PROPINAS II: A resposta à questão anteriormente formulada não deve andar longe disto: como o aluno do ensino superior público paga de propina a módica quantia de (no máximo, repise-se) 14 contecos, pode dar-se ao luxo de passar a vida em conflitos ao invés de estudar.
Acontece que ele apenas paga pouco porque há muitos contribuintes que lhe pagam a diferença. Se, numa Faculdade de Direito pública, um aluno paga menos de 14 contos mensais quando, numa igual Faculdade privada paga 50, é porque nós, contribuintes, os patos desta história toda, pagamos mensalmente pelo menos 36 contos! E isso justificar-se-ia plenamente se o aluno em questão andasse sossegadinho e agradecido a estudar mas já não quando anda a perder o seu tempo em manifestações.
Depois, claro; como paga pouco de propinas, dá-se ao luxo de ter 6, 7 ou 8 matrículas sem que se veja o fim do curso; ou de andar de curso em curso, de História para Direito, de Direito para História, de Física para Química, num rodopio constante. Assim é evidente: quem passa na Universidade o dobro do tempo do que aquele que seria necessário para tirar um curso, naturalmente que no final paga um bom bocado mais em propinas (e alojamento, comida, roupa e discotecas). Mas o valor do que paga não se aproxima - sequer ao de leve – daquele que os restantes contribuintes têm de pagar para que o menino passe, todo contente, nessa vidinha, 8, 9 ou 10 anos.
Muito naturalmente, alguns alunos são também contra as prescrições. Compreende-se: a haver prescrições a sério eles não podiam gozar convenientemente “o tempo de estudante...”
O que, em boa verdade, deveria acontecer era que ao fim de dois anos (e estou a ser bonzinho) após o tempo necessário para tirar se o curso, o aluno que não o conseguisse (por razões que não se prendessem com doenças ou outras do género, excepcionais) deveria ter de pagar não só a propina máxima como o seu custo exacto e real na Faculdade em questão.
Não faz sentido que um aluno tenha direito a benefícios e regalias quando não cumpre aquele objectivo para o qual nós, contribuintes, pagamos os nossos impostos. E é inconcebível que um aluno que se preze não seja a favor das prescrições!
Queixam-se os alunos das propinas; e alguns andam anos em manifestações, atrasando os seus cursos e sobrecarregando os seus pais e os restantes contribuintes que não os conhecem, não querem conhecer, e ainda têm de os pagar, aturar e, muitas vezes, de chegar atrasados ao trabalho com que os pagam porque os rapazes resolveram cortar uma rua ou uma ponte, ou porque puseram cadeados não sei onde, qualquer coisa desse género. Onde está a justiça desta luta?
A justiça encontrar-se-á quando milhões de contribuintes vierem para rua, numa grande manifestação, exigindo as prescrições e gritando, bem alto: NÃO PAGAMOS! NÃO PAGAMOS MAIS!
E passarmos a pagar apenas aos que o mereçam.
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