ISTO SIM, ERA BONITO: Al Gore está de volta e em forma. No passado domingo efectuou este discurso na American Constitution Society a convite da Move On, organização de dinamização política ferozmente anti-Bush. Foi uma das críticas mais bem articuladas que ouvi à actual Administração. Sobretudo porque não foi centrada tanto na crítica à política externa, mas nos limites às liberdades individuais que o Patriot Act e outra legislação anti-terrorista têem imposto. Este é um discurso muito eficaz, num país em que a esmagadora maioria dos cidadãos desconfia do Estado e do Governo e é tendencialmente libertária.
O Daniel Oliveira do Barnabé manifestou o seu agrado em ver Hillary na corrida à Casa Branca. Pois aqui vai um conselho de borla. Acho, a medir pelo que vi no domingo, que um Al Gore com um regresso em força daria muita luta a George W. Bush. É certo que continua a parecer um computador (debita dados e números a uma velocidade acima da capacidade de qualquer outro comum mortal) e talvez lhe falte capacidade de comunicação emocional, de sedução e insinuação. Mas foi brilhante na forma como criticou a Casa Branca, evitando expôr-se ao ataque de anti-patriotismo - por exemplo, revelou-se em discordância com a intervenção no Iraque, mas foi muito claro ao afirmar que retirar agora seria pior - e criticando Bush pela parte mais frágil da sua agenda política: até que ponto a fobia com segurança começa a afectar as liberades individuais nos EUA.
A sala estava obviamente cheia de gente que ainda não engoliu o resultado de 2000. Acompanhou os momentos finais do discurso com apelos à sua candidatura. Se, como diz o povo, o homem os tivesse no sítio, então sim teríamos uma interessante campanha até Novembro de 2004.
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