor entre uma "fidalga" e um salteador que, entretanto se convertera aos bons costumes, tentando convencer todos - noiva incluída - da sua nova faceta asceta. Finalmente (pensava eu, na minha ingenuidade, após mais de uma hora de filme!), o dito rapaz consegue convencer toda a gente da sua neo nobreza e avança para o casamento. No entanto após consulta no médico, vem a saber que sofre de leucemia e que só terá dois meses de vida. Demonstrando um carácter à prova de bala, decide não comprometer o futuro da sua amada (de viúva inevitável), poupando-a ao desgosto da sua morte mediante a denegrição da sua imagem, por forma a não deixar saudades neste mundo. Para o efeito, contrata uma amiga com ar de meretriz que, no meio do casório, decide relatar à noiva uma série de patranhas sobre o supostamente condenável comportamento do noivo. Todos os compromissos se desfazem, no meio de prantos indescritíveis. Entretanto, o ex-noivo é contratado pelo ex-sogro para matar um escroque que o submete a chantagem, com o argumento de que não tem nada a perder e que, desse modo, impedirá a morte dele, o pai da sua amada. O ex-noivo acaba por aceitar, mas é apanhado ao tentar matar o chantagista - que é de facto apunhalado por outro. Como uma desgraça nunca vem só, a ex-noiva, ao saber da verdade e perante a (falsa) morte iminente do seu amado atira-se por umas escadas abaixo.
Tudo vem a resolver-se a contento. A ex-noiva recupera a saúde, o ex-noivo a liberdade, o verdadeiro escroque - o ex-sogro! - vem a ser abatido pelo líder da quadrilha do chantagista - anteriormente falecido - o qual se vem a revelar um homem de bem e... irmão de sangue do ex-noivo (!), que afinal está são como um pêro, uma vez que a leucemia tinha sido inventada pelo médico a soldo do ex-sogro que, por sua vez, também "arrumou" aquele.
Infelizmente, não é preciso ir à India para encontrar argumentos destes. Ainda recentemente, assisti a uma peça sobre um falso psiquiatra, testemunha num sórdido processo judicial, sobre um crime horrendo, no meio de um enredo a fazer lembrar O Polvo, com manobras políticas à mistura, blá, blá, blá...
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