POSICIONAMENTO: Quando for grande, quero posicionar-me!
Aquela palavra reflecte o essencial da atitude dos nossos dias nos diversos ramos de actividade, com especial ênfase na política. Poucos políticos defendem aquilo que acreditam. Toda a carreira é feita de atitudes que posicionam o "atleta" para o patamar seguinte, mesmo que à custa de sapos gigantes pelo esófago. Com a beleza adicional de conferir um carácter provisório a qualquer aparente "tomada firme", desde logo desculpando qualquer subsequente desdita ou qualquer disparate anterior. Mas, embora não seja um exclusivo dos políticos, o seu posicionamento é talvez o menos desculpável.
Acreditando que temos o que merecemos, verificamos que o fenómeno é transversal e afecta a totalidade das categorias profissionais na nossa sociedade. Poucos são o que gostam e todos se posicionam provisoriamente na situação corrente, como trampolim imaginário para algo sonhado, quanto mais não seja por uma questão de imagem.
Infelizmente, esse posicionamento - esse suposto trampolim para a realidade almejada - é invariavelmente o cais de chegada. E, por mais miserável ou frustrante que seja, é aquele com que a maioria das pessoas vivem e aprendem a viver. Permanentemente. Até ao ponto em que, chegado o último grau de "posicionamento", apenas podem contar com os seus governantes para a melhoria relativa do seu "posicionamento".
É nessa altura que verificam que os líderes políticos que supostamente os representam também padecem da mesma maleita, mas num grau patológico insuspeitado. E aí, na evidência da falta de forças - endógenas e exógenas - para o salto seguinte, pouco mais resta do que a esperteza saloia.
Felizmente, o "posicionamento" é apenas um desporto.
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