PORTUGAL NO MUNDO: Aqui há alguns dias atrás tive a honra de ser convidado para a comemoração dos 150 anos das Indústrias Ramirez, ultimamente muito noticiada na comunicação social como exemplo de empresa portuguesa de sucesso e de qualidade.
Discursava, com a eloquência e o conhecimento que já nos habituou, o Senhor Professor José Hermano Saraiva que, de entre muitas outras coisas novas, nos relatou uma que me fez ficar envergonhado dos portugueses. Dizia o conhecido Historiador e Jurista, louvando a festejada, que esta sempre tinha respeitado os padrões de qualidade e seriedade necessários a quem desta arte faz vida, e dava exemplo do contrário recordando industriais portugueses de conservas que, durante a 1ª Guerra Mundial, forneciam aos soldados da sua própria nacionalidade e aos nossos aliados latas de conservas que continham, ao invés de atum e sardinhas, talos de couve!... Achei repugnante! Parece que, mais tarde, o Governo Português teve diversos e naturais problemas com o assunto e, como é evidente, os industriais de conservas portugueses, mesmo os mais sérios, tiveram enormes dificuldades para se imporem ou mesmo para se aguentarem no mercado mundial e se manterem no comércio destes produtos, com manifestas consequências negativas para todo o país, nos mais diversos ramos. Faltava-nos credibilidade.
Anteontem, tive oportunidade de ouvir uma notícia segundo a qual alguns taxistas portugueses aldrabavam os turistas aquando da sua chegada ao Aeroporto de Lisboa (no Porto ou em Faro não será muito diferente, infelizmente...). Parece que é esta a imagem que damos do nosso país a quem cá chega.
Hoje, acordei ao som da notícia de que a Selecção Sub-21 teria estragado e mesmo vandalizado as instalações do Estádio onde a mesma tinha feito uma exibição excelente e de resultados fantásticos. Dir-se-á que eram franceses, que o mereciam; que os nossos eram jovens, que teriam conquistado o direito aos festejos; que os franceses teriam perdido, e daí o distraírem as atenções mundiais com coisas menores; que os estragos eram materiais, ao contrário do coice do jogador francês ao nosso. Não me importa, nada me importa: hoje como ontem, tenho dias em que não me orgulho nada da imagem que damos de nós ao resto do mundo. E, hoje como ontem, a imagem negativa que damos ao mundo de nós afecta negativamente os nossos melhores. Afectando-os, afecta-nos a todos. Negativamente. Muito negativamente.
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