MAIL I: Não posso deixar de agradecer aqui, publicamente, a excelente mensagem que nos foi enviada via mail pelo nosso amigo e leitor, Tiago Reis Marques, com a frase de António José de Almeida, enquanto estudante, sobre El-Rei D. Carlos.
Para fundamentar várias das minhas opiniões sobre os estudantes, jamais encontraria exemplo tão eloquente, tão preciso, tão consistente. A frase constitui, com efeito, uma ilustração de perfeição fotográfica de como os ditos dos estudantes não podem ser levados a sério e constituem a maior das irresponsabilidades (confesso que, na minha opinião, TRM terá ido um pouco longe demais: entendo que os estudantes, na sua maioria, são pessoas sérias, instruídas, conhecedoras, e que afirmações abjectas e falsas como estas que nos relatou só estão ao alcance de alguns, muito especiais, como António José de Almeida. Não obstante, nos dias de hoje, vemos ainda muito estudantes que gostam de proferir disparates semelhantes e, por isso, compreendo a intenção de TRM ao enviar-nos este magnífico exemplo).
Mas isto leva-nos a várias reflexões. Para quem não saiba, El-Rei D. Carlos foi dos melhores monarcas que este país teve, muito superior (na minha opinião) a qualquer PR que tenhamos tido: tratou-se de um Rei instruído e conhecedor, de um desportista, um artista (pintor de reconhecido mérito, dominando as novidades da Arte na época); era um cientista, tendo subsidiado, realizado e colaborado em inúmeros estudos sobre o País, designadamente oceanográficos e de cartografia; era um apaixonado pelo País e pelas suas gentes, tendo tido importante intervenção nas colónias portuguesas e na sua pacificação - e isto para só o descrever pela rama.
Herdou, infelizmente, uma nação em crise, interna (economia e instabilidade política) e externa (ultimato inglês), onde existiam alguns imbecis que o apupavam livremente, como nos dá conta TRM. Talvez por isso se lamentasse por diversas vezes, como daquela que os republicanos gostam de recordar.
Mas, realmente, só numa choldra é que um monarca deste calibre e categoria, que ainda aboliu a pena de morte e era reconhecido unanimemente por constantemente amnistiar os seus inimigos, pôde vir a ser bárbara e cobardemente assassinado por dois republicanos que, de outro modo, nada conseguiriam para a sua meia dúzia de súcias. Assassinado.
Quanto a António José de Almeida, ficou (terá ficado?) na História - feita, convém sempre recordar, pelos vencedores (embora possamos, neste caso, considerá-la fidedigna) -, em pé de página, por ter proferido em estudante umas enormidades alarves sobre uma figura de categoria superior e por ter sido um dos piores PR's que este País teve de aturar.
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